A grande sacada de um bom filme de espionagem é bagunçar a mente do público indo e vindo com datas, e isso o diretor Luc Besson sabe fazer muito bem, junte a isso uma mulher extremamente atraente, incorpore KGB contra CIA, trabalhe com bons atores nas pontas, e pronto, você tem um daqueles filmes que vamos vibrando a cada nova apresentação de ato, que muda completamente tudo o que você achava que sabia do anterior, e que na sequência já muda tudo novamente, num tremendo quebra-cabeças delicioso de curtir. Pronto, resumi em poucas linhas o que quem for conferir "Anna - O Perigo Tem Nome" verá na telona com muitas dinâmicas, e que certamente fará com que todos saiam bem surpresos da sessão. Não digo que seja um filme perfeito, mas que o diretor foi tão sagaz para amarrar os furos de roteiro com voltas temporais para mudar tudo o que achamos impossível de acontecer, que chega a ser incrível imaginar o filme inteiro detalhado para filmagens, pois tudo é muito minucioso, e um detalhe muda tudo, ou seja, como já diria o bom ditado de filmes de espiões: "nem tudo o que você vê acontecer, é realmente o que você acha que está acontecendo, e ninguém é inocente de todos os atos, afinal nunca confie em um espião mesmo que ele esteja do seu lado".
O longa nos conta que oficialmente, Anna Poliatova é uma modelo famosa e muito requisitada pelas marcas de luxo ao redor do mundo, mas o maior segredo que esconde é que ela é uma das assassinas mais perigosas e bem treinadas da KGB. No entanto, Anna fará de tudo para se sentir liberta da repressão do governo russo.
Se existe um diretor que não tem medo de errar, e encara qualquer loucura que venha em sua mente é Luc Besson, e com isso, geralmente vemos uma grande oscilação nos seus filmes que ora são geniais, ora são tremendas bombas, mas felizmente o caso desse novo longa fica na primeira leva, principalmente pela montagem feita pelos editores (que claro estava assim na cabeça do diretor), de não seguir uma linha reta comum, pois certamente o filme acabaria meio bobo e simples demais, mas com as idas e vindas de tempo, o resultado acaba impressionando bastante, e vamos nos surpreendendo cada vez mais com toda a técnica envolvida, com a história cativante em si, e claro com as boas lutas corporais que a protagonista se dispôs a fazer junto claro com sua dublê. E assim sendo, temos um filme rápido, dinâmico e cheio de impressionantes situações, que foram muito bem coreografadas, e que mesmo exagerando para a famosa situação de luta corporal (ao invés de meterem logo uma bala na cabeça da pessoa e resolver o problema de uma vez!) acabam agradando demais.
Sobre as atuações, temos de pontuar primeiramente que Sasha Luss não é atriz de profissão, e sim modelo como o papel exigia, e até que saiu muito bem nos diversos atos, sendo expressiva e trabalhando bem em todos os momentos que sua Anna precisava encaixar bons trejeitos, além de que possui uma beleza imponente que certamente lhe trará mais papeis no cinema, ou seja, se encaixou no que precisava fazer e junto de Agel Aurelia como sua dublê de lutas, entregou cenas bem dinâmicas que nos fizeram acreditar muito em tudo o que fez, agradando bastante. Helen Mirren sem estar loira parecendo uma rainha é algo que raramente vemos no cinema, e aqui sua Olga é daquelas chefonas da KGB que com toda a personalidade que sabe fazer entrega uma pessoa sem alma, forte e cheia de desenvoltura para o papel, de tal forma que chegamos até ficar com raiva dela em alguns atos, e isso mostra o potencial da atriz que bem sabemos que tem. Luke Evans é daqueles atores que sabem encaixar olhares, e que acaba abrindo frentes no estilo que escolhe para dar personalidade aos seus personagens, de tal forma que seu Alex Tchenkov inicialmente chega imponente, depois se desenrola bem com a protagonista, para termos um final bem interessante com ele, e assim acaba agradando bastante também. Cillian Murphy parecia que seria um personagem bem inútil com seu Lenny Miller, mas ao desenrolar a trama, acaba entonando olhares bem coesos, e o resultado chama bastante atenção, mas ainda assim poderia ter aparecido mais para encaixar melhor suas cenas. Quanto aos demais, tivemos alguns momentos chaves com Lera Aboca como Maud, mas nada que fosse chamativo para o desenrolar da trama, e principalmente a forte presença de Eric Godon como Vassiliev, o grande chefe da KGB, que teve apenas duas cenas, mas mostrou impacto no que fez.
Visualmente o longa foi moldado quase que em locações estratégicas para representar bem os movimentos rápidos que o diretor necessitava, trabalhando muito em quartos de hotéis para as diversas mortes que a protagonista causa, tendo diversas cenas em esconderijos, saletas e claro muitas cenas em carros para conversas com os líderes, e claro muitas sessões de fotos de modelagem cheias de estilo, além de algumas cenas em prédios imponentes das empresas de espionagem para dar toda a dinâmica forte nos momentos mais fortes da trama, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho bem minucioso com detalhes, pois o filme se passa nos anos 80, então tiveram de encontrar muitos figurinos de época fortes, trabalhar o estilo que a moda pedia na época, e principalmente sujar muita roupa com sangue falso, pois haja tiros, cortes com facas e tudo mais, que acabaram dando um tom tenso para a fotografia, que aliada de muita ação nos movimentos encontrou tons escuros para funcionar os ambientes cheios de tensão, e contrapondo com as cenas fotográficas dos ensaios das modelos cheias de cores, o formato não cansasse tanto.
Ou seja, volto a frisar que o longa passa bem longe da perfeição, pois não temos uma atriz imponente de entonações mais fortes, não temos um filme inovador cheio de situações clássicas, mas que ao escolherem bem o estilo, e encaixar uma montagem incrível nesses vai e vens, conseguiram apagar a maioria dos erros do roteiro, e o resultado empolga demais quem gosta de um bom filme de espionagem, com agentes brincando com nossa percepção, e isso o longa entrega muito bem. E sendo assim, recomendo bastante o filme, e vamos ver quem sabe se o diretor encara talvez uma continuação, pois mesmo a trama sendo bem fechada no ato final, tudo pode acontecer nesse estilo de filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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