Sabemos bem que alguns estilos de filme possuem propostas ousadas, outros entregam diversas amarrações, mas geralmente o drama romântico costuma pelo menos dar leves pitadas no decorrer para que um conflito fosse resolvido ao menos, não para o diretor Louis Garrel, que em seu longa "Um Homem Fiel" entregou uma proposta tão simples e jogada, que mesmo tendo até uma boa desenvoltura acaba parecendo mais um capítulo rápido de novela aonde os casais se trocam por algum motivo, nos é entregue alguma interação de pensamentos, e só, de modo que o melhor da trama é o garotinho cheio de boas sacadas, e a ideologia de dúvida que paira em cima de todos os personagens para terem praticamente 80% das cenas faladas somente em pensamento. Ou seja, um filme simples demais para ser lembrado mais para frente, que até serve para passar um tempo bem rápido, mas nada que vá fazer diferença em não ver.
A trama nos conta que Marianne deixa Abel por Paul, seu melhor amigo e pai de seu futuro filho. Oito anos depois, Paul morre. Abel e Marianne voltam a namorar, despertando sentimentos de ciúmes tanto no filho de Marianne, Joseph, quanto na irmã de Paul, Ève, que secretamente ama Abel desde a infância.
Diria que o diretor e roteirista Louis Garrel tinha uma boa sacada em mente quando escreveu seu filme, porém necessitava alguém mais amplo para trabalhar a ideia e criar um filme mais cheio de detalhes, desenvolver a ideia e depois voltar para suas mãos, de modo que o filme teria mais conteúdo, trabalharia talvez as ideias de dúvida do garotinho, as sacadas românticas da jovem Eva, e até outros romance de Marianne com outros homens para que houvesse um pouco mais de ciúmes, intrigas e afins, pois somente a triangulação rápida que a trama nos entrega, com poucas vertentes, poucas cenas de impacto, sem quase nenhuma simbologia acaba resultando em um filme que começa, aparece e termina, não indo muito a fundo em nada. Ou seja, Garrel fez um episódio rápido que veríamos talvez em uma série ou novela, e depois em outro capítulo veríamos outros desenvolvimentos, e não um filme como realmente se esperava dele.
Sobre as interpretações, ao menos nesse quesito tivemos bons trejeitos de todos, com sacadas mais expressivas de um ou outro, mas no geral um belo elenco que se desenvolveu bem. Para começar o próprio diretor, que é um ator muito melhor que diretor, Louis Garrel entregou bons olhares para seu Abel, fazendo um estilo meio despojado, mas muito intrigado também com tudo o que ocorre entre as mulheres, e claro desconfiadíssimo das ideias do garotinho, e essas boas sacadas e olhares fazem com que ríssemos muito do que ocorre, o que acaba funcionando bastante. Laetitia Casta encontrou em seu sorriso sedutor, e nos olhares bem dominantes a forma de fazer sua Marianne bem envolvente, e cheia de armadilhas, de modo que acaba passando bem o resultado em cada momento do filme, agradando com o pacote completo. Eis que a filha de Johnny Depp com Vanessa Paradis resolveu ser atriz também, e Lily-Rose Depp veio toda provocante para cima do protagonista com sua Ève, trabalhando trejeitos bem colocados, e mostrando que sabe dosar bem o ar de desânimo juntamente com o ar de satisfeita, o que acaba sendo uma grata visualização. Mas sem dúvida o melhor do filme ficou a cargo do garotinho Joseph Engel, que nem fizeram questão de lhe dar um nome de personagem, e o seu Joseph trabalhou ótimas sacadas, encaixando olhares determinados a convencer qualquer um do que desejava passar, emocionando com o choro e sendo cínico com muita precisão, ou seja, tem futuro o garoto.
O conceito cênico da trama nem foi muito elaborado, mas contou com boas ambientações, desde os dois apartamentos bem diferentes de formatação, um mais amplo, outro bem pequenino, mas mostrando quase nada que tivesse algum elemento cênico mais coerente para as situações, um escritório riquíssimo afinal a protagonista trabalha na presidência, uma ilha de edição bem simples, que possivelmente foi a do próprio filme, alguns momentos em um campinho de rua, e um cemitério, ou seja, nada que chamasse atenção.
Enfim, um filme simples demais para envolver, e rápido demais para causar qualquer sentimento, de modo que até rimos de algumas situações, principalmente as envolvendo o jovem garotinho, mas que ao chegarmos no final ficamos tão desapontados com o que nos é mostrado que nem dá para dizer que valeu a pena. Ou seja, um filme mediano que também esqueceremos bem rapidamente, e sendo assim nem tenho como recomendar. Bem é isso pessoal, encerro aqui todas as críticas dos 17 filmes do Festival Varilux, já ficando na espera do que virá no próximo ano, mas volto amanhã ainda com mais um longa que estreou nessa semana, e logo mais outras estreias da próxima semana, então abraços e até logo mais.
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