Tem vezes que precisamos peneirar nas indicações da Netflix, mas outras vezes alguns longas caem em nossas mãos como uma luva, pois se ontem reclamei muito do filme que vi no cinema pela falta de explicações, hoje com "A Perfeição" ou "The Perfection" como está na plataforma, o longa caminhava para um rumo bem estranho e nojento de modo que fiquei pensando o que será que é tudo isso, quando tem uma reviravolta explicativa tão impactante que chega a impressionar, e claro fazer com que ficássemos mais atentos ainda, então novamente começam a ocorrer coisas fortes e estranhas, para que novamente no ponto de ápice, lá vamos nós com outra reviravolta impressionante e bem contundente, de modo que muitos até podem reclamar do exagero expressivo do diretor em explicar tudo bonitinho, e revelar muito do que acaba acontecendo em centros de perfeições, quase como uma denúncia anônima, mas para isso, tivemos de ver coisas que sequer imaginaríamos em um longa comum. Ou seja, com uma trama bem densa, atuações bem precisas, e uma direção minuciosa de detalhes, a trama ousa e chama muita atenção, fazendo valer o pouco tempo que passamos conferindo, afinal o longa possui apenas 90 minutos, muito bem utilizados.
A sinopse nos conta que uma mulher que costumava ser considerada um prodígio do violoncelo passa a perseguir seu mentor e a nova pupila que é o centro de suas atenções, deixando sua busca por perfeição tomar um rumo sinistro.
O diretor Richard Shepard foi bem contundente na decisão que queria para seu filme, e felizmente surpreendeu a todos com as reviravoltas escolhidas, pois tenho certeza que se ele fosse redondinho seria apenas mais um no meio de tantos outros que denunciam situações fortes em instituições, que acabaria passando em branco, mas ao misturar doenças, amputações, e impactos quebrando a trama em capítulos, e principalmente revirando a história, indo para um rumo, voltando tudo e explicando, que acabamos nos impressionando, e até chega ser engraçado, que quando estamos prestes a desistir do filme por algum motivo feio, ou quando parece que vai cansar, o longa revira e acaba funcionando bastante. Ou seja, com uma estrutura bem diferenciada, o diretor conseguiu chamar a atenção e encontrar uma maneira própria de acusar e causar, o que é bem raro de ver em suspenses/dramas com pitadas de terror, o que fez de seu filme algo muito bem feito, e propício para o momento.
Sobre as atuações, posso dizer facilmente que todos os personagens possuem seu momento certo de virada, e que cada ator se entregou com olhares tão abertos que raramente ficamos sem saber o que vai acontecer em cada ato, e isso fez do filme ter algo muito além de tudo. Allison Williams já havia mostrado muita atitude em "Corra", que é outro filme de terror cheio de reviravoltas, e aqui chegamos ao ponto de odiar sua Charlotte em determinado momento, para depois se surpreender com ela, voltar a odiar, e terminar de forma bem empolgada com o resultado, ou seja, uma atriz, diversas facetas, e uma interpretação minuciosa fez com que merecesse ser aplaudida. Logan Browning se desesperou demais com suas cenas passando mal, de modo que chegamos até a passar mal junto de sua Lizzie, que teve cenas bem tensas em praticamente todos os atos, e que agradou com bastante personalidade. Steven Weber entregou um estilo bem pautado para seu Anton, e sua reviravolta nem é tão chocante, pois sabemos bem o que esperar do estilo do personagem, e certamente foi bem colocado em seu roteiro tudo para que ficasse pronto para cada ato, e entregasse com firmeza tudo, o que foi bem interessante de ver. Quanto aos demais, diria que todos foram bem figurativos, sem muito o que expressar, nem impactando para o bem, nem para o mal, de modo que apenas fazem parte do conjunto, ou seja, nem é necessário citar eles, pois todos foram bem enfeites.
A equipe de arte brilhou ao criar a casa/escola de música do protagonista, bem rica em detalhes, e cheia de intencionais elementos, que deram o tom mais ao final da trama, e também escolheu bem alguns elementos da viagem das protagonistas para que se ela queria algo bem longe da primeira classe, ficasse com algo de nível de última classe, com um ônibus bem precário, com figurantes estranhos, comidas estranhas, locações bizarras, e tudo mais para que o conteúdo do filme tivesse uma boa colocação, e acertadamente colocaram ainda muitas coisas nojentas nos vômitos para que o terror impregnasse nessas cenas, ou seja, uma montagem cheia de elementos cênicos bem colocados para cada ato funcionar como deveria.
Enfim, é um filme tenso e bem interessante, que quem gosta do estilo ficará bem contente com cada momento forte, e que ao contar com tantas reviravoltas acabará se surpreendendo em todas as voltas de cena, ou seja, um filme que vai muito além do esperado, que até pode causar muito nojo pelos momentos de vômito, vermes, decepamento e muito mais, mas que vale a conferida com certeza para todos os fãs de bons suspenses, e sendo assim fica a dica de recomendação de um bom filme da Netflix, que não é perfeito, mas vale pelo resultado completo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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