A Revolução em Paris (Un Peuple Et Son Roi) (One Nation, One King)

6/06/2019 09:33:00 PM |

Quando falamos da França, certamente lembramos das diversas guerras e revoluções que o país viveu, e aqui no longa "A Revolução em Paris" temos um momento revolucionário bem pontuado, mas que merecia um tratamento menos cansativo, ou quem sabe ser lançado diretamente para a TV como minissérie, pois é muito alongado, cheio de discussões politizadas, com o povo sofrendo e tentando mudar tudo, que é algo até bonito de ver, porém ao entrar no campo discursivo acabou que desanimou demais, resultando num filme visualmente bonito, porém aberto demais para conclusões, que ficamos meio que até perdidos de qual essência realmente desejavam passar, e isso numa obra completa é algo que não pode acontecer, ou seja, a trama possui história demais para ser contada em 2 horas apenas.

A sinopse nos conta que em 1789, sob o reinado de Luís XVI, o povo francês rebela-se contra a monarquia e exige uma transformação na sociedade baseada nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. A Revolução em Paris, cruza os destinos de homens e de mulheres comuns com figuras históricas. No coração da história, há o destino do rei e o surgimento da República.

A direção de Pierre Schoeller foi bem impulsiva ao ponto de trabalhar seu roteiro para mostrar bem o povo sofrendo, as situações o ocorrendo, além de mostrar que desde os primórdios os debates políticos nas câmaras dos deputados eram chatos e cheios de firulas, ou seja, poderiam ser minimizados no longa para que víssemos sim a opinião do povo sendo jogada para debate, mas voltando nisso a todo momento acabou que ficamos cansados e perdidos, pois são tantos os personagens que o diretor desejava mostrar que não chegamos a lugar algum com nenhum deles. Outro fator que o diretor poderia ter trabalhado mais foi com a desenvoltura visual, afinal o longa nos entrega o final da queda da Bastilha, mostrando as luzes do sol permeando a vila, e o resultado expressivo e até artístico da trama acaba soando bem encaixado, e isso merecia algo a mais.

Diria que esse filme é quase um encontro dos grandes nomes do cinema francês, pois aparecem tantos atores conhecidos de outros filmes fazendo pontas ou personagens principais, que acabamos olhando para um e falando acho que conheço esse, esse também, esse outro, e por aí vai, o que é bem engraçado, pois como todos são ótimos atores, foi fácil de encaixar olhares bem expressivos, trejeitos fortes e muita disposição para a tela, e como disse no começo, talvez em uma série maior cada um poderia ter sua história melhor desenvolvida o que agradaria bem mais. Sendo assim, tenho de dar destaque para Gaspard Uliel como Basile, que inicialmente parecia alguém jogado de canto, mas que vai sendo incrementado na trama, e tem cenas fortes bem desenvolvidas para chamar bastante atenção. Adèle Haenel também se entrega bem com sua Françoise, criando situações bem harmônicas, porém cheias de vida e vontade de crescimento, o que é bem interessante de ver. Olivier Gourmet faz um Tio carismático desenvolvendo seus copos de vidro, mas sempre armando bem o cenário político junto com seus próximos, e com olhares bem instigantes acabamos indo no seu ritmo. Louis Garrel faz um Robespierre imponente, com diálogos fortes e demonstrações cheias de traquejo, que chama bem a atenção. Agora um destaque negativo ficou para Laurent Lafitte como Louis XVI, pois soou fraco demais de expressividade, não sendo um rei imponente, e nem mostrando suas desventuras como ficou conhecido.

Visualmente nos foi entregue uma trama lindíssima cheia de detalhes, bons figurinos, e cenas de guerra bem colocadas, aonde a equipe artística certamente teve muito trabalho nas reconstituições da época, ousando em criatividades e cores bem corretas para não chamar a atenção, tendo claro muito destaque para as cenas de batalha, e principalmente o encerramento com a força visual de todos os personagens juntos. Além disso, a equipe de fotografia trabalhou bem em conjunto com a de arte para que as iluminações bem fortes, com cores densas e situações bem encaixadas para cada momento se desenvolvessem no melhor estilo possível, trabalhando bem pouco o sépia, mas deixando o tom quase marrom com os personagens sempre dispostos a recair para o lado mais singelo.

Enfim, diria que não é um filme ruim, apenas é cansativo demais para cinema, que seria melhor uma série em 4 capítulos bem desenvolvidos que agradaria bem mais, mas como acabou surgindo dessa forma, alguns que conhecerem melhor a história da França acabará gostando um pouco mais do resultado, enquanto outros se perderão no que o diretor desejava passar realmente. Ou seja, poderiam ter trabalhado de inúmeras outras formas, mas certamente não chegariam muito a um bom lugar como cinema, e dessa forma não posso recomendar ele com mais êxito. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um texto do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.


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