Sei que filmes com crianças costumam ser cansativos, e muitas vezes até bobos demais, mas ultimamente alguns diretores tem nos premiado com longas bem intrigantes, cheios de aventura, e até contendo mensagens interessantes para que os pequenos consigam de com uma boa desenvoltura passar para o público mais velho, e aqui a Netflix entregou com seu "Fim do Mundo", um longa bem sagaz, que lembra bem as tramas adolescentes que nos encantavam na Sessão da Tarde quando éramos mais jovens, trabalhando um pouco de "Goonies", e tendo até boas referências aos atuais "Super 8" e "Jurassic Park", de modo que tudo soa como uma aventura heroica, aonde chega até ser bizarro que nada atinge os jovens enquanto soldados treinados, adultos experientes e todos mais morrem com uma rapidez imensa, mas tirando esse detalhe, temos boas cenas de ação, muitos tiros, explosões, efeitos estranhos, e até alienígenas bem feiosos que perseguem os jovens. Ou seja, uma trama ousada, cheia de estilo, que alguns podem até reclamar da simplicidade, mas de uma forma bem colocada acaba agradando bastante com o resultado final, sendo gostoso de ver, e interessante de acompanhar, mesmo com os devidos erros e exageros.
O longa acompanha quatro jovens de personalidade forte que formam uma improvável aliança quando o mundo é invadido por alienígenas. Juntos num acampamento de verão, eles superam medos, inseguranças e falta de experiência aprendendo a trabalhar como um time em defesa da humanidade.
Sabemos bem que o diretor McG gosta muito de cenas explosivas e filmes que trabalhe bem o conceito de aventura, e aqui não foi diferente, pois ele encontrou com muita sagacidade bons elos, características fortes para cada personagem (que em seus devidos momentos apresentam seus problemas familiares), e trabalhou cada momento com um estilo diferenciado para o momento, de modo que muitos chegaram até a comparar a ideia com a série "Stranger Things" por ter crianças desenvolvendo problemas, entrando em embates e outras coisas, mas como não vi a série não posso opinar sobre isso, então prefiro ir para outro rumo como citei no começo, comparando a trama com "Goonies" e "Super 8", que tiveram também crianças, bichos estranhos e uma evolução em cima de aventura e descobertas. Claro que aqui é algo bem menor do que esses dois grandes filmes, mas tivemos tão bons elementos sendo trabalhados, que até as coisas mais absurdas do roteiro acabaram não atrapalhando tanto, como viajar em aparentemente dois dias mais de 150km em meio a uma guerra, fazer situações ingênuas com ensejos morais, e principalmente o fator tiro falso que costumo falar muito em filmes de tiros, aonde o protagonista (no caso aqui os vários protagonistas infantis) sobrevive a ataques tão ruins dos vilões, que parece ter uma bolha para que tiros, garras e tudo mais não alcance ele, pois é impossível o que acontece nesse sentido. Sendo assim, o diretor foi ousado, foi criativo, foi maluco, mas principalmente soube encontrar aonde seu filme poderia ser encaixado, pois poderia ter qualquer rumo diferente a história, e certamente sairia algo ruim, e dessa forma ele ficou muito gostoso de acompanhar, sendo um grande acerto.
Agora embora cada ator tenha uma personificação diferente trabalhada na trama, cada um tenha seus devidos problemas, e tudo mais que certamente foi entregue na bio deles, poderiam ter trabalhado melhor a expressividade de todos, mas principalmente do protagonista maior, no caso Jack Gore com seu Alex, pois ser introspectivo, exageradamente nerd, e todas as vertentes de medo que o jovem possui podem ser mostradas com outras atitudes sem ser se enfiar debaixo de um boné e sumir praticamente da tela, e é isso o que o jovem ator fez, quase desaparecendo do filme em que ele é o protagonista, e isso é muito ruim de ver, pois faz com que o público até ache bonitinho o relacionamento dele com a garota da turma, podem gostar de suas atitudes de impacto, mas não se conectam com ele, de modo que se remover ele da tela, e assistirmos novamente o longa inteiro, não sentiremos sua falta, ou seja, o diretor precisava ter trabalhado muito mais a atitude dele para que o filme fluísse melhor com ele comandando a ação toda. Por outro lado, embora seja bem presunçoso diversos atos do jovem, Benjamin Flores Jr. foi completamente sagaz em suas cenas como Dariush, de modo que torcemos por ele no seu momento heroico, ficamos bravos com suas atitudes, mas principalmente nos vemos nele em meio a tudo o que acontece no filme, pois ninguém teria coragem de atacar aliens, e sim ficaríamos escondido onde ninguém nos visse, ou seja, foi determinante. A graciosa Myia Cech já tinha se mostrado bem introspectiva em "Mentes Sombrias", mas sempre determinada a aparecer, e aqui sua ZhenZhen fez exatamente o que o jovem protagonista tinha de fazer, agindo, encorajando, atacando, e claro pontuando com seu roteiro cheio de frases de efeito com determinação, de modo que acabamos bem conectados com seus atos, e torcemos até mais para ela do que para ele na hora do romance, e já com dois filmes fazendo quase o mesmo estilo de personagem, mostrou que sabe fazer bem, agora precisa ir para outros rumos. Agora é que precisavam de um dilema com números, e criar um quarto personagem, pois apenas três crianças não caberia no mote, mas outro que foi bem apagadinho na trama foi Alessio Scalzotto com seu Gabriel, que praticamente surgiu do nada, teve sua explicação, mas exagerou demais na pena que foi jogada para termos com seu personagem, e isso em um filme de atitudes soou bem morno, ou seja, poderiam ter colocado ele como alguém mais dinâmico, ou que criasse mais conflitos, pois aí sim caberia alguém diferente no grupo. Dentre os adultos, a maioria foi bem enfeite de tela, de modo que se amanhã me perguntarem qual outro personagem teve na trama, lembrarei da astronauta e do capitão que aparecem tendo alguma função, enquanto os demais, como a mãe, o pessoal do acampamento, e até mesmo o presidiário estranho praticamente nem surgiram na tela, o que é algo bem ruim de serventia em uma trama, ou seja, melhor não dar destaque para nenhum ator adulto.
No conceito artístico diria que a produção foi bem imponente, encontrou bem as locações para cada ato do filme, no melhor estilo de um "road-movie", exageraram um pouco na guerra, com os efeitos especiais trabalhando muitas naves, tiros, explosões, carros de guerra, mas tudo em prol de que o filme ficasse o mais expressivo possível dentro da ideologia de ação, e além disso, ainda gostaria de saber o tamanho do investimento que a marca esportiva Adidas pôs no orçamento do filme, pois em determinado momento do filme, o figurino marca com muita força a aparição dos símbolos na trama, de modo que chega a soar até exagerado o merchandising, mas tirando esse detalhe, todo o restante foi bem encontrado, só acredito que poderiam ter feito um alienígena mais bizarro, pois a mistura aqui soou algo meio que nada a ver, sem elos, além de naves parecendo mais algo de videogame, ou seja, poderiam ter ido por outros rumos.
Enfim, é um longa que não ofende, não atrapalha, mas que facilmente assistimos de uma maneira bem gostosa, passando bem rápido, entregando a proposta, e funcionando realmente como um bom longa de Sessão da Tarde, para toda a família conferir junto, rir de diversos atos, diversas referências à outros filmes, e principalmente não exagerar em forçar situações, de modo que não cansa, e como já disse isso em outros textos da Netflix, o principal objetivo da plataforma é esse de conseguir manter a pessoa assistindo, afinal mudar de filme é a coisa mais fácil que tem. Sendo assim recomendo o longa, claro que desejaria ver algo mais impactante, mas o resultado final foi gostoso ao menos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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