É engraçado como acontecem as coisas no cinema, ultimamente tem vindo para o interior diversos filmes de terror russos, porém são dublados em inglês e legendados em português, coisa que já falei ser algo ridículo! Pois bem, cá está o Coelho vendo esse novo terror israelense (outro país que raramente surge algo no interior), e praticamente todo falado em inglês, aí o que você faz, começa a fazer leitura labial para ver se o que ouve é o que estão dizendo, e não vê nada de estranho, faz mais uma vez, e beleza, então vamos curtir o filme assim, e eis que ao final de "A Lenda de Golem" enquanto procurava informações dele no IMDB e subia os créditos, eis que aparece, professores de inglês, e treinadores de inglês nos créditos, ou seja, e está lá, realmente o filme foi gravado com atores israelense falando em inglês!! E depois falam que não tem como exportar cinema para os americanos, depois dessa nem falo mais nada!! Pois bem, dito esse desabafo, posso falar que é um filme interessante por trabalhar um tema religioso, no caso lendas mitológicas judaicas, com um certo ar de tensão do começo ao fim, mas que por não apelar para sustos prontos acaba soando meio que jogado, pois a todo momento parece que algo vai acontecer, mas apenas fica no parecer, pois quando são as cenas de morte mesmo, aí a explosão acontece aos nossos olhos, e digamos que a equipe exagerou um pouco na forma de acontecer, que mesmo sendo bem colocada e forte, poderiam ter pegado mais leve. Porém no geral o resultado soa interessante, e agrada quem gosta do estilo.
Desde que perderam um bebê, o que Hanna e seu marido Benjamin mais querem é tentar ter outro filho. Para tal, ela conta com a fé que tem em Deus, e por isso estuda diariamente a Torá, mesmo que na comunidade aonde viva essa prática seja restrita aos homens. Quando uma epidemia assola a região e a culpa recai imediatamente sobre os judeus, Hanna tenta usar de seu misticismo para convocar um golem, sem saber que a criatura é muito mais perigosa do que pensa.
Não conhecia o trabalho dos Irmãos Paz (Doron e Yoav), mas confesso que tentarei ver "Jerusalém" em breve, pois já estão desenvolvendo uma continuação, e aparenta ser algo bem interessante, e como o que entregaram aqui foi um estilo de terror bem colocado, cheio de detalhes tensos, com uma proposta moldada para cima de uma história realmente, vi um potencial bem encontrado para o gênero, ou seja, pode ser quem sabe que Israel vire um bom país para entregar longas de terror com conceito. Digo isso, pois o que fizeram em cima do roteiro de Ariel Cohen foi daquelas obras que nos deixa tenso durante todo o filme, e ultimamente isso tem sido bem raro, pois costumam entregar a tensão e ir aliviando, o que não ocorre aqui, pois mesmo tendo o ar infantil e materno envolvido, os diretores colocam o garoto como um ente forte, que só não nos pega desprevenido por ter o brinquedo com sininho, senão iríamos certamente pular da poltrona em muitas cenas, e isso é acertar a mão no gênero, saber como causar e não revelar a causa, ou seja, um grande acerto de ambos.
Sobre as atuações, não diria que tenhamos grandes expressividades, pois todos pareceram exageradamente sérios, apesar que a religião impõe um pouco disso, mas de certa forma os protagonistas Hani Furstenberg como Hanna e Ishai Golan como Benjamin foram bem coerentes nos seus atos, trabalhando trejeitos com bons tons, de modo que Hani ainda incorpora mais essência ainda ao colocar o lado materno para cima do garoto/coisa, com olhares de cuidados e muito envolvimento pela criatura, fazendo com que a química entre eles funcionassem bem, já Ishai incorporou bem o estilo machista básico, de que mulher tem de procriar e pronto, e foi pra jogo. O garotinho Konstantin Anikienko entregou um Golem bem sério, com olhares fortes e bem incorporados, de modo que mesmo sem dizer uma palavra sentíamos o que desejava mostrar, e sendo assim, agrada dentro da proposta. Quanto aos demais, todos soaram estranhos, mas fizeram bem seus momentos, com leves destaques para Aleksey Tritenko como o vilão Vladimir e Brynie Furstenberg como a curandeira Perla.
No conceito cênico a equipe de arte fez uma vila bem interessante, trabalhou bem os elos e máscaras da peste negra, e criou toda a simbologia necessária para que o filme funcionasse dentro do misticismo religioso que se propuseram a fazer, ou seja, um acerto didático, que até poderia ter fluído um pouco melhor, mas que no geral acaba envolvendo, sendo intrigante e resulta em bons momentos com tudo o que foi colocado na tela. Como todo bom longa de terror, trabalharam bem tons escuros, usando muito marrom e preto, com cenas escuras, mas sempre aparecendo bem pelo fogo das tochas e claro das nuances de penumbra escolhidas.
Enfim, um filme bem interessante, que certamente poderia ter ido muito além, e causado ainda mais, principalmente se não tivesse o chacoalho do garotinho, ou colocassem ele para matar mais do que já matou na telona, mas que funciona no que se propõe e não se estraga facilmente, fazendo valer a recomendação para quem gosta do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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