Pode até parecer algo preconceituoso o que irei falar aqui, mas definitivamente os franceses sabem fazer bem comédias, dramas e romances, e só! Portanto parem de tentar se verter para suspender, ficções e afins, pois costumam cair par o abstrato demais, e o resultado geralmente são grandiosas bombas. Claro que temos exceções, como tivemos ano passado no Varilux também, mas são bem raras, e o que foi mostrado hoje com "O Professor Substituto" foi um daqueles filmes que ficamos nos perguntando o motivo de estarmos conferindo aquilo, pois é algo tão jogado na tela, cheio de situações até tensas de ficarmos pensando como tudo poderia acabar melhor, com cenas investigativas tensas, momentos subjetivos bem colocados, mas que nada acaba levando a lugar algum. Claro que dá para pensar na ideologia da trama de que os alunos por serem mentes a frente de todos na sala, que imaginavam pelo clima exageradamente quente, pelos maus tratos a natureza, pelas fugas dos animais, e outros detalhes presentes para sugerir o que aconteceria, mas é tudo tão preparado para algo diferente e melhor, que quando simplesmente ocorre soa brochante, ainda mais por ser um filme de Festival, aonde o público espera uma seleção mais bem feita, e o que vemos não chega nem aos pés do imaginado, ficando apenas como um filme que não atingiu lugar algum.
A trama nos conta que um professor comete suicídio se jogando pela janela da sala de aula em frente aos alunos adolescentes e Pierre Hoffman entra no colégio para ser seu substituto. Hoffman percebe que um grupo de seis dos seus novos alunos parecem estranhamente indiferentes ao que aconteceu. Ele percebe que esse pequeno grupo exerce uma sinistra influência sobre o resto da escola. Obcecado, Hoffman descobre que o inteligente grupo se liga por uma visão sombria do futuro e desprezo pelos adultos. Uma obsessão que se transforma em terror.
O diretor e roteirista Sébastien Marnier trabalhou com muitos símbolos para criar seu filme em cima do livro de Christophe Dufossé, pois ao criar um longa abstrato de pensamentos e situações, ele acaba nos preparando para algo que vai muito além das cenas, com algo cheio de densidade, com muitas imagens de destruições da natureza, com muitos ambientes hostis, mas sempre com uma trilha densa fazendo com que víssemos algo além que não desejávamos ver, com algo preparatório até para um mundo pior, mas não para algo que aconteceria num filme, e dessa forma, acabamos não indo no mesmo fluxo que a trama pedia, e o resultado acaba desapontando, não por algo ruim do texto, mas sim por o filme desejar entregar esse subjetivismo ruim para com um futuro desesperador sem atitudes, de modo que sem entregar qualquer ação ou interação acabamos vendo um filme fraco e sem muitas, ou melhor nenhuma, virtude.
Sobre as atuações, vemos um desperdício tremendo em cima de Laurent Lafitte como Pierre, pois sabemos do seu potencial pelo que já vimos em outros filmes, e aqui ele apenas faz caras e bocas em cima de algo inútil, não chegando a lugar algum com o que entrega, e principalmente soando jogado, o que não é bom para um ator do porte dele. Não vou me prender muito aos demais, pois todos entregaram bem pouco resultado, mas os jovens conseguiram fazer trejeitos bem interessantes, se mostrando estranhos, mas preparados para os personagens, o que costuma ser incomum na idade deles, então posso dizer que não decepcionaram fazendo o que lhes foi pedido que eram caras estranhas e imposições fortes, com leves destaques para Luàna Baajrami como Apolline, Victor Bonnel como Dimitri, e Thomas Guy como Brice por apanhar bastante. Além de boas cenas meio estranhas também com Gringe como Steve.
No contexto cênico a trama teve digamos que muitas cenas com texturas ruins para passar o estilo de gravação amadora, locações estranhas, como uma escola meio que abandonada no meio do nada, um lago bem bacana, e uma pedreira abandonada também, que acaba desenvolvendo as situações de forma bem abstrata e interessante pelo menos, não chegando a cansar, mas também não empolgando como poderia, ou seja, estranho e fraco demais para chamar atenção. A fotografia brincou por vezes com tons escuros para criar uma tensão, mas nada que mostrasse em prol da produção, resultando apenas em estilo, o que não funciona muito.
Enfim, um filme que destoa completamente do estilo, que até causa um certo suspense em cima do que pode acontecer, mas que não atinge nada, e sendo assim não tenho como recomendar ele para ninguém de forma alguma. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um texto de hoje, então abraços e até logo mais.
2 comentários:
Olá, primeiramente bela crítica, gostei dos pontos que você destacou dentra da obra mas eu discordo do seu ponto de vista, adorei como o suspense foi muito bem construído durante a trama e junto à bela trilha sonora o drama ficou muito instigante, a intenção foi nos mostrar um lado pessimista na visão dos alunos, algo que foi muito bem representado juntamente a atuação das personagens, L'Heure de la sortie conseguiu dar melancolia e um frio na espinha cada vez que víamos os jovens "indo até o limite", para mim, uma das melhores obras que já assisti.
Olá amigo! Pois é, cada um tem um gosto realmente, acredito sim, que os atores deram uma boa representatividade de suspense, uma melancolia, e mostraram seu lado pessimista do mundo, mas não consegui entrar nessa vibe toda para considerar ele uma grande obra não... mas como disse, cada um tem um gosto, e esse é o seu... abraços!
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