Chega a ser engraçado quando vemos que um tipo de filme começa a surgir com tanta frequência, e parece que esse ano é o ano da volta no tempo, aonde diversos filmes tem aparecido com ideias boas, mostrando que a ciência em si talvez possa um dia nos permear com essa tecnologia para que possamos corrigir algum erro ou tragédia no passado, tentando claro usar das tradicionais regras de não atrapalhar o fluxo temporal se comunicando com você mesmo, ou seja, algo bem difícil que sempre costuma dar muita confusão nos filmes. E eis que já é o segundo nesse ano que a Netflix nos entrega, tendo agora um apoio um pouco maior já que "A Gente Se Vê Ontem" tem a produção de Spike Lee, e só isso já gabarita o longa para que muitos fiquem interessados na possibilidade do filme ser interessante. E vos digo que a trama tem bem seu charme, possui bons momentos, mas não atinge nenhum ápice mais forte fora do tradicional, parecendo ser quase uma cópia de outros filmes, porém colocando racismo e crimes contra negros jogados ao vento, ou seja, a trama poderia ter ido além do simples, mas optou por ficar apenas no giro do tempo, e na mensagem social, o que acaba soando pouco demais para um filme, e singelo demais para tecnologia e envolvimento cultural.
A trama nos mostra que sendo melhores amigos na escola e prodígios em ciências, C.J. e Sebastian passam o dia trabalhando em sua mais nova invenção: mochilas que são máquinas do tempo! Mas quando o irmão mais velho de C.J. morre durante um encontro com a polícia, a jovem dupla resolve usar os aparelhos ainda não terminados em uma tentativa desesperada de salvá-lo.
O diretor estreante em longas Stefon Bristol já tinha rodado a sua história como curta-metragem em 2017, e ao mostrar todo o cunho social em cima da trama para o rei dos longas de cunho social Spike Lee, conseguiu o apadrinhamento para transformar a história de um simples curta para um longa mais amplo e cheio de detalhes, e dessa forma simples, porém com uma produção mais ampla, ele conseguiu criar algumas situações que digamos funcionaram bem, pois a trama vem com várias diferenças culturais já enraizadas, primeiro uma jovem cientista negra, que só de juntar as três palavras arrepia muitos rebeldes por aí afora, e só isso já faz o filme ser algo que chame a atenção, porém o diretor ao amplificar a história não ampliou muito as ideias, e seu filme parece um curta repetido em looping sem muito a apresentar, o que é uma pena, pois a história em si poderia ser mudada, criar outros vértices, mas acaba soando sempre como cópia de outros longas do estilo, que arrumam uma coisa, mas estragam outras, e sucessivamente vão revertendo e mudando. Ou seja, temos um filme interessante, mas que não vai muito além, embora cause desespero, pois ao final já estava reclamando com a TV falando para a menina fazer a coisa certa, ou seja, me fez ficar envolvido, e puto com o final que não foi o que esperava, mas foi uma escolha.
Os jovens atores Eden Duncan-Smith e Dante Crichlow foram bem colocados como C.J. e Sebastian, trabalhando olhares bem concisos de grandes amigos, encontrando trejeitos para buscarem seus anseios, e mesmo nos momentos mais desesperados foram coesos para não transparecer falsidade na forma de atuar, e isso mostra que estavam bem satisfeitos com o roteiro, e por já terem feito o curta, já sabiam bem aonde se entregar, ou seja, foram bem no que foi proposto, mas não avançaram para nada mais forte. Quanto aos demais atores, vale apenas alguns leves destaque para Astro (sim, aquele jovem rapper que vimos no X-Factor em 2011 se tornou ator!!) como Calvin que tem bons olhares para com sua irmã, mas serviu mais como referência ao descaso policial, de modo que seus trejeitos e diálogos nem foi muito usado. E como destaque negativo posso dar para Johnathan Nieves como Eduardo, um jovem que tenta ser menos bobo o tempo inteiro na tela.
Visualmente a trama também é bem simples, mas usa bastante da tecnologia, com mochilas cheias de elementos coloridos mexendo, óculos de realidade virtual sendo usado para manipular os testes, e ambientes claro recheados de pessoas, afinal o cunho social do produtor precisava ser mostrado com os guetos em festa, em revolta, e apenas casualmente vivendo suas vidas, de modo que o filme nem precisaria abordar tanto isso, mas foi colocado para realçar. Com efeitos especiais simples, para não custar um orçamento muito alto, tivemos alguns momentos até que levemente engraçados, mas interessantes de ver, mostrando quase um trabalho de faculdade, e com isso o resultado da fotografia acaba ficando bem bacana e cheio de símbolos bem colocados.
Enfim, é um filme que poderia ter ido bem além, mas que funciona de forma representativa maior do que é passado, e mostra o mais tradicional problema das viagens no tempo, o de bagunçar a linha e tudo dar errado. Vale uma leve conferida, para quem estiver querendo algo leve e rápido, mas não é daqueles que vai incrementar nada em sua vida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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