É engraçado quando falamos do mercado de cinema chinês, que atualmente tem sido o responsável por explodir ou afundar de vez as bilheterias dos blockbusters milionários, pois sempre ficamos atentos aos valores que rendem os filmes americanos por lá, mas poucas vezes vemos os longas de lá que acabam explodindo nas bilheterias, afinal esses grandiosos cheios de efeitos raramente chegam aqui do outro lado do globo, já que optam sempre por mandar longas mais dramáticos ou lutas que o público já está mais acostumado, porém dessa vez não teve jeito, após um estouro imenso nas bilheterias do país e só perdendo para "Vingadores - Ultimato" e "Capitã Marvel" ao redor do mundo, eis que a Netflix comprou os direitos de exibição de "Terra à Deriva", e lançou em sua plataforma esse que pode ser visto como mais um filme catástrofe bem maluco, com ideias absurdas de salvar o planeta, mas que acaba empolgando pelo desenvolvimento entregue, de modo que acabamos curtindo cada momento, suas reviravoltas, e até mesmo sem entender alguns elos deixados, a trama resulta em um filme que lembraremos pela estética e pelo teor bem alcançado, e que assim como seus primos hollywoodianos fazem, esse também adota ao final o famoso bordão patriótico.
O longa nos conta que no ano de 2500, a Terra passa por um difícil período de sobrevivência enquanto o sol fica cada vez mais perto de seu desaparecimento completo. Para tentar salvar a raça humana, um destemido grupo de jovens enfrenta o desafio de restabelecer a ordem e embarca em uma viagem para fora do nosso sistema solar.
Diria que o diretor Frant Gwo bebeu de todas as fontes possíveis de filmes-catástrofe que já foram feitos para que ao basear-se na obra de Cixin Liu colocasse em prática tudo o que já vimos, mas que funcionasse para seu filme não ficar cansativo, nem repetitivo, e principalmente que ficasse original se comparado com outros, e embora tenha muitas referências, todas as situações acabam acontecendo com boas dinâmicas, interessantes movimentações cênicas, e principalmente brincando com a câmera ao oscilar de planos bem abertos para outros quase em close pegando toda a expressividade dos atores. Talvez o maior erro do diretor tenha sido se alongar em alguns momentos e acelerar em outros, parecendo que desejava até algo maior para sua produção (talvez uma série!), mas como filmes desse estilo costumam ter essa velocidade oscilante, o resultado acaba soando bem satisfatório, embora alguns atos pudessem ser minimizados para uma desenvoltura melhor aproveitada, mas se compararmos com o que vemos em outros longas orientais, acaba sendo um estilo próprio de mostrar o que é tão comum de vermos a forma patriótica americana, que aqui passa a ser algo mais familiar referencial, e isso cansa em determinados momentos, mas não chega a atrapalhar em nada o longa. Ou seja, com muita ação, com muitos efeitos, e principalmente com uma história digamos convincente para quem está acostumado com o gênero, posso dizer que a trama empolga e agrada, mas certamente o diretor poderia ter apelado menos em muitas cenas.
Todos os atores não deram seus máximos para os personagens, tanto que vemos algumas expressões meio que largadas durante todo o filme, mas diria que foram personagens bem colocados em cada momento, alguns com sacadas cômicas para divertir, outros trabalhando mais a seriedade, de forma que o contexto completo funciona, e claro que o destaque fica para o jovem Chuxiao Qu que deu para seu Liu Qi boa dinâmica, e um protagonismo do começo ao fim, mas que certamente poderia ser menos abusado em algumas cenas. Quanto aos demais, vale reparar apenas na imposição do general Wang Lei vivido por Guangjie Li que foi bem alocado quando entra na trama, mas que por ser duro demais, alguns podem acabar não gostando do que faz. Agora quanto à jovem Jin Mai Jaho como irmã do protagonista, podiam ter economizado melhor com a personagem, pois é um enfeite.
Agora como todo bom filme catástrofe, praticamente esquecemos que existem atores ruins e textos jogados para reparar claro no visual, e aqui embora muito do longa seja computação gráfica, tivemos carros interessantes, cenografias grandiosas para mostrar o lado de fora da Terra cheio de detalhes dominados pelo gelo, com grandiosas estruturas visuais e tudo mais, parecendo bem uma obra espacial, figurinos térmicos bem interessantes (mas não muito explicado os diversos lugares que os atores removem seus capacetes - parecendo ser erros inexplicáveis!), e claro muita coisa sendo destruída por terremotos, uma estação espacial bem luxuosa e claro uma cidade subterrânea cheia de detalhes, ou seja, a equipe artística trabalhou e muito para que o filme fosse rico em ambientações e elementos cênicos, que são usados ao extremo para funcionar dentro da loucura que o estilo pede, ou seja, uma bagunça visual que agrada demais quem gosta do estilo. A fotografia usou cores interessantes e diferentes do estilo, brincando muito com o azul para as cenas no gelo, e o vermelho nas cenas de fogo (que acaba ficando azul também pela queima de hidrogênio), e com essas ambientações quentes, a trama tem um ritmo mais frenético, não tendo quase pausas de respiro, o que funciona para uma boa ação, mas como disse sobre a forma dos diálogos, não abre brecha para que os atores pudessem atuar melhor.
Enfim, é um longa de proporções gigantescas que não deixa nada a desejar para os filmes do estilo feitos em Hollywood, que até possui os mesmos tipos de erros e acertos, mas que acaba empolgando pela síntese em si, e desapontando um pouco pelos exageros e furos que poderiam ser minimizados, mas como sabemos que filmes desse porte não ligam para essas falhas, já acostumamos e acabamos nos divertindo com o resultado, mesmo que pudéssemos esperar um algo a mais. Sendo assim, recomendo ele com ressalvas, apontando diretamente para quem gosta do gênero, não liga para absurdos técnicos e histórias exageradas, pois só assim para se apaixonar pela trama, pois caso contrário fuja, que é certeza de apenas reclamar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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