São raras as produções que trabalham atualmente o gênero da comédia pastelão, pois geralmente abusam de trejeitos forçados, de situações bobas, e até de exageros desnecessários para angariar o riso do público, mas os que tem feito e funcionado, ao menos para divertir, são os pastelões franceses, e aqui em "Finalmente Livres" vemos exatamente essa essência que víamos nas comédias policiais de antigamente, porém vertendo aqui para o lado da culpa de uma policial pelo que o marido policial corrupto fez no passado, é o acerto até que agrada na maior parte, de modo que poderiam ter entregue uma história mais trabalhada nas atitudes que funcionaria da mesma forma, e não precisaria apelar tanto, mas aí seria outro gênero. Diria que é um filme divertido de essência, e que faz rir, mas apela demais para conseguir isso.
O longa conta a história de Yvonne, uma jovem inspetora de polícia, que descobre que o marido, o capitão Santi, herói local morto em combate, não era o policial corajoso e íntegro que ela pensava, mas um verdadeiro bandido. Determinada a reparar os erros cometidos por ele, Yvonne cruza o caminho de Antoine, injustamente preso por Santi durante oito longos anos.
O diretor Pierre Salvadori foi bem sagaz no que desejava mostrar, trabalhando bem em cima de diversas referências, que conseguem entregar estilos e possibilidades bem encontradas para que a dinâmica agitada do longa sobrepusesse os momentos mais pensantes, de modo que seu roteiro não fica cru, e possivelmente muito do que vemos na telona seja até providos dos atores. Digo isso pois esse estilo pede um pouco de abstração, e a trama em momento algum tenta ser correta ou que traga algo proveitoso de símbolos, fazendo com que demos risada até de momentos mais bobinhos que normalmente não iriamos rir, ou seja, o diretor jogou a linha e esperou que puxássemos, e assim o filme flui e diverte, pois, o texto ao menos é bom.
Quanto das atuações, posso dizer com toda certeza que a maioria não costuma fazer comédia, pois são bem secos de expressões, mas aqui como a situação faz rir, acabaram se encaixando bem. Adèle Haenel trouxe para sua Yvonne o lado mais sensual, preocupado em apagar sua culpa, e sempre com trejeitos desesperados acaba encaixando bons momentos, mas nada que valha ser lembrado mais para frente em seu currículo. Pio Marmaï trabalhou bem seu Antoine para alguém que não liga para o exagero, de modo que acabamos rindo de seus atos, mas não impacta como algo bom, soando meio bobo demais. Audrey Tautou infelizmente fez um papel jogado na trama como Agnès, de modo que pode dizer que nem participou da trama. Damien Bonnard fez boas cenas com seu Louis, encaixando atos até bobinhos, mas seu ar apaixonado acaba funcionando para a trama. Vincent Elbaz como Jean Santi só serviu para os atos mais montados da história policial, ficando bem lembrado do estilo antigo, mas também nada que seja um grande expoente.
Visualmente o longa encontrou bons momentos para ter suas sacadas, como o tiro no parque de diversões, o quarto de sadomasoquismo para as roupas, que são usadas na delegacia também divertindo, a briga no restaurante com o que ocorre depois, e até mesmo o assalto final soou bem encaixado como uma novela, ou seja, a equipe de arte trabalhou até mais do que o diretor em si, é o resultado exagerado funciona ao menos.
Enfim, um filme bem forçado que serve para passar um tempo, mas que amanhã nem lembraremos de ter visto ele, e sendo assim só recomendo ele se você gostar muito do estilo, e estiver sem mais nada para conferir. Fico por aqui agora, mas volto em breve com o último texto de hoje, então até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...