Sabemos bem que se um filme tem cachorro, o pessoal já fica com vontade de ver, e certamente irá rir das situações que os animais costumam fazer, então por que não fazer um filme dos famosos cachorrinhos da rainha, colocar Donald Trump na parada, e claro, ainda fazer referências a outros filmes famosos? Certamente essa foi a indagação que veio na cabeça do roteirista de "Corgi - Top Dog" que até consegue entreter, e ainda colocar alguns ensejos mais complexos na trama, mas faltou para ele trabalhar um pouco mais o carisma dos personagens para que a dinâmica ficasse mais coesa, pois embora seja um filme bem curto (apenas 85 minutos), o ritmo demora a engrenar, e tudo parece bem preso, ou seja, quase cansa o público mesmo com personagens bonitinhos e levemente engraçados. Ou seja, tentaram muita coisa para uma animação que deveria ser singela e divertida, mas que por pontuar exageradamente alguns temas mais adultos acabou quase que se desconectando, ainda que divirta mais próximo do final.
O longa nos conta que o corgi Rex foi escolhido como "Top Dog", o cachorro preferido da Rainha. Ele vive cercado de outros cachorros no Palácio de Buckingham, repleto de alimentos finos e outras mordomias. Quando uma visita do presidente Donald Trump à Inglaterra tem desdobramentos negativos graças a Rex, o cachorro abandona o Palácio e se aventura por Londres. No caminho, faz novos amigos no canil e se apaixona por Wanda, uma cadela prometida ao cão mais valente do local. Rex precisará reunir todos os esforços necessários para conquistar o amor da sua vida e voltar aos braços da Rainha.
O longa da Bélgica foi trabalhado por dois diretores que já entregaram filmes excelentes por aqui, de modo que esperava ao menos um pouco mais de Vincent Kesteloot e Ben Stassen, que para quem não conhece seus filmes anteriores ("As Aventuras de Robinson Crusoé", "As Aventuras de Sammy", "Sammy - A Grande Fuga") posso dizer que procurem conferir pois são excelentes para os pequeninos, para os pais, e para quem ama tecnologia 3D, ainda afirmo ser os melhores nesse conceito, mas aqui pecaram em excessos, pois tentaram dar vértices mais adultos em piadas de duplo sentido para tentar causar um pouco, ou quem sabe fazer algum tipo de denúncia por raiva de algo dos países trabalhados na trama (EUA e Inglaterra), e dessa forma a trama não desenrola como poderia, ficando presa demais em situações, e brincando de menos com o visual, que é onde os caras sempre mandam bem, além de que por aqui o filme não veio em 3D, e aparentemente temos boas cenas que usaram a tecnologia, ou seja, não quiseram aproveitar tanto para ganhar mais dinheiro, e o resultado embora divirta acabou ficando bem abaixo de qualquer coisa que se esperasse do longa.
Diria que os personagens foram bem trabalhados visualmente, com muitas características comuns de vermos realmente nos tamanhos e texturas dos cachorros, na fisionomia de Trump e Elizabeth, e até nos trejeitos conseguiram criar um tipo de carisma para cada um dos bichinhos, de modo que tanto Rex quanto Charlie entregam características meio que egocêntricas demais, mas destoam pelo estilo que escolhem trabalhar essa "virtude", e o protagonista ainda teve mais tempo para brincar em outros rumos como no canil, aonde temos as diversas outras raças de cachorros que cada um no seu tradicional jeito. Ou seja, poderiam entregar muitas possibilidades com cada um dos personagens bem feitos, envolver mais com o lance do Clube da Luta no canil, brincar com os vértices dos demais personagens no castelo, mas tudo ficou subjetivo demais, que até agrada, mas não vai muito além.
O visual é bem colorido para agradar os pequenos, e as texturas são bem interessantes trabalhando mesmo que sem a tecnologia 3D com ambientes e personagens modelados de forma a convencer com algo mais próximo a realidade, e isso é bem bacana de ver, além de entregarem muitos momentos próprios para divertir sem pensar na história, quase como uma quebra da parede muito usado em peças de teatro, e assim sendo ao menos no conceito produtivo o longa avançou bem.
Enfim, é um filme razoável que diverte mais para o final, e que trabalha alguns temas digamos polêmicos, que consegue ser interessante pela essência e que vai servir para passar o tempo no cinema, mas que fica certamente bem longe de tudo que os diretores já fizeram, e poderiam ter ido muito além. Sendo assim, não digo que recomendo ele, mas também passa bem longe de ser algo ruim, ou seja, ficamos com algo bem mediano. Bem é isso, encerro a semana das estreias aqui, mas volto em breve com textos do streaming, então abraços e até logo mais.
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