A sinopse nos conta que em uma estranha biblioteca no coração da Bretanha, uma jovem editora descobre um manuscrito extraordinário que imediatamente decide publicar. O romance se torna um best-seller. Mas seu autor, Henri Pick, um bretão fabricante de pizza que morreu dois anos antes, nunca teria escrito nada além de suas listas de compras, segunda a viúva. Convencido de que se trata de uma fraude, um famoso crítico literário decide liderar a investigação.
A direção e o roteiro de Rémi Bezançon é digna de um grandioso livro no estilo de Agatha Christie, pois trabalhando bem o mistério com boas investidas, encontrando bons símbolos para representar os momentos, o filme consegue se desenvolver bem, tendo atitude e carisma para prender o espectador até o final, moldando cada ato para ser resolvido, e claro, sempre deixando o ar misterioso ao redor de cada envolvimento, demorando e passeando pelas belíssimas locações, porém, como disse no começo do texto, acredito que ele tenha se cansado do mistério, e preferido um final mais romantizado, com nuances mais simples, e dessa forma apenas deu o desfecho que vimos no cinema, e acabou levemente brochando um pouco. Porém longe de estragar completamente, diria que o filme inteiro possui seu brilho, é o resultado final não é um grande estrago, sendo assim ainda um bom longa para conferir.
Dentro das atuações, posso dizer que Fabrice Luchini foi incrível como Jean-Michel Rouche, trabalhando bem os olhares expressivos, buscando desesperadamente a solução de seu enigma, mas principalmente tendo muita classe e estilo, o que acaba nos envolvendo demais na sua busca, transmitindo um carisma sem igual para o seu personagem, que certamente poderia parecer arrogante por inúmeros motivos, mas acaba que nos conectamos de tal forma que ao final já nos vemos torcendo por ele, e isso é ótimo para o estilo, mostrando a ótima capacidade interpretativa do ator que foi perfeito. Camille Cottin deu um tom bem gostoso para sua Joséphine Pick, de modo que ao virar quase um Watson para o protagonista na busca de saber mais sobre seu próprio pai, a atriz acaba se entregando e fazendo ações gostosas de ver e que funcionam bem. Alice Isaaz faz de sua Daphné uma boa personagem, que até aparece pouco na trama, em momentos bem estratégicos, fazendo claro olhares bem interessantes, mas que talvez se fosse mais usada na trama chamaria mais atenção. E por fim temos de dar um leve destaque apenas para algumas cenas de Bastien Bouillon como Fred, pois o jovem teve algumas dinâmicas interessantes e acaba chamando atenção ao final, mas que assim como outros bons atores da trama acaba sendo mal aproveitado.
A equipe de arte foi bem simples, mas cheia de grandes detalhes, criando uma biblioteca incrivelmente delicada e interessante, locações belíssimas numa cidadezinha pequena da Bretanha, outra biblioteca imponente de pesquisa, e claro as tradicionais festas de lançamentos e homenagens, sempre bem colocadas para não exagerar em momento algum com o filme que tinha de ser mais leve, ou seja, fizeram um trabalho delicioso no conceito visual, que acaba trabalhando mais a simbologia, e que funciona por isso.
Enfim, um filme bem feito, que acaba de forma jogada demais, e que poderia ser impressionante caso quisessem, mas fazer o que, porém ainda assim recomendo ele como um bom passatempo investigativo que vale as horas dentro da sala do cinema, só não espere se deslumbrar com o resultado final, se não a chance de decepção é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vamos la para o último longa do Festival Varilux 2019, então abraços e até logo mais.
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