Um filme-homenagem bonito e emocionante, essa é a melhor definição de "Meu Bebê" que não entrega nenhum grandioso dilema, nem um drama conciso de acontecimentos, nem nada que você olhe e enxergue um roteiro tradicional, pois o filme trabalha as situações vividas pela protagonista, sua família e amigos durante os últimos dias/meses da filha mais nova na casa da mãe antes de ir estudar fora, enquanto a mãe lembra dos filhos pequenos, do que vivenciou com eles, e claro as atitudes desesperadas e tradicionais que muitas mães fazem. Ou seja, todos vão enxergar um pouco de sua mãe em Héloïse, de modo que o filme vai remeter boas lembranças, ter sentimentos e num apanhado geral chegar a se envolver, não tendo muito uma interação direcionada para como filme, mas tudo funciona tão bem que acaba sendo agradável ver.
O longa nos mostra que quando Jade, a filha mais nova de Héloïse, está prestes a completar 18 anos e anuncia que vai para o Canadá completar seus estudos, a decisão causa um inesperado impacto na mãe. A relação entra em um clima de saudosismo antecipado, e as duas passam a refletir sobre o passado e o futuro.
A diretora e roteirista Lisa Azuelos trabalhou muito bem para o que desejava entregar, criando algo mais amplo do que um filme com um conflito direto, pois conseguimos enxergar vértices de uma série longa, conseguimos enxergar trejeitos novelescos, e também conseguimos ver alguns pontos tradicionais de filmes familiares, de modo que seu longa acaba sendo uma junção completa de situações conflitivas na mente das duas protagonistas ao analisarem tudo que já viveram, as lembranças, sentimentos e tudo mais, afinal como a mãe cuidou dos três filhos praticamente a vida toda sozinha, todos possuem bons momentos com ela, possuindo lembranças, desejos e claro a velha rixa de qual filho é o preferido, ou seja, a diretora brincou com as diversas situações de uma maneira leve e bem gostosa de acompanhar, fazendo com que o filme remetesse a todos diversas emoções e sentimentos, como algo bonito de se ver, e principalmente muito bem interpretado, pois talvez se a protagonista enxergasse um rumo só, o filme acabaria não entrando tanto no clima, e assim sendo o acerto não seria nem metade do que acabou resultando.
E já que comecei a falar das atuações, já vou colocando Sandrine Kiberlain como uma atriz completa, pois sua Héloïse é mais do que viva, sendo daquelas personagens que nos remetem não só algo de nossas mães, mas encontra vértices de referências a mães do cinema em geral, com muita simplicidade, loucura, paranoia, irresponsabilidade, responsabilidades, e tudo mais junto em uma única personagem, que encontra vértices e trejeitos tão bons, que já havia elogiado o que fez em outros filmes, mas aqui ela foi completa. Thaïs Alessandrin, que é filha da diretora, soube dosar bem sua Jade, entregando momentos corriqueiros de raiva, situações do primeiro amor, e até botando o corpo pra jogo a jovem foi, mostrando estar bem desinibida na frente das câmeras, mas principalmente seu acerto foi encontrar trejeitos bem moldados para não soar nem aquelas jovens irritantes, nem parecer bobinha demais, e isso deu um charme a mais para a personagem. Os outros filhos apareceram pouco como adultos/jovens, mas sempre que surgiam davam bons tons para conectar as atitudes da mãe, de modo que acaba sendo boas participações de Victor Belmondo como Théo e Camille Claris como Lola, enquanto as crianças escolhidas foram todas muito graciosas e bem colocadas em cada momento, com destaque claro para Mila Ayache como Jade criança. E dentre os demais, vale certo destaque para Mickaël Lumière como Louis e Patrick Chesnais como Jules, que apareceram bem como o namorado da garota e o pai da protagonista.
O conceito visual da trama é simples, e fica praticamente oscilando entre o apartamento da protagonista com a mesa lotada de cadernos e anotações da filha, o seu restaurante, e algumas boates aonde ocorrem festas, inclusive festa no apartamento, tendo como objetos cênicos marcantes o celular que usa para fazer vídeos que leva até uma explicação muito boa de como jogar coisas na nuvem, que tanto explicamos aos nossos pais, e que de forma bem singela acaba sendo bem importante para determinado momento do filme, ou seja, foram singelos na arte, não gastando muito, mas elaborando boas cenas com momentos marcantes. A fotografia trabalhou com a iluminação sempre de um tom abaixo, para dar a noção de emoção e sentimento, o que é bacana de ver, e funciona sempre.
Enfim, temos um filme bonito de ver que não é nenhuma obra prima, que talvez até nem lembremos dele mais para a frente, mas que consegue nos tocar e agradar de certa forma, valendo a conferida mais como eu disse, por ser uma homenagem as mães, e trabalhar bem esse sentimento de nos envolvermos com essas mulheres que tanto cuidaram de nós. Sendo assim, fica minha recomendação. Bem é isso pessoal, encerro aqui o dia no Festival, já passei da metade dos filmes inclusive, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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