Existe um molde de filmes românticos que praticamente já sabemos quase tudo o que vai acontecer só de ver o trailer ou ler a sinopse, e esse é o famoso longa de coincidências, ou como muitos acabam nomeando: o destino ou acaso, e quando um filme se propõe a trabalhar com essa ideia, basicamente tudo vai floreando, pessoas se encontram, se apaixonam, e vivenciam tudo contra suas formas de vida determinadas por algo maior, ou seja, vão tentar lhe convencer que o amor é fruto de algo místico que estava pré-determinado a acontecer em determinado momento, e você terá de acreditar naquilo para se comover com a trama. Pronto, nem precisaria falar mais nada sobre "O Sol Também É Uma Estrela", pois resumi ele em algumas palavras, mas como o longa é baseado em um livro que estourou suas vendas, claro pela ideia bem passada, a trama foi montada em cima de algo que floreou um pouco mais, e com sínteses misturando imigração, racismo, e até oportunismo, o resultado acaba sendo um pouco maior. Claro que poderiam ter dado uma dinâmica mais envolvente para o filme não ficar tão morninho, pois embora o casal tente ser bem moldado parece a todo momento a falta de química entre os atores, e isso não é nada bom para uma trama romântica, ou seja, faltou as fagulhas de amor no ar, dar velocidade nas tomadas, e evitar ficar toda hora voando com imagens de drones, pois aí o filme teria 15 a 20 minutos a menos, mais emoção, e o resultado sairia lindo, mesmo com um final tradicional demais.
O longa conta a história de Natasha, uma jovem extremamente pragmática, que apenas acredita em fatos explicados pela ciência e descarta por completo o destino. Em menos de 12 horas, a família de Natasha será deportada para a Jamaica, mas antes que isso aconteça ela vê Daniel e se apaixona subitamente, o que coloca todas as suas convicções em questão.
Chega a ser até engraçado pensar que a diretora do filme é a mesma de "Antes Que Eu Vá", pois se lá Ry Russo-Young demonstrou ser singela nas atitudes, brincar com momentos leves, e conduzir sempre procurando uma química no ar, aqui a diretora quase nos força a acreditar no que está tentando mostrar, empurrando diálogos e situações completas para mostrar que o acaso/destino está em todos os atos/momentos da vida de uma pessoa, começando desde um escrito de caderno com a blusa, passando por um áudio no trem explicativo das torres gêmeas, depois mesmo prédio, mesmo tudo, até ir se deslanchando para um final completamente "acidental", que esperamos acontecer, e rola, ou seja, não digo que é bonito ver isso, que emociona os casais e pessoas apaixonadas, mas poderia ter ido mais leve nas coincidências, e brincado mais com a emoção dos atos, para que aí sim víssemos sua mão em ação. Ou seja, é um filme bonitinho, mas tem tanto -inho nos prefixos, que o resultado soa bobinho demais.
Quanto das atuações, pode até ser que os atores tenham sido escolhidos pelas características físicas semelhantes aos personagens do livro de Nicola Yoon, mas poderiam ter trabalhado mais a essência química entre eles, pois pareciam faltar com a emoção romântica que vemos em outros filmes do estilo, e embora ambos tenham feito expressões bacanas de ver, poderiam ter se esforçado um pouco mais para acertar nos motes familiares, e assim melhorar a emoção ao menos com seus elos. Tirando esse detalhe, posso falar facilmente que as escolhas de Yara Shahidi foi bem colocada pelo seu estilo cheio de desenvoltura e bem colocado que demonstrou em muitas cenas, porém sua Natasha tem um ar apaixonado pela vida funcional, com verdadeiras dinâmicas perceptivas, não caindo em desenvolturas amorosas fáceis, e sua virada é fácil demais, e quando ocorre já floreia com coisas tão além que não dá para acreditar, ou seja, poderia ter sido menos emocional, e mais vivida para agradar em alguns pontos, e tentar mudar os olhares em algumas cenas para focar mais na emoção do momento, sendo algo difícil de conseguir, mas se acertasse seria perfeita. O jovem Charles Melton certamente foi escolhido por ser o queridinho de muitas jovens fãs da série "Riverdale", e claro que isso faz vender ingressos, porém poderia ter se dado mais, se entregue na vivência poética de um poeta, que embora esteja pendendo para o que os pais desejam, ser um poeta é viver aberto ao mundo, e não duro como aparenta em tantas cenas, ou seja, foi simples e efetivo, mas não quis florear para não errar, e com isso não apaixonou a cena em si. Os demais praticamente todos são enfeites do acaso, tendo poucos elos, poucas falas, e pouca importância, tirando claro John Leguizamo com seu Martinez, que como um advogado conselheiro se entrega também ao acaso, e resulta bem nos seus atos, não sendo algo tão forte, mas sabiamente utilizado em muitas cenas.
No conceito visual, a trama tenta nos mostrar com muitas cenas em voos o motivo da paixão da garota pela cidade, pelo cosmos, e pela vivência em seus instintos de como Nova York pode ser inspiradora, e usando muito de quase um passeio pela cidade, a diretora entrega junto da equipe de arte locações simples, pessoas em movimento contínuo, ambientes bem preparados e muita representatividade, mostrando a cidade como algo maior em si, e quase como um objeto cênico do próprio longa, afinal é a vontade da jovem imigrante, e claro de todos imigrantes em si, e felizmente mesmo com poucos elos, o resultado transparece, e envolve, mas como todo bom filme romântico, faltou aquele momento de dar o brilho máximo, e tendo apenas uma cena assim bonita fotograficamente, o resultado não chega ao ponto correto que poderia ter.
Enfim, é um longa que poderia ter ido além, mas que transparece bem a alma do livro, e sendo um fenômeno de vendas, pode ajudar muito na bilheteria do filme, ou seja, muitos leitores acabarão indo florear sua mente para comparar com o resultado do longa, e acredito que acabarão gostando do que verão, pois passa longe de ser algo ruim, só poderia ser menos morninho e impactar mais nas situações fortes que possui na essência. Ou seja, recomendo ele, mas sem falar: corrão para os cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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