Quando alguns temas quando aparecem no cinema ficamos pensando se irão desenvolver realmente ou apenas jogar na tela e sair correndo, e aqui o longa "Um Ato de Esperança" tinha tudo para arrumar uma briga imensa com uma religião versus ciência/saúde, trabalhando questões legais, jurídicas e até trabalhar bem o outro lado explicando mais as ideias dos pastores e tudo mais, porém resolveram começar com um estilo novelesco por parte de uma briga de casal por falta de tempo no relacionamento versus trabalho, depois houve o julgamento bem rápido sobre a tensão criada, acontece uma leve reviravolta provável, e depois um caso de stalkeamento, ou seja, a trama que tinha um fluxo certeiro para debater acabou virando algo sem muitos rumos, que até emociona pela simpatia dos protagonistas e a vivência em cima do ato em si, mas longe de qualquer atitude mais própria em cima da trama que poderia vir a entregar um debate imenso, preferiram recair ao romance dramático usual, e isso certamente fez com que o longa soasse bonito até, mas sem nenhum rumo determinado.
A sinopse nos conta que com seu casamento com Jack em ruínas, a juíza Fiona Maye, proeminente membro da Alta Corte Britânica, tem em suas mãos uma decisão que pode mudar muitas vidas.
Pelo poder que a justiça lhe concede, Fiona pode obrigar um garoto que está entre a vida e a morte a receber uma transfusão de sangue, um procedimento simples, que pode salvar sua vida. Entretanto, ele se recusa a receber o tratamento por motivos religiosos.
Quebrando o protocolo, a juíza decide ir visitá-lo no hospital. Essa visita mudará para sempre não apenas sua perspectiva sobre a vida, como também despertará sentimentos que até então ela não se permitia experimentar.
Não li o livro de Ian McEwan, mas posso dizer facilmente que seu livro não abria tantos vértices quanto ao que o diretor Richard Eyre fez com sua obra no longa, pois faltou para o diretor escolher uma das temáticas para desenvolver melhor, deixando a trama virar quase um novelão com abertura para situações tão improváveis, que só não seguiu esse rumo por focar totalmente na protagonista, e assim ao menos manter a essência em cima dela, porém o diretor quis trabalhar tanto o conflito familiar, quanto o trabalho da protagonista, e quando adentrou ao vértice ao amoroso por envolvimento, passando pelo problema religioso, ele acabou se perdendo e exagerando, pois não seguiu nenhuma das linhas com a desenvoltura correta. Ou seja, não digo que o filme seja ruim por essa opção do diretor, porém acabou exagerando demais em linhas para seguir, e com isso acabamos o longa até emocionados pelo fechamento escolhido, mas com a sensação de que poderia ter trabalhado muito mais o relacionamento dela com o marido, poderia ter arrumado muito mais briga com os religiosos (e esses mostrado mais os motivos de não aceitarem aquilo, ao invés de 5 minutos no júri), poderia ter feito muitos outros julgamentos complexos, e até ter trabalhado um pouco mais as mudanças na vida da protagonista após o acontecimento, mas com tudo tendo um pouco de cada, o resultado fica perdido.
Agora sem dúvida alguma se tem algo que faça valer a conferida do longa é a atuação de Emma Thompsom com sua Fiona, de modo que a atriz entrega trejeitos fortes, mas que conseguem passar emoção, e nas cenas mais tensas ela se revela melhor ainda, seja cantando, seja dando sentenças, ou até mesmo passando o seu diálogo com a maior calma possível com um semblante sereno, ou seja, perfeita na medida certa para agradar. Fionn Whitehead já havia mostrado ser um bom ator em "Dunkirk", foi bem sagaz no longa interativo da Netflix, e aqui o jovem se entregou com um carisma bem interessante para com seu Adam, de modo que acabamos inicialmente gostando dele, mas com o andar da trama, ele acaba levemente exagerado, embora o personagem peça isso, fazendo com que alguns fiquem receosos quanto ao personagem, e sendo assim seu acerto foi bem colocado com bons trejeitos também. Agora ainda estou tentando entender o que leva um ator da qualidade de Stanley Tucci cair em um personagem praticamente jogado como o que faz aqui com seu Jack, sendo que até poderia ter algo a mais se o diretor trabalhasse a trama diferente, mas com o roteiro em mãos, o ator deveria ter opinado para mudar algo, ou escolher outro filme, pois o resultado foi bem fraco de ver, mesmo com diversas tentativas de expressividade suas. Quanto aos demais, vale destacar apenas as desventuras do assistente da protagonista vivido por Jason Watkins que foram bem engraçadas, mas ao mesmo tempo bem encaixadas nos atos e atitudes da protagonista.
A trama teve um ar simples, porém bem simpático por parte do desenvolvimento artístico, trabalhando bem o mundinho fechado da juíza, com suas idas ocultas por caminhos tortuosos rápidos de seu apartamento elegante, porém sem muitos detalhes, até sua sala dentro do tribunal, também bem simples e efetiva nos detalhes, na sequência uma cena de hospital de uma sala só, sem muitos detalhes, e indo mais ao final para duas cenas mais luxuosas, uma em Newcastle com um ambiente requintado mas pequeno, aonde ocorre uma pequena reunião, e chegando na festa natalina dos juízes e advogados aonde todos em traje de gala deram um tom mais rico para a produção, e tudo isso mostra o quão econômicos foram os produtores para que o longa tivesse uma boa contextualização, mas nada que almejasse uma produção grandiosa, afinal certamente viram que o filme não tinha nenhum vértice maior para seguir, e com várias nuances não poderiam gastar muito em todas.
Enfim, é um filme bem feito, no que se propôs, mas certamente se melhor direcionado para um rumo único, o acerto seria bem maior, e o resultado além de dar uma leve emocionada, agradaria muito mais. Sendo assim, recomendo ele com certas ressalvas, mas ainda assim vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...