Magistral, encantador, genial!!! São poucos os adjetivos para definir "Cyrano Mon Amour", uma obra incrível que nos mostra, de uma forma fictícia claro, como foi a concepção de uma das maiores peças do teatro francês, que virou depois um dos grandes clássicos do cinema francês, no caso "Cyrano de Bergerac". Ou seja, um filme de bastidores, que mostra como o autor Edmond sofreu para criar tudo, sob pressão, inicialmente sem uma musa, com tudo pronto para dar super errado, mas que como costumamos dizer, uma peça só acaba quando termina, e de preferência sob muitos aplausos, o que acaba acontecendo, e sendo assim, esse Coelho sendo um produtor, saiu apaixonado da sessão, com muita vontade de aplaudir, e querendo ver mais ainda, pois valeu cada minuto na sala.
O longa nos situa em 1897, Edmond Rostand não tem nem 30 anos de idade ainda, mas já tem dois filhos e muitos anseios. Desesperado por trabalho e há dois anos sem conseguir escrever nada, ele oferece ao renomado Benoît-Constant Coquelin uma nova peça, uma comédia heróica a ser entregue na época das festas. Só tem um problema, ele ainda não a escreveu. Esta peça viria a ser o clássico Cyrano de Bergerac.
Em sua estreia na direção de longas Alexis Michalik, que já dirigiu e escreveu a peça de mesmo nome no teatro, faz algo que poucos conseguiram, mostrar os bastidores de um clássico sem precisar de making of, aliás imaginando claramente como tudo aconteceu, pois naquela época não existia essa tecnologia, ou seja, sua criatividade foi algo tão bem colocado que acabamos nos surpreendendo a cada momento, vivenciando os atos, resolvendo cada ponto, cada inspiração para os diálogos, fazendo com que o filme ficasse ainda mais grandioso com todos os elementos possíveis. Cada ato do filme se desenvolve com primor técnico incrível, fazendo os muitos personagens terem boas importâncias, mas nunca em momento algum apagando a desenvoltura do protagonista, que aliás foi ótimo. E sendo assim, por ser o primeiro filme de Michalik, ficarei muito de olho nele, pois certamente surpreenderá nos próximos!
Quanto das atuações, posso dizer com toda certeza que a escolha de Thomas Solivérès como Edmond foi incrivelmente certeira, pois o jovem conseguiu encontrar trejeitos tão perfeitos para cada momento, de modo que conseguiu expressar desespero, tensão, paixão pela musa e pela inspiração de seu trabalho estar fluindo, que acabamos nos apaixonando por tudo o que faz em cena, sendo um nome que tranquilamente mereceria estar nas premiações por agradar demais no papel. Olivier Gourmet como Olivier foi muito divertido, cheio de boas posturas, incorporações gestuais e trejeitos tão bem colocados que acabaram dando ao longa ótimos momentos que foram até além da história de Cyrano, transformando o personagem em alguém muito além do papel, com um ator incrível misturando o fora e o dentro do palco. Mathilde Seigner trabalhou sua Maria com muita loucura e trejeitos fortes, botando sempre a frente a imposição vocal e as vontades que vemos em grandes estrelas de teatro, ou seja, perfeita para o papel. Tom Leeb encontrou em seu Léo bons trejeitos, uma desenvoltura bem interessante de amizade com o protagonista, e com muita sagacidade encaixou perfeitamente o que vemos no filme clássico, dando um ótimo acerto também para o papel. Igor Gotesman entregou um Jean bem engraçado, com momentos levemente bobos, mas com outros tão bem sagazes mais para o final que acabamos rindo demais com o que faz. Alice de Lencquesaing entregou sua Rosemonde como a tradicional esposa apoiadora, mas ciumenta em cima do grande autor que passa a sonhar mais com sua musa do que com a própria mulher, e os olhares desapaixonados mostram isso com um tom muito bem feito, e interessante de acompanhar. Lucie Boujenah caiu como uma luva também para sua Jeanne, trabalhando graciosamente como musa, bem colocada em todas as cenas, e sabiamente indo além de trejeitos para romantizar o personagem. Poderia falar de muitos outros, mas acabaria ficando com um texto imenso, então prefiro dizer que a grande participação de todos foi algo incrível, mesmo tendo papéis pequenos, com leve para as cenas de Jean-Michel Martial como Honoré.
Toda a cenografia visual é incrível, mostrando o trabalho minucioso da equipe de arte não apenas para criar o filme, cada momento, cada cena dentro e fora do palco com cenários incríveis, figurinos magistrais, e tudo mais que pudessem colocar na telona desde a montagem da peça no palco até incluindo também os momentos na cidade cheia de elementos bem colocados para representar a época e encaixar tudo como uma grandiosa produção que vemos nascendo na telona, ou seja, incríveis na medida certa, encantando em cada pequenino papel escrito pelo autor da peça, passando pelos grandes cafés e bordéis, até chegar em cada casa, cada coxia, cada elemento perfeito que encontraram para representar o filme, aliando inclusive com uma ótima fotografia cenográfica bem colocada que agrada demais, e nos coloca vendo o nascimento da grande obra prima.
Enfim, incrível demais, recomendo a todos que vejam muito esse longa, se possível revendo antes o clássico, mas esse não fique sem ver, pois, é muito bom mesmo, e quem não imagina como é fazer uma produção, verá todas as dificuldades, todo o processo do começo ao fim, que certamente empolgará e emocionará quem for da área, então foi incrível ver tudo acontecendo. Bem é isso, ainda estou em choque com o maravilhoso filme que vi, que divertiu a todos na sala e mexeu demais com o Coelho, mas borá lá ver o próximo do Festival. Então abraços e até logo mais.
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