O longa nos mostra que Ivan é um menino de 13 anos que está descobrindo o amor. Ele tem como referências o pai, Joseph e o irmão mais velho, Joaquim. Mas ao saber que o irmão corre o risco de perder o ano na faculdade e que o pai decide abandonar sua estável carreira como médico para se tornar escritor, o garoto começa a repensar se esses são exemplos que quer seguir.
Na primeira direção do ator Félix Moati, que já vimos em diversos longas nos outros anos do Festival Varilux, como "A Excêntrica Família de Gaspard" e "Anos Incríveis", vemos que ele trabalhou diversos vértices bem clássicos do drama francês, mas por seguir uma linha menos ativa e direta, ele acaba com a famosa síndrome do primeiro filme, de querer mostrar estilos demais e história de menos, de modo que acabamos saindo da sessão sem saber realmente o que ele desejava nos mostrar, se era a decepção do garoto com os familiares que eram seus ídolos, se era sua vertente amorosa, ou então a psicologia como um ente maior na vida das pessoas, de modo que o resultado não flui, as escolhas sonoras de bateria acabam mais ruidosas do que envolventes, e nada funciona como deveria. Sendo assim, melhor voltar a atuar que fazia bem, e quem sabe ao escolher um roteiro menos abstrato acerte a mão numa próxima tentativa de direção.
Quanto das atuações, posso dizer também que o estilo de Vincent Lacoste é meio largado demais, de modo que seu Joaquim nem parece ser um estudante de psicologia, mas sim alguém que tem problemas psicológicos e precisaria de tratamento, além de que ele acaba sempre permeando olhares vazios e jogados demais, o que não faz com que conectemos a ele, ou seja, faltou expressar melhor seu papel. Da mesma forma, Benoît Poelvoorde entrega um Joseph apático demais, que parece sem rumo após a morte do irmão, mas ainda assim aparenta não acertar em momento algum seus olhares, desanimando o público também. Mathieu Capella até tenta deslanchar seu Ivan, mas sempre acaba caindo no mesmo problema de estar sem rumo para o quer fazer, bebendo, fumando, e amando sem saber o que quer, ou seja, foi jogado coisas demais para o garoto vivenciar, e ele até entrega bem, mas não flui, nem age como algo normal de ver, parecendo abstrato demais para um personagem comum que possa existir. Quanto aos demais, melhor nem falar nada, pois se os protagonistas pareceram sem rumo, ou melhor, pareceram não estarem sendo dirigidos, o restante então estava mais perdido em cena do que cego em tiroteio.
Visualmente a trama passeia muito pelas ruas de Paris, mas como trabalha muito o âmago dos personagens, seus momentos acabam acontecendo mais nos quartos, em pequenos consultórios, na diretoria da escola, bares, livrarias e afins, de modo que a equipe de arte não precisou compor muito os cenários, apenas levando os protagonistas para os locais e filmando as cenas meio que de forma jogada. A fotografia da trama trabalhou muito o ambiente em si, não colocando muita densidade nas luzes, deixando que o ar meio escuro com sombras e luzes mais amareladas fizessem o trabalho sozinho, e isso infelizmente não funciona, e acabou não ajudando o filme a fluir.
Enfim, um filme fraco demais, que não convence em nada, que apenas passa suas diversas ideias, mas que não toma nenhum rumo mais condizente que fizesse emocionar, causar ou ter qualquer sentimento pelo que foi passado. Sendo assim, esse é um dos filmes que não tenho como recomendar do Festival Varilux, o que é uma pena, pois sempre consigo tirar algum proveito dos filmes, e nesse aqui, nada chama atenção. Bem é isso pessoal, vamos para o próximo, então abraços e até logo mais.
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