Antigamente víamos o povo todo com medo de ir conferir um longa de terror, hoje parece que os filmes já não causam tanta tensão e as salas acabam lotando com histórias que procuram mais passar mensagens do que criar temor nos espectadores, e embora a trama de "Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro" consiga assustar em algumas cenas espalhadas (usando claro o manual de pegar desprevenido), a trama que Guillermo Del Toro adaptou ficou juvenil demais para impressionar, tendo sim bons elos, causando bem pelos estranhos personagens, mas sendo algo mais bonito de ver pelo estilo do que algo que fizesse você sair da sessão pensando em como iria dormir só de lembrar de qualquer ato. Por isso não digo que seja um filme ruim, muito pelo contrário, ele nos entrega algo visualmente perfeito, histórias bem montadas, e possivelmente até uma continuação pela última fala do longa, porém esperava ver algo mais forte e tenso, embora a cena das aranhas seja uma das mais horrendas desenvolvidas, ou seja, o filme tem seus méritos, mas poderia ter ido muito além no conceito de algo aterrorizador.
O longa nos conta que no tranquilo povoado de Mill Valley, durante gerações, o legado sombrio da família Bellows cresceu enormemente. Sara Bellows, uma jovem que oculta horríveis segredos, transformou sua tortuosa vida em uma série de histórias macabras escritas em um livro, cuja particularidade é que as mesmas se tornam reais para um grupo de adolescentes que o encontram.
O diretor André Øvredal já havia mostrado seu estilo de trabalhar com sustos no longa "A Autópsia", e aqui junto com Guillermo Del Toro, teve aprimorado ao menos a técnica de colocar ambientações (que foi algo que faltou muito no seu último filme) e conseguiu desenvolver boas situações para algo que possui sim um estilo de série e/ou contos paralelos que encaixam bem no decorrer da trama, e como sempre, ao compôr a história Del Toro colocou o medo vs vontade dos jovens de ir para o Vietnã, encontrou situações para falar de desastres ambientais, e ainda trabalhou outros vértices como o medo dentro de sonhos, brincando até com momentos de racismo, ou seja, incorporou diversos elementos possíveis e achou onde seguir para mostrar os diversos tipos de medo nos anos 60/70. Talvez esse excesso de aberturas tenha ajudado o filme a não ir para um rumo melhor, mas se tivessem mantido a essência, e causado mais tensão de terror mesmo no filme, teríamos algo para colocar com o nome nas alturas, pois só faltou fazer o público ficar com medo realmente de tudo, já que o restante foi perfeito.
Sobre as interpretações, diria que vemos um "Goosebumps" melhorado, pois temos adolescentes correndo na noite de Halloween, temos os mesmos quase que sem expressões, e monstros esquisitos, ou seja, tudo o que o outro já nos entregou, só que aqui a diferença é que sumiços ocorrem (não digo mortes, pois não ficou bem explicado o que acontecerá na sequência!), e as cenas aonde vemos impacto são bem fortes (como a do personagem se montando com suas partes, o espantalho espetando o garfo, as aranhas saindo aos montes, entre outros), e sendo assim diria que talvez o diretor precisava só de mais um pouco de atitude para transformar os jovens em atores melhores e mais expressivos, mas não conseguiu. Dessa forma, Zoe Margareth Colletti apenas fez caras espantadas com sua Stella (tendo a melhor cena ao final quando entra em uma cena antiga). Michael Garza tentou ser um galã com seu Ramón, mas apenas vimos cenas suas sem muita desenvoltura, e isso não chama a atenção. Gabriel Rush e Austin Zajur foram os que mais demonstraram temor nas interpretações de seus Auggie e Chuck, mas como foram bem secundários, nada chamaram atenção. Ou seja, apenas Austin Abrams com seu Tommy caiu bem para a cena mais tensa do longa, a jovem Natalie Ganzhorn também foi bem coerente na cena forte de sua Ruth, e só, pois os demais apenas foram coadjuvantes bem secundários.
Agora sem dúvida o grande mérito do longa ficou pelo conceito visual, tendo locações bem planejadas e detalhadas que mereciam muito mais cenas de impacto, como o casarão dos Bellow que entregou toda uma imponência tensa, as cenas de carro com o morto brigando com o jovem galã, e claro as cenas no milharal e na escola, ou seja, cada ato foi bem pensado e desenhado com diversos elementos visuais, muitas cores e tons para criar sutilezas nos ambientes, e principalmente um elo maior da trama, o que sempre caracteriza os longas de Del Toro, ou seja, um filmão visual que poderia ter ido muito além.
Enfim, volto a frisar que o longa não é ruim, mas ele permeia mais o ambiente, cria situações e falha em causar tensão no público, de modo que parece faltar atitude realmente para o diretor querer ir muito além, afinal muitos irão ver a trama por Del Toro, ou por já ter lido o livro de contos em que a trama é baseada, mas certamente muitos sairão desapontados pelo trabalho simples demais que o diretor acabou entregando, ou seja, é daqueles medianos que não agradam, mas que também não desapontam tanto. Fica assim minha recomendação então, se você gosta de um bom filme visual com elementos de terror bem desenvolvidos, mas que não assusta nada, pode ir conferir tranquilamente, agora se você gosta de sair da sessão morrendo de medo do que viu, pensando em tudo e mais um pouco, aqui você irá se desapontar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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