Bom, o Festival Varilux terminou na última semana por aqui, mas quem pegou o caderno com os filmes que seriam exibidos notou a falta de um longa, que foi exibido somente na Marina do Rio de Janeiro numa sessão gratuita ao ar livre, e eis que felizmente a Netflix comprou os direitos de exibição do longa, e já temos "Alerta Lobo" na plataforma para conferir, e posso dizer que embora seja um filme mais técnico, a trama consegue ser bem envolvente, mas que só quem gosta de longas de combate e guerra acabará gostando por completo de tudo por trabalharem mais uma linguagem mais fechada, conceituar as leis, regras e situações fortes, e que até pode ser conferido pelos demais, que ficarão tensos sob a situação de guerra subaquática, que entenderão tudo o que pode estar acontecendo, mas talvez reclamem demais de muitas ideias. Ou seja, é um tremendo filmaço, que poderia ser mais aprofundado, mas que envolve, causa tensão, e que principalmente consegue mostrar algo que muitos duvidam de existir em determinados submundos, que é a lealdade entre algumas pessoas. Sendo assim, o filme coloca grandes atuações, bons momentos, e até vai fundo na cadeia da Marinha, trabalhando muito algo que comumente pode ocorrer com o mundo nessa bagunça que anda, e que encontra grandes elos para serem mostrados, de modo que mesmo não sendo o melhor exemplo do estilo, agrada bastante, e vale a conferida por completo.
Um jovem que está a bordo de um submarino nuclear da França é reconhecido como "ouvido de ouro". Esse apelido é devido ao seu raro dom de conseguir identificar qualquer tipo de som e, justamente por isso, ele carrega muita responsabilidade sobre suas funções. Certa vez, o jovem acaba cometendo um erro gravíssimo e acaba perdendo a confiança dos demais integrantes do submarino, além de colocar a vida de todos em um risco nuclear.
Em sua estreia na direção, Antonin Baudry, que antes de ser diretor, foi quadrinista sob o pseudônimo de Abel Lanzac, e é diplomata, ou seja, conhecia bem os conceitos de guerra para escrever o roteiro e entregar algo mais crível possível, e é bem isso o que acabamos vendo no longa, algo que embora não seja baseado em nenhuma guerra ou movimento de guerra real, facilmente poderia ocorrer, e que através de códigos e leis, dificilmente alguém conseguiria parar um decreto presidencial de ataque, ou seja, uma trama tensa, cheia de bons momentos (alguns jogados também), que acabam mostrando que para ser eficiente em algo tem de batalhar muito, e por vezes, até infringir alguns momentos, e com isso, o resultado do longa acaba envolvendo bastante, criando situações próprias para mostrar o que o diretor desejava, e conseguindo não fazendo nada de tamanho imenso, mas sendo ousado pelo menos dentro do que se propunha, resultar em um filme convincente e bem interessante. Ou seja, o famoso simples bem feito que funciona, mesmo que para isso os gastos em cenografia tenha sido algo bem caro, e a produção tivesse ficado grandiosa por esse motivo.
Um dos pontos mais fortes da trama ficou a cargo das ótimas interpretações, e quem novamente surge como rei do Festival Varilux é François Civil, que esse ano apareceu em três filmes do Festival, e novamente caiu muito bem no personagem aqui de Chanteraide (ou Meia), colocando trejeitos bem encaixados nos momentos certos, mostrando sinceridade nos atos, e parecendo realmente ter entendido como é o funcionamento de transmitir o que está ouvindo com uma audição fora do comum, talvez tenha sido um pouco desnecessária sua cena junto de Paula Beer como Diane, mas acaba rolando alguns atos funcionais para o desenrolar da trama que acaba servindo razoavelmente, mas tirando isso, o jovem ator mostrou que 2019 é o seu ano, ganhando inclusive como ator revelação em Cannes, ou seja, temos de ficar de olho nele. Omar Sy que tanto conhecemos em grandes papeis, aqui coloca seu D'Orsi como alguém até interessante, mas sem muito desenvolvimento, e assim sendo suas atitudes acabam soando exageradas, porém consegue passar bem o resultado. Reda Kateb entrega para seu Grandchamp uma personalidade marcante, cheia de imponência, além de uma grande química afetiva para com o personagem de Civil, e com isso, a trama facilmente desenrola para algo que até imaginávamos e demora um pouco para ocorrer, mas vale a sacada, e o ator se mostrou bem coerente nas atitudes. E para finalizar os protagonistas, temos Mathieu Kassovitz como Alfost, que como um grande almirante, incorpora tudo muito bem, e entrega ações fortes com trejeitos bem colocados, que até chegam a romper o estilo, mas agrada bem na proposta, e o resultado se faz valer.
No conceito visual, costumo dizer que esses longas de guerra são raros os momentos gravados em tanques e submarinos realmente, pois nenhum exército ou marinha de um país seria maluco o suficiente para ceder para os diretores gravarem suas cenas em pleno mar com diversos atores passeando por lá, mas a equipe de arte aqui foi tão convincente nas salas, que podemos quase dizer que gravaram em solo dentro de um submarino de verdade, e depois apenas fizeram via computação as cenas externas, pois tudo está muito bem desenhado, cheio de elementos cênicos precisos, e muita desenvoltura, e embora sejam lugares fechados bem pequenos, toda a equipe soube aproveitar o máximo para trabalhar o ambiente como um todo, com muitas luzes e detalhes para realçar cada ato.
Enfim, é um longa bem interessante, que não é perfeito, mas que empolga, causa tensão, e entrega com muita personalidade o funcionamento da marinha com relação ao possível caso de traições, com relação ao uso de drogas, e principalmente com a imposição de ataques, que pode facilmente ocorrer a qualquer momento, com uma briga embaixo da água sem que sequer saibamos que está acontecendo, ou seja, um filme bem intrigante, que vai agradar principalmente quem gosta do estilo, mas que poderiam ter se aprofundado um pouco mais caso desejassem. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: até pensei em dar uma nota menor, mas no final me vi brigando com os protagonistas, tenso e revoltado com tudo o que está ocorrendo, então o longa me tocou, e sendo assim, vamos com 8 mesmo.
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