Muitas vezes o não exagerar em um roteiro funciona e emociona muito mais do que criar algo mirabolante e cheio de virtudes, e digo isso principalmente ao ver alguns longas que até tentam sair do básico, mas que já estão funcionando bem dentro do simples, e só mantendo o arroz e feijão conseguiriam entregar algo sutil e bem colocado, mas como muitos optam pela ousadia, as vezes precisam pagar o preço. Disse isso para começar a falar do drama nacional "Eu Sou Brasileiro", que certamente muitos irão torcer a cara pela sinopse com cara de tema de novela, outros irão reclamar do exagero do famoso dito popular que brasileiro não desiste nunca, mas certamente embasado nessa essência conseguiram criar um longa que entrega esses dois vértices (um estilo novelesco e o exagero utópico do lema), mas que consegue emocionar pela simplicidade, e talvez se não tivessem alongado tanto a densidade, afinal o filme é curto com apenas 85 minutos (mas parece pelo menos 2 horas!), talvez o filme tivesse sido ainda melhor. Porém mesmo com esses leves defeitos, ainda digo que vale a pena dar a chance para a trama, pois os atores até foram bem coesos nos seus momentos, e traz a lição de que vale tentar para conseguir ir em frente, pois as vezes ainda não era sua hora de estourar, e assim, o filme passa bem o que desejava, mesmo que não indo direto ao ponto.
A sinopse nos conta que Léo passou a sua vida inteira tentando se tornar um jogador de futebol famoso e bem sucedido, mas a rotina suburbana nunca aliviou o seu lado. No entanto, mesmo com todos os problemas, ele faz o mesmo que todo bom brasileiro: não desiste e continua tentando. Na intenção de dar a volta por cima, Léo vai para o tudo ou nada e arrisca uma última grande chance.
A estreia do diretor e roteirista Alessandro Barros pode ser dita como um pequeno passo para algo bem maior, pois já trabalhando com grandes atores jovens e também alguns grandes nomes já do cinema nacional, ele conseguiu entregar sua trama somente usando a base novelesca, mas não seguindo a linha da necessidade de trabalhar com diversos núcleos (o que é excelente!), de modo que vemos a história praticamente toda focada no protagonista e em sua família, e seus perrengues no miolo da história, e tirando o mote do cunhado que poderia ser utilizado de outra forma, tudo acaba bem encaixado e resultando em algo bem montado. Claro que temos diversos exageros, afinal o longa trabalha uma essência otimista demais, e com isso muitos podem até reclamar do estilo, além disso, o diretor usou um artifício muito batido para o miolo da trama, de modo que quem não desconfiar do que está acontecendo certamente nunca viu um filme na vida, e isso poderia ter sido amenizado, mas de forma alguma atrapalha o conteúdo da trama, e sendo assim, diria que o resultado é interessante, e certamente ele irá melhorar muito no próximo filme com o que aprendeu errando aqui, principalmente pelos diversos pontos não explicados na trama, como já disse do caso do cunhado, ou então da quantidade de bandeiras que tanto a mãe quanto a esposa faz, entre outros momentos.
Diria que a equipe foi bem coesa na escolha do elenco, pois todos entregaram um carisma bem próprio para cada um dos papeis, e encontraram estilos certeiros para que suas atuações ficassem bem dentro das personalidades de cada um. O protagonista Daniel Rocha consegue se passar bem tanto no momento mais jovem, quanto na versão mais adulta de seu Léo, de maneira que entrega olhares simples, mas bem encontrados para com o momento que está passando, claro que poderia ter ido bem além, mas não decepciona ao menos. Já Fernanda Vasconcelos entrega momentos bem oscilantes com suas maiores características: um olhar exageradamente triste, de tal maneira que mesmo nas atitudes mais envolventes da trama parece incomodada com sua Lu, mas ao menos se encaixou bem no que era preciso para funcionar o papel. Quanto os demais, tivemos atos bem colocados de Zezé Motta como a diretora da escola, Letícia Spiller como uma terapeuta, e até Cristiana Oliveira caiu bem no papel da mãe do protagonista, de modo que não chegam a surpreender em nada, mas também não atrapalham com o que fazem.
Visualmente o trabalho da equipe de arte foi fazer o básico sem precisar gastar muito, e contou claro com locações simples, e momentos mais bem enquadrados para encontrar um resultado coerente quanto ao jogo, quanto as sessões de terapia, e até nas aulas nos colégios foram sem muito luxo, mas representando bem o que o diretor desejava, trabalhando os elementos cênicos de forma coesa, e com isso o resultado não vai muito além, mas funciona. O único detalhe que não necessitava foi mudar o tom da fotografia para as cenas do protagonista mais velho, pois de cara entregam o que está acontecendo, mesmo com essa parte do filme sendo a maior, ou seja, talvez outros arquétipos encaixariam melhor, e o resultado surpreenderia mais, mas como não é um erro isso, apenas um clichê totalmente tradicional, funcionou ao menos.
Enfim, é um longa que tem muitos pequenos problemas, mas que em essência consegue emocionar e passar sua mensagem, ou seja, funciona de uma maneira simples que poderia ir até mais além, ou talvez trabalhar esses pequenos detalhes para fazer algo mais envolvente ainda, ou seja, vai ter muita gente reclamando dele, mas muitos irão se encontrar com a mensagem, e sendo assim recomendo ele com essas ressalvas, de não esperar muito, e se deixar levar, pois ele passa longe de ser um filme ruim como muitas críticas andaram queimando ele. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
2 comentários:
O que achou da trilha sonora?
Olá Adriano, a trilha do longa ficou bem bacana, encaixada com propriedade nas cenas, e agradável de ouvir... tivemos alguns momentos que a ambientação soa exagerada principalmente nas cenas onde ele vê a mãe já mais velho indo para bosques ou quando abre a tampa, mas isso é comum de vermos nos longas para chamar a atenção... como acontece na maioria dos longas nacionais não divulgam a trilha no spotify ou sites com músicas, senão colocaria aqui para o pessoal ouvir como faço na maioria... Abraços!
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