Acho que deveriam colocar na frente da bilheteria dos cinemas o cartaz de "Annabelle 3 - De Volta Para Casa" e embaixo escrever: "sustos grátis", pois basicamente o longa é um grande compilado de jump scares (os famosos sustos que pegam o público desprevenido), que contém uma, ou melhor várias, histórias pré-colocadas para representar o Universo de Invocação do Mal, do qual a boneca é praticamente um imenso catalisador de espíritos, que fora da sua caixa de vidro feita pela Igreja e benta periodicamente, traz todos os amiguinhos do mal para uma tremenda rave em cima da filha dos demonologistas, sua babá e amiga dela, ou seja, um filme bem bacana, que quem gosta do estilo de filmes com muitos sustos gratuitos irá se esbaldar, mas quem for esperando um pouco mais de história terá de analisar os diversos elementos que o longa deixa de lado, e esperar os próximos filmes do Universo criado, pois se antes só tinha uma meia dúzia de casos aparecendo para serem trabalhados nos próximos filmes, agora temos no mínimo uns trinta. Sendo assim, longe de termos algo perfeito, temos sim um bom filme, que intriga, diverte por vermos muitos gritarem na sala, e até causa alguns leves arrepios em determinadas cenas, mas que poderiam ter abusado muito mais de tudo o que tinham nas mãos, e trabalhado um pouco mais na história para que ficasse incrível. Vale pela boa produção, e pela preparação para o que virá por aí.
O longa nos conta que quando Ed e Lorraine Warren deixam sua casa durante um fim de semana, a filha do casal, a pequena Judy Warren, é deixada aos cuidados de sua babá. Mas as duas entram em perigo quando a maligna boneca Annabelle, aproveitando que os investigadores paranormais estão fora de jogo, anima os letais e aterrorizantes objetos contidos na Sala dos Artefatos dos Warren.
Diria que a estreia na direção do roteirista Gary Dauberman que escreveu os dois filmes anteriores da boneca, "It - A Coisa", "A Freira", e que agora usando a base da história de James Wan, coloca essa nova trama nas telonas, foi até que bem feita, pois ele como todo bom roteirista sabe aonde pode explorar o tema, e claro que ao escrever já preparou cada momento para ser feito para assustar, e sendo assim, sua trama é moldada somente para isso, pois ele não soube como um outro diretor de renome faria, de pegar essa coleção de sustos do roteiro, e criar uma história (mesmo que simples) para que ela vivenciasse tudo, e também assustasse, ou seja, ele fez o seu filme acontecer, e entregou algo que certamente vai fazer uma tremenda bilheteria (afinal muitos já esperam pelo longa independente de ser bom ou não!), e que principalmente amplia o leque de casos para serem trabalhados, de personagens novos que podem ter suas histórias melhor contadas do que apenas uma aparição (afinal muitos ficaram intrigados com a história do barqueiro e da jovem tão igual a protagonista! Outros vão querer saber mais da loucura da noiva! Alguns vão desejar conhecer mais do Samurai, e por aí vai!), e sendo assim, os produtores, no caso nosso querido James Wan, ficarão mais ricos e felizes em entregar muitas histórias para fazer cada vez mais pessoas pularem e gritarem nas poltronas do cinema.
Sobre as atuações, antes que muitos se empolguem com o filme se passando na casa dos Warren, Vera Farmiga e Patrick Wilson como Lorraine e Ed aparecem bem pouco no começo e no final do filme, quase sendo nem utilizados na trama, servindo apenas como isca para muitos acharem que o longa fosse "Invocação do Mal 2,5". Dito isso, temos de olhar muito para McKenna Grace que entregou bons trejeitos com sua Judy, demonstrando uma boa serenidade expressiva, e principalmente sabendo manter o eixo para a trama toda, pois além de incorporar muita coragem para a personagem, a jovem soube claramente pontuar seus olhares para cada ambiente sem desespero, o que foi de um grande acerto. Madison Iseman já pode ser considerada como a personagem surda, cega e muda, pois agiu com sua Mary Ellen como se nada quase estivesse acontecendo ali, sem saber de nada, mas com um instinto de babá bem trabalhado, e com um estilo bem colocado ao menos para que sua personagem não soasse exageradamente falsa, ou seja, acaba agradando. Já Katie Sarife se jogou completamente com sua Daniela, trabalhando olhares, sendo curiosa ao extremo, e principalmente mesmo com muita coragem para seu objetivo, demonstrar medo quando precisou que isso a dominasse, e o acerto foi bem nítido. Enquanto o pobre Michael Cimino já foi jogado como o elo cômico da trama, que até se encaixa como algo bobinho, mas que funciona para que o longa não entrasse num clima tão das trevas, e seus atos com os fantasmas foi bacana ao menos de ver. Quanto os demais, todas as participações fantasmagóricas foram bem cheias de detalhes, porém bem rápidas, com leves lembranças para os já conhecidos, como a garotinha Bee do "Annabelle 2", que Samara Lee voltou com o mesmo clima praticamente.
No contexto visual, o filme foi cheio de boas sacadas, e principalmente nem precisou sair da casa, afinal, que casa abarrotada de detalhes, só no quarto dos elementos amaldiçoados daria para fazer no mínimo uns 10 filmes assustadores, fora os diversos elementos espalhados pela casa, que se pararmos para analisar momento a momento certamente iremos ver muitos outros elos, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho minucioso, bem elaborado e que principalmente usou da criatividade para não ficar somente em cima de um ou outro material, forçando a barra somente ali, e deixando o resto para usar depois, colocando praticamente tudo que estivesse na frente das protagonistas para ser usado. Como casualmente temos em filmes de sustos, o longa possui um tom escuro, abusa de nevoeiros, e sempre ousa com viradas de câmeras tradicionais para pegar o espectador desprevenido, ou seja, não temos nada que surpreenda fora do eixo, e claro, usaram muito sépia e marrom para datar o longa.
Enfim, é um filme muito bem feito, que possui falhas, que praticamente não possui uma história muito determinada, apenas colocando a boneca como um elo para os demais espíritos, e que acaba funcionando dentro do que se propõe, tendo principalmente um ótimo ritmo que não cansa em momento algum, mesmo tendo leves pausas dramáticas, e que resulta em algo que acompanhamos rindo, assustando, arrepiando em certos atos, e que certamente os produtores usarão muito do que aparece na trama em diversos outros longas da franquia, ou seja, é só esperar para ver. Sendo assim, não digo que é daqueles filmes que falo vá correndo que é um filmaço de terror, apenas digo que é bem bacana, que agrada quem gosta do estilo, e que vale a conferida com certeza, além de que alguns mais medrosos pensarão um pouco mais para apagar a luz nessa noite. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro a parceria com a rádio Difusora FM 97,1MHz que trouxe essa ótima pré-estreia para a cidade, lotando a sala com ouvintes e convidados, numa gritaria só que praticamente nos deixou surdos com cenas até não tendo nada.
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