Existem alguns filmes que vamos conferir já sabendo o que vai acontecer, e geralmente filmes com cachorros ou é daqueles cheios de bagunça que rimos muito, ou então pode levar o lenço para chorar muito com tudo o que esses seres vão transmitir para nós nos seus minutos na telona, e o mais engraçado em "Meu Amigo Enzo", que logo na primeira cena já sabemos o que vai rolar ao final, só não sabíamos que teria muito mais emoção lá pela metade do filme, ou seja, conseguiram trabalhar uma trama bem envolvente, cheia de boas mensagens, que mesmo sendo narrado (quem me conhece sabe o quanto odeio longas narrados!) conseguiu passar emoção, e transmitir uma vivência de olhares sinceros para que a história fluísse bem, encantasse a todos, e mostrasse principalmente os percalços da vida de um jovem piloto, que olha, esse sofreu e muito, com seu amado amigo cão. O longa em si é meio lento demais, pois sendo uma adaptação literária, quase conseguimos ver as viradas de página de cada capítulo se formando na telona, mas felizmente não é daqueles que cansam, pois, a dinâmica funciona, e acredito que até poderiam ter colocado mais impacto em algumas cenas, pois é possível segurar o choro, e se fossem de outra forma, não teria como. Certamente vale a conferida pelas boas cenas com o cachorro, e quem for fã de corridas ainda poderá se emocionar com cenas memoráveis dos mitos do esporte como Senna e muitos outros conhecidos, que são citados e mostrados através de imagens recuperadas em muitos momentos da trama.
O longa conta uma história emocionante narrada por um cão espirituoso e filosófico chamado Enzo, que através de seu vínculo com seu dono Denny Swift, um aspirante a piloto de corridas de Formula 1, ganha uma visão profunda e divertida da condição humana e entende que as técnicas necessárias na pista de corrida também podem ser usadas para passar com sucesso pela jornada da vida. O filme segue Denny e os amores de sua vida - sua esposa Eve, sua jovem filha Zoe e, finalmente, seu verdadeiro melhor amigo, Enzo.
O estilo do diretor Simon Curtis é daqueles que dificilmente nos entregará um filme mais agitado, pois mesmo trabalhando em um filme de velocidade (afinal estamos falando de um piloto de corridas que é bem ousado!) ele conseguiu trabalhar sua trama com classe, cenas calmas bem passadas e cheias de reflexão, montando cada elo de forma concisa e bem clássica, desenvolvendo cada personagem com atitudes coerentes, e principalmente colocando os protagonistas sempre em destaque para funcionar sua proposta. Claro que por ser uma adaptação literária acabaram não ousando muito, mas souberam usar do didatismo clássico, e claro da cartilha básica de como fazer emocionar para pegar o público em cenas chaves, e que com uma boa desenvoltura acabou trabalhando o cerne da trama com um formato carismático, pois o longa certamente poderia ir para um rumo mais cru, ou atacar logo de cara com facetas mais dinâmicas, mas ao trabalhar a síntese dos ensinamentos que uma corrida pode passar para a vida, o resultado sabiamente funciona e envolve, mesmo forçando para tantos clichês emotivos. Ou seja, o diretor não foi muito ousado, mas também não ficou em cima do muro, e soube entregar um filme gostoso de ver, que até poderia ser mais forte, mas não chamaria tanta atenção.
As atuações foram simples, porém bem encaixadas com as personalidades que o longa precisava, e todos os cachorros usados foram tão expressivos e bem treinados, que até se o diretor quisesse usar dele falando e não apenas pensando, acabaria funcionando bem, mas vamos deixar isso de lado, e apoiar o tom de voz incrível que Kevin Costner deu para Enzo, com bons envolvimentos e muita dinâmica em cada ato para emocionar e funcionar muito bem. Milo Ventimiglia conseguiu encontrar muito bem o estilo de um piloto para fazer seu Denny, e olha que o tanto de situações que o personagem passa é para mostrar muito envolvimento emocional e expressividade, ou seja, o ator foi bem coerente nos diversos momentos, mas certamente poderia ter trabalhado mais nos momentos mais tristes para que emocionasse melhor. Amanda Seyfried dorme no formol, só pode, pois sempre está bela e transparecendo emoções de forma não muito comum, pois falta um pouco de dinâmica expressiva nos seus trejeitos, porém aqui com sua Eve, ela teve uma chance maior com o que acontece com sua personagem, e com uma maquiagem bem colocada conseguiu envolver ao menos. Dentre os demais personagens, tivemos bons trejeitos da garotinha Ryan Kiera Armstrong como Zoe, tivemos o bom amigo Don vivido por Gary Cole, e tivemos os sogros ridículos que conseguiram entregar cenas bem impactantes, vividos por Martin Donovan e Kathy Baker.
No conceito cênico a trama não foi muito ousada, mas contou com uma casa bem cheia de elementos cênicos, muita interação do personagem canino com o restante (as cenas com a Zebra são ótimas!), muito carisma nos ambientes mais luxuosos como a pista de corrida, os carros escolhidos e até a mansão dos pais de Eve, de modo que o filme flui sem exageros, mas sabendo no que deseja trabalhar, ou seja, um trabalho sem grandes expressividades da equipe de arte, mas que deixou a trama fluir fácil para o diretor, não precisando forçar a barra para a computação (embora na cena com os brinquedos tenha usado desse artifício), mas sabendo lidar bem com os treinadores caninos para que os diversos cães usados encantassem no ambiente completo, pois foram muito bem treinados para não decepcionar em momento algum.
Enfim, é um longa que não chega a ser daqueles que vamos lavar os cinemas, mas que emociona e envolve bem pela história passada, pelos diversos perrengues que o protagonista acaba tendo em sua vida, e pelas boas mensagens que conseguiram montar misturando o mundo do automobilismo com a vida prática em si, e sendo assim quem gosta do estilo certamente irá gostar do que verá na telona, ou seja, fica a recomendação. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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