Filmes com temáticas espaciais sempre costumam trazer muito simbolismo para diversos temas que o rodeiam, e não seria diferente com "Ad Astra - Rumo as Estrelas" que entrega algo que costumo reclamar muito, mas que foi feito de uma maneira tão funcional para a trama que me vi conectado com cada momento em que o protagonista narra os seus sentimentos, e isso deu o clima para a trama, fazendo com que o público sentisse quase que o mesmo ar de angústia, de solidão e de vontade de ir para cima como é o caso que vemos na telona (aliás sempre recomendo nesse estilo de filme ir na maior sala possível, pois mesmo não sendo 3D, a imersão ajuda demais na narrativa). Ou seja, o longa é daqueles filmes que quem não curte muito um dramão familiar pesado, aonde as buscas por alguém e pelo seu próprio alguém acabam fluindo de maneira densa, cheia de ícones para imaginarmos diversas situações, mas que muito bem amarrado por um protagonista imponente de atitudes e desenvolturas, acabamos entrando no clima do filme e saindo pensando em tantas coisas quanto o protagonista também com o que acabou fazendo.
O longa nos conta que Roy McBride é um engenheiro espacial que decide empreender a maior jornada de sua vida: viajar para o espaço, cruzar a galáxia e tentar descobrir o que aconteceu com seu pai, um astronauta que se perdeu há vinte anos no caminho para Netuno.
É engraçado como o estilo de um diretor fica marcado nas obras que faz, e James Gray tem essa pegada intimista com protagonistas, colocando geralmente muitas reflexões em suas tramas, e principalmente deixando que o fluxo da história ficasse marcado pela essência em si, não necessitando de grandes firulas, nem ousando para atitudes desenfreadas, e aqui mesmo que o longa entre num vértice bem fictício como a ida para Netuno, passando antes pela Lua e por Marte, com explosões radioativas, personagens voando no espaço, animais desesperados atacando com muito ódio e tudo mais, a perspectiva principal fica voltada a todo momento para a baixa respiração do protagonista, sua história de síntese solitária, e claro, seus objetivos e meios para conseguir, os quais geralmente acabam sendo levemente absurdos e estranhos de acreditar na possibilidade (tanto a entrada na nave, quanto a volta final) de sucesso, mas que na ideia do diretor e roteirista foi possível e funcional. Ou seja, é um filme bem denso, que envolve demais, que vai parecer alongado e cansativo por não ter cenas fortes ou de grande impacto, mas que se torna tão preciso que nos vemos quase que mergulhados em tudo o que é passado, e com isso, o resultado funciona bem.
Diria que Brad Pitt já está até com sua cadeira reservada nas premiações que virão, pois novamente o ator se entregou de uma forma tão imponente, trabalhando trejeitos simples, controlando sua respiração para não ficar ofegante em momento algum, e captando uma densidade tão forte com seu Roy que passamos a segui-lo com muita empatia, ou seja, até mesmo nos seus momentos mais tensos (e errados) acabamos achando que ele fez certo determinado ato, e assim sendo ele nos convence demais com o papel, encontrando a demarcação mais correta e precisa que o filme desejava ter para o protagonista. Praticamente o protagonista leva o filme como sendo somente seu, mas ainda temos boas cenas precisas e bem expressivas de Tommy Lee Jones como Clifford (o pai do protagonista), que consegue ainda entregar tanta personalidade que ficamos bobos de ver, temos ainda Donald Sutherland sabendo encontrar precisão nos olhares e movimentos de imposição para seu Pruitt, e além deles ainda temos muitos bons tripulantes das naves para encaixar cada momento com a desenvoltura mais correta possível, ou seja, um elenco amplo que deixa o protagonista se destacar, mas que está pronto para o que o diretor precisasse mostrar, incluindo claro Liv Tyler tendo mais um marido indo para o espaço, o que ocorre desde que era apenas a filhinha de Steven Tyler lá em "Armageddon".
No conceito cênico a trama soube brincar com o espaço, mostrando bem os planetas do nosso sistema solar, todo o lixo metálico que o homem tem abandonado pelo espaço, ousou em mostrar como seriam as cidades na Lua e em Marte, como são as viagens por pesquisa e as comerciais, e claro trabalhou também as guerras existentes por tecnologia e equipamentos com piratas e tudo mais, além disso a trama soube encantar com simplicidades momentâneas nos olhares, refletiu com ambientes calmos em contraponto aos imponentes atos de emoção, e com muita simbologia trabalhou cada elo cênico, cada objeto, cada carta tecnológica que fez do filme algo além do ambiente em si mostrado na telona, que praticamente entregou junto da ideia original do diretor um filme artisticamente inovador e perfeito de detalhes. A fotografia brincou muito com as cores comuns dos planetas e satélites, trabalhando bem as cenas com muito sol, muita luz, escuridão total, e claro deu para as estrelas toda uma perspectiva visual perfeita, mostrando que a equipe de fotografia gosta bastante de acompanhar os astros celestes.
Um ponto fundamental na trama ficou a cargo da sonoridade, que como bem sabemos no espaço temos o famoso vácuo e não temos som, então em diversos atos apenas ouvimos as respirações do protagonista, seus momentos reflexivos, e que com uma mixagem perfeita nos faz entrar no clima, mas não apenas de silêncio se vive uma boa trama, e com uma trilha sonora orquestrada de primeira linha acabamos ganhando um ritmo bem vivo, cheio de inflexões, que acabam resultando em algo muito bonito de se ver, e claro, ouvir.
Enfim, é um filme que muitos podem odiar pelo estilo mais clássico, cheio de reflexões, narrações e tudo mais, mas que quem entrar no clima acabará bem conectado com cada momento, se verá nas mesmas dúvidas do protagonista, e sonhará com a vastidão do espaço, o que é muito bacana de imaginar, e sendo assim, recomendo com certeza o filme para todos que gostem de dramas espaciais, e vamos aguardar para ver as premiações, mas acredito muito que o filme terá algumas boas indicações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: provavelmente irão me perguntar se o filme me envolveu tanto, então qual o motivo da nota abaixo, e respondo bem rapidamente, que o filme ficou bem no meio do caminho do vamos falar mal da exploração espacial, com a famosa necessidade de se fazer isso em breve, ou seja, poderiam ter discutido mais as atitudes dos homens, e menos as reflexões, mas aí o filme seria outro.
2 comentários:
Meu Deus que filme ruim, perdi duas horas da minha vida socorro!
Oloko Tato... filmaço!!! Cadê seu lado explorador??? Rsss... cada um tem uma opinião mesmo... abraços amigo!!!
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