Pois bem, geralmente o terceiro capítulo de uma franquia é o fechamento dela, correto? Para os filmes de John Wick, não! Alguns vão falar que isso é um tremendo spoiler de "John Wick 3 - Parabellum", porém não acredito que seja, pois já sabemos que desejavam transformar a franquia em série faz tempo, e talvez por terem filmes de digamos "baixo"(US$55 milhões) orçamento que rendem bem mais do que uma série, então porque não fazer vários filmes e ir lançando nos cinemas? Certamente essa é a mentalidade dos produtores, e agora após conferirmos esse que esperava ser o fechamento da série, com algo pré-moldado para acabar, e deixarem um novo mote para que John continue atirando ficou bem evidente o ensejo deles. Não digo que isso seja ruim, pois como todos sabem, prefiro ver filmes, então irei ficar feliz conferindo a cada dois anos mais ou menos uma nova saga bem trabalhada, coreografada, e que vai nos divertir com muita luta, tiros, e tudo mais que a saga propicia, encontrando sempre um bom começo, meio e fim de episódio, aonde aqui praticamente foi uma extensão do anterior, que quem não viu acabará um pouco perdido, mas que no miolo já estará completamente inserido no que anda ocorrendo. Ou seja, falar que é um filme ruim é algo somente para quem não gosta do estilo, pois claro que desejava um pouco mais de história, mas é tanta ação, tanta coreografia desmedida (na cena dos ataques com cachorros não sei como fizeram para que eles não comessem realmente os figurantes!), que ficamos algumas vezes sem ar, e o resultado, é algo que quem seguir a série completa irá gostar do que verá.
O longa nos mostra que após assassinar o chefe da máfia Santino D'Antonio no Hotel Continental, John Wick passa a ser perseguido pelos membros da Alta Cúpula sob a recompensa de U$14 milhões. Agora, ele precisa unir forças com antigos parceiros que o ajudaram no passado enquanto luta por sua sobrevivência.
O famoso ex-dublê Chad Stahelski que está dirigindo a saga desde o primeiro filme, continua com suas diversas lutas coreografadas, muitos (mas põe muitos nisso) tiros de todo tipo de arma, facadas para todos os lados, cachorros atacando, e claro muita ação para que seu estilo fosse mostrado do começo ao fim, e não digo que o diretor tenha errado, pois claramente fica determinado que ele se entrega ao que sabe fazer, não exigindo grandes atuações expressivas dos seus atores, mas sim que eles coreografem da melhor forma as diversas lutas de mão, que quebrem tudo ao seu redor, e que o filme flua como se fosse uma grande batalha de videogame em busca de um chefão maior para o próximo confronto. Ou seja, se já no segundo filme haviam esquecido de criar diálogos mais contundentes e determinar um seguimento da história, aqui colocaram algo completamente de lado, e deixaram que a ação comesse solta, acertadamente bem colocada como ponto alto da franquia, e assim sendo, quem quiser ver boas lutas e tiros saberá que esse é seu filme, e sempre que for lançado um novo irá aos cinemas conferir. Portanto, até posso falar que possui uma história de fuga do protagonista, tentando salvar sua vida, da caça de todos da Alta Cúpula após cometer um crime em lugar proibido, procurando ajuda dos que lhe devem favores, mas só isso não possui tanto elo para ser uma história bem trabalhada, apenas servindo de base para que o filme não fique frouxo, e assim poderiam ter trabalhado até um pouco mais.
Quanto das atuações, sem dúvida alguma Keanu Reeves pegou esse papel de John Wick lá em 2014 para ser seu maior desafio coreográfico, e não vai abandonar ele de forma alguma, pois o ator que gosta de muito tiro, e muita luta corporal, sempre optando por trabalhar sem dublês, encontrou aqui junto do diretor que já foi dublê também, a chance de poder fazer diversos filmes batendo muito, pulando, se jogando, e claro se machucando também, num resultado preciso e impactante, de forma que nesse novo filme ele se doou tanto que é notável sua cara cansada em determinadas cenas, afinal tiveram algumas lutas de constantes sequências bem fortes, e o resultado é um show no que dependeu dele. Ian McShane nos entrega novamente seu Winston, imponente, determinado, e com bons trejeitos para com os atos que lhe foram solicitados, demonstrando bem mais diálogos para serem usados caso precisassem, mas com uma classe única disponível para cada momento ele se impôs e agradou bastante. Asia Kate Dillon certamente foi a personagem com mais falas no longa como A Juíza, e com interpretações bem fortes, cheias de imposições expressivas, a atriz acaba entregando bons momentos na trama, o que agrada bastante. Halle Berry veio com uma Sofia determinada, que aparentemente só seria mais uma simples e efetiva conversa dura, mas que na sequência quando pega a arma com seu cachorro, ela põe pra jogo muito impacto coreografado e agrada bastante também, ou seja, agradou bastante também indo pelo caminho do protagonista, de modo que suas cenas acabam empolgando na medida certa. Laurence Fishburn já tinha se mostrado perfeito como Bowery King nos outros filmes da série, e aqui ele entregou alguns atos bem colocados, algumas cenas fortes, e até dialogou de maneira contundente com a juíza, mostrando algo a mais. Dentre os demais, todos se doaram um pouco em seus atos, chamando a atenção que devia, mas sem muito impacto, fazendo quase uma figuração de luxo bem trabalhada, e entre eles tivemos os destaques de Anjelica Huston como a Diretora, Lance Redick como Charon e Mark Dacascos como Zero.
Sem dúvida alguma a maior parte do orçamento ficou a cargo da direção de arte, que teve muitos vidros quebrados, motos voando em corridas, armas e mais armas para todo lado, e claro ótimos figurinos de ternos que devem ser a prova de bala, já que muitos tiros nunca acertam os protagonistas. Com cenografias bem moldadas em diversas locações em Nova York e Casablanca, o filme teve nuances mais contrastantes durante a noite, e claro dentro do Hotel Continental que parece ser quase uma miragem, já que lá dentro cabem tantos ambientes diferentes e imensos que nem parece ser apenas aquele miolinho de duas ruas, mas o resultado funciona bem, e isso é o que importa. O longa teve digamos que pouco sangue se comparado com a quantidade de tiros e facadas que é dado, pois poderia ser daqueles que escorreria sangue pela tela, afinal o número de mortos é incontável, mas a fotografia um pouco escura acabou ocultando um pouco disso, e sendo assim o resultado funciona para não deixar o longa mais pesado do que já é.
Enfim, é um filme bem feito, que convence dentro da proposta que se colocou, mas que poderia ter um pouco mais de história, deixando claro que desejavam segurar as pontas para uma continuação. Como disse no começo, quem for preparado para um show de tiros e lutas, e esperando ver muita ação, não irá se desapontar nem um pouco com o resultado final, mas quem for esperando história certamente sairá bem triste da sessão. Sendo assim, recomendo ele com toda certeza para um grupo mais fechado, que irá se divertir a cada cena de pancadaria, pois quem realmente não for fã do estilo deve passar bem longe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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