Tem alguns estilos de filmes que procuram trabalhar tantos vértices que raramente conseguem atingir ao menos um, e o longa "As Rainhas da Torcida" é um exemplar bem claro disso, pois ele tenta nos comover com a doença da protagonista buscando um final tranquilo para sua morte, ao mesmo tempo tenta dar um gás e mostrar a felicidade de todas as idosas treinando por um objetivo, e ainda por cima brinca com a comicidade desses atos, de tal maneira que tudo acaba até tirando alguns sorrisos emocionados nossos, mas acaba indo para um final sem muita empolgação que por vezes pensamos em ter até um algo a mais, e não tem. Não digo que seja um filme ruim de ver, pois ele é gostosinho, passa bem o tempo, e agrada pela síntese interpretativa das protagonistas que mostram bem sua vitalidade já na terceira idade, mas poderiam ter ido mais a fundo ou nas disputas dentro do asilo (que daria um charme a mais), ou já colocar de cara a busca pelos torneios de dança, ou então focar realmente na doença e a tentativa da mulher de passar seus últimos dias de uma maneira melhor, mas tudo junto acabou não dando a liga que precisava para funcionar.
O longa nos conta que ao ser diagnosticada com câncer terminal, a solitária Martha decide se livrar de todos os seus pertences pessoais e se mudar para uma comunidade de idosos com o intuito de esperar a morte chegar. Em seus últimos meses, ela quer uma vida tranquila, lendo livros e interagindo com poucas pessoas, mas ao conhecer sua nova vizinha, Sheryl, uma mulher ativa e barulhenta, Martha vê seus planos indo por água abaixo, já que a nova companhia faz questão de se manter constantemente presente. A medida que a relação das duas se desenvolve, uma forte amizade surge e Sheryl incentiva Martha a treinar os passos de líder de torcida novamente, como fazia na época da escola. Resistente, a protagonista topa a ideia e juntas elas montam um clube para empoderar diversas mulheres acima dos 60 anos. Para fazer isso, elas precisam enfrentar o preconceito de todos e treinar para uma importante competição.
Acredito que o maior problema além da história querer desenvolver tantos caminhos é o fato da diretora ser praticamente estreante em ficções, já que só fez diversos documentários (alguns sobre o tema), mas aqui resolveu fazer algo completamente diferente de sua vida criando algo mais envolto, e isso é problemático, pois como bem sabemos documentários funcionam bem mesmo tendo mais que um tema, mas na ficção a fórmula sempre desanda, ou seja, a diretora poderia ter optado por caminhos mais fáceis, desenvolver algo mais comedido que certamente acertaria indo em qualquer uma das direções, pois seu filme possui história possível para ser contada das três formas que citei no começo, e em todas ser bem sucedida, mas errou feio ao pôr tudo em um só lugar, de modo que quem for conferir talvez até saia feliz com a proposta, mas certamente amanhã já não lembrará dele, ou talvez, ficará somente com uma das partes funcionais na cabeça, o que também não é bom.
Quanto das atuações, todas as senhoras deram boas expressividades para o longa, conseguiram chamar a emoção de cada uma para seu devido momento e foram agradáveis fazendo algo que não é comum de ver pessoas de suas idades fazendo, de modo que podem até falar que pagaram mico fazendo o longa, mas aparentemente todas estavam bem felizes com seus papeis e foram bem no que fizeram. Claro que o destaque maior fica para Diane Keaton e Jacki Weaver, afinal a história foca bem na amizade meio estranha de Martha e Sheryl, mas elas se doaram bem, focaram nos elementos corretos de cada momento, e o resultado acaba satisfatório. Os mais jovens aparentaram estar um pouco perdidos na trama, até mesmo sem entender o que a diretora desejava mostrar, mas Charlie Tahan e Alisha Boe entregaram bons olhares e demonstraram um carisma incrível com seus Ben e Chloe para com as senhoras, e isso faz valer a atitude.
No quesito visual, olha, acho que vou começar a juntar grana para poder ir numa comunidade de idosos igual à do filme quando parar de trabalhar, pois que lugar bonito, com diversos elementos que infelizmente não foram tão aproveitados, pois só é mostrado algumas cenas dentro da casa da protagonista, alguns momentos na pista de boliche, a competição rolando em uma escola e depois em um salão mais preparado, e algumas aulas em uma academia, e certamente o local escolhido possuía muito mais bons lugares para se explorar, ou seja, foram singelos de estrutura, mas conseguiram mostrar bem o trabalho de preparação para a competição.
Enfim, é um filme bem simples, feito com uma proposta direcionada, mas que acaba aberta demais para três vértices, e que diverte por soar gostoso de acompanhar, mas que não causa nenhuma grande comoção, já inicia e tem seu miolo direcionado para algo que sabemos que vai acontecer, e principalmente falta algo mais de impacto para que o público se envolva com a trama, e certamente nas mãos de um diretor mais experiente a história teria outro fluxo, e agradaria bem mais, mas isso só vai ficar na nossa mente essa possibilidade, então recomendo quem for ver, ir sabendo o que esperar, pois é algo mediano apenas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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