Chega até ser engraçado o dia de hoje, pois garanto que vi o trailer de "Obsessão" nos últimos meses pelo menos umas 40 vezes (só no Varilux foram 17!), ou seja, já sabia de cor praticamente todos os movimentos que gerariam alguma tensão, e só ficava esperando eles acontecerem, e sendo assim, posso dizer que a experiência com o filme já foi reduzida um pouco. Porém, a trama é tão cheia de cenas tensas interessantes, que acabamos ficando envolvidos com os atos, e mesmo já sabendo deles, alguns até acabam nos pegando desprevenidos e dando aquele sustinho básico, ou seja, um filme bem trabalhado, que consegue envolver, e mostrar a que ponto a solidão acaba transformando uma psicopata, e que claramente não devemos confiar em estranhos, mesmo que esses pareçam bem bonzinhos, até termos total conhecimento de sua vida completa, pois algumas pessoas até parecem bacanas, mas depois, a bomba é outra! Dessa forma, temos um longa razoavelmente bem feito, que talvez até pudesse ser mais violento, ou então mais trabalhado nos trejeitos das boas protagonistas, mas vou falar aqui o principal problema do longa (que ninguém leia essa reclamação!), mas divulgaram o filme demais, de modo que estamos vendo o trailer dele há mais de seis meses, e isso não é bom para uma produção, principalmente de suspense.
A trama nos conta que Frances é uma jovem mulher cuja mãe acaba de falecer. Recém-chegada em Manhattan e cheia de problemas com o pai, ela divide apartamento com a amiga Erica e trabalha como garçonete de um luxuoso restaurante. Um dia, voltando para casa, Frances encontra uma bolsa abandonada em um dos assentos do metrô, e, ao devolvê-la, acaba iniciando uma amizade improvável com a dona do acessório, uma senhora viúva chamada Greta. Os problemas começam a surgir quando Frances percebe que a necessidade de atenção de Greta é muito mais perigosa do que ela imaginava.
O diretor Neil Jordan ficou alguns anos afastados do cinema, mas ainda manteve fiel ao seu estilo voltando com um filme que trabalha mais as desenvolturas dos protagonistas, passando por cima até mesmo de alguma história mais profunda que poderia ocorrer, e dessa forma, o estilo ficou claro logo nos primeiros atos, pois ele não quis enrolação para desencadear o problema de fuga, já logo nas primeiras cenas revelando quem Greta realmente era, coisa que qualquer outro diretor esperaria pelo menos um ato inteiro de carícias, para no segundo revirar tudo, e dessa forma, o filme já parte pro ataque com menos de 15 minutos, o que acaba sendo bacana de ver, porém, acabamos ficando com algo exageradamente repetitivo (para que claramente o diretor desejava mostrar: a obsessão da protagonista). Ou seja, Jordan montou bem sua trama, e deixou que as protagonistas se destacassem, mesmo que para isso sua história ficasse em segundo plano (afinal nem ficamos sabendo direito quem é Greta, o que ela já fez, quais suas motivações e tudo mais), e sendo assim o longa até tem uma boa entrega, porém não envolve tanto o público, mas ao menos causa a tensão correta, e tem um resultado que era esperado, porém bem funcional.
Sobre as atuações, todos aqui sabem o quanto acredito muito no potencial de Chloë Grace Moretz, e a cada filme que faz ela procura incorporar ótimos trejeitos para suas personagens ficarem incríveis, porém aqui sua Frances é simples demais, e ela não teve como encontrar algo que surpreendesse na personagem, de modo que parece estar amarrada a um roteiro sem muito o que apresentar, ou seja, é como se não encontrasse a forma certa para que sua personagem saísse do comum, e o resultado acaba seco demais. Em compensação Isabelle Huppert encontra trejeitos tão diferentes para sua Greta, criando vértices bem comuns de pessoas com problemas psicológicos, que geralmente usam isso para o mal, de forma que acaba saindo melhor que a encomenda em cada ato, realmente transparecendo tudo o que desejava fazer e muito mais. Maika Monroe apareceu pouco e teve algumas cenas importantes com sua Erica, de modo que não temos nada de pró nem de contra sua interpretação, só talvez poderia ter sido mais forte nos atos iniciais e menos boba, que assim talvez não seria tão jogada. Quanto aos demais, temos raríssimas cenas com algum diálogo fora das três, então melhor nem pontuar.
No conceito visual, diria que a equipe de arte criou uma casa completamente assustadora para a protagonista, de modo que no lugar de Frances jamais entraria ali na primeira vez, quanto mais voltar outros dias, mas como costumo dizer, se os protagonistas não entrarem em lugares estranhos não teremos filmes de terror/suspense, então cada elemento cênico tem seu mérito, seu estilo, e até grandes usos para até um molde de bolacha, ou seja, tudo vale a pena ser reparado, e até poderiam ter usado mais caso quisessem, pois valeu a ornamentação ali, já do apartamento e do restaurante aonde Frances trabalha, não ousaram muito, mas também não foram simples demais, o que acaba agradando também. O tom da fotografia foi bem puxado para o mais escuro possível, porém sem perder visibilidade, o que acaba sendo sempre um grande agrado em longas de suspense, e sendo assim, sem ter nada surpreendente, acaba funcionando para pegar o público desprevenido, mas sem exagerar na dose.
Enfim, um filme que entrega bons momentos, que consegue causar tensão, mas que se trabalhada melhor a proposta teríamos um daqueles longas memoráveis para pensar muito tempo no que vimos na tela, e infelizmente pecaram pela simplicidade. Não digo que de forma alguma o resultado final seja ruim, mas certamente poderiam ter ido muito além. Sendo assim recomendo ele com leves ressalvas, pois quem for esperando muito certamente se desapontará, mas quem gostar do estilo de filmes tensos, porém leves de condução, o resultado será bem agradável. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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