É bem interessante vermos a quantidade de filmes fantasiosos que tem saído da Rússia e vindo para o Brasil estrear, pois geralmente de países sem ser os EUA vinham apenas dramas e raras comédias, ou seja, fica a dica para que o Brasil passe a investir também em outros gêneros para exportação. Só não digo que o filme "Abigail e a Cidade Proibida" tenha funcionado mais por exagerar tanto em histórias sem muitos fechamentos, de modo que acabamos achando até que o longa seria algo em vários capítulos ou livros, pois tirando isso, os efeitos são bacanas, os personagens bem colocados, e o resultado até funciona, mesmo que cansando um pouco demais. Ou seja, uma fantasia bem moldada com estilo de videogame que faltou desenvolver personagens e montar uma história mais concentrada para que o filme funcionasse melhor.
O longa nos conta que Abigail é uma garota de oito anos que vive em uma pequena cidade que foi isolada por causa da epidemia de uma misteriosa doença mortal. Seu pai, um famoso engenheiro e inventor, foi levado junto com outras pessoas infectadas para fora da cidade. Dez anos se passaram. Abby agora tem 18 anos e a cidade continua a mesma: fronteiras fechadas, pessoas infectadas e autoridades fiscalizando a população o tempo todo. Uma agência especial de monitoramento anda pela cidade com máscaras misteriosas, que impedem a infecção, e também preservam a identidade de cada agente. Em uma brincadeira, ela esbarra por acaso em um dos mascarados e descobre ser um amigo de seu pai, que sumiu no mesmo dia que ele. Abby encontra então uma fagulha de esperança de reencontrar seu pai com vida e desvendar de uma vez por todas o que acontece na cidade. Junte-se à rebelião.
Não digo que a ideia do diretor Aleksandr Boguslavskiy seja algo ruim, pois seu filme tinha muito potencial para decolar e quem sabe até virar uma franquia maior de aventura/ação russa, afinal o estilo de videogames, poderes, magias, personagens dinâmicos e tudo mais tinha proporções para ganhar muito dinheiro e capturar bem os adolescentes, porém excesso costuma dar muito errado quando não se sabe o rumo que deseja entregar, e aqui temos tantos personagens que aparecem do nada e somem da mesma forma, temos histórias que acabam sendo contadas picadas sem um rumo próprio, e principalmente acabamos tendo uma desenvoltura largada demais para pegar o público e fazer com que torcêssemos pela protagonista ou por alguém da trama, o que acaba ficando algo desencaixado de atitudes sem muitos rumos, o que resulta em filme cheio de dinâmicas, efeitos, personagens, que acabam enrolando tanto no começo para depois acelerar imensamente para conseguir terminar o longa. Ou seja, um filme que teve cortes demais para resultar em algo, mas que não conseguiu chegar a lugar algum.
Não vou me alongar muito nas interpretações por ver que nenhum personagem conseguiu chamar para si o envolvimento do longa, de tal forma que chega a ser mais envolvente ver a jovem Abigail, interpretada por Marta Timofeeva aparecendo a todo momento para desenvolver a trama do que propriamente a meio sem sal Tinatin Dalakishvili que fez a mesma cara em todos os atos, ou seja, se a protagonista já falha, como vamos defender o restante? O pai da garota interpretado Eddie Marsan até teve alguns atos interessantes, mas é praticamente uma memória que fica aparecendo e desaparecendo, que não chega a envolver, mas faz um pouco a mais pelo menos. O jovem guerreiro Bale interpretado por Gleb Bochkov entrega uma desenvoltura até que mais chamativa, mas não vemos muito em seus atos, e isso é algo que acaba sendo até exagerado demais para o fechamento que vemos na tela (e todos sabíamos bem que aconteceria, mesmo sem nada puxar para isso!).
O ponto mais forte do filme podemos dizer que ficou a cargo da cenografia cheia de elementos computacionais, locações bem cheias de objetos cênicos, e muitos efeitos especiais que deram um show visual para a trama misturando estilos de filmes de época com algo mais futurista abusando bastante do tom marrom criando algo bem bacana de ser visto ao menos, parecendo em diversos momentos até um grande episódio daquelas mini histórias que vemos nos jogos de videogame.
Enfim, é um filme que não vai conseguir chamar tanta atenção do público, que peca muito pela falta de ritmo (o que faz cansar demais!), mas que talvez se cair nas mãos de algum produtor americano a história, talvez consigam fazer algo bem interessante em cima do que foi mostrado aqui, pois nessa versão russa, acabo nem recomendando o que está em cartaz. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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