Chega a ser engraçado como alguns filmes nos são tão bem vendidos pelo trailer que mesmo sem entender nada do que é mostrado naqueles míseros 3 minutos, ficamos tão curiosos ao ponto de querermos ver logo qual é a ideia por trás da história, e quando vamos conferir a cada nova reviravolta ficamos com aquela famosa cara de ué, depois vamos para o nossa, até chegarmos na última e falarmos putssss... ou seja, o longa "Depois do Casamento" é daqueles que poderiam até passar em branco se não víssemos o trailer, pois tenho certeza de que quem chegar na porta do cinema e ver somente o pôster e o nome irá optar por outro filme, mas que ao colocar duas grandes atrizes que conseguem permear tantos sentimentos nas suas expressões, e depois de cada reviravolta entregar ainda muita subjetividade, o resultado acaba sendo simples, efetivo e bem trabalhado, e digo mais, vou tentar escrever sem spoilers de tudo o que ocorre, pois assim como o trailer não revela nada, a surpresa de cada detalhe é o que faz valer a trama para ficarmos com as mesmas caras que cada um dos envolvidos na trama.
A trama conta a história de uma gerente de um orfanato em Calcutá, na Índia, que luta para manter o estabelecimento funcionando. Desesperada por dinheiro, ela acredita ter encontrado a benfeitora perfeita, dona de empresa multimilionária. Porém, para receber o dinheiro, ela precisa viajar até Nova York e conhecer a mulher por trás da riqueza, em meio a uma pomposa celebração matrimonial. Chegando ao local, a gerente não consegue disfarçar os segredos que a unem ao marido da empresária.
Não lembro bem de ter visto o filme norueguês de mesmo nome de 2006 que até concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo país, no qual o filme foi baseado e está saindo até como uma refilmagem dele, e principalmente por ter tantas reviravoltas seria algo que marcaria a memória, mas tudo bem, vamos focar somente no que foi visto aqui, e com isso posso dizer que o Bart Freundlich foi bem coerente no desenrolar da trama, soube pegar os pontos chaves com classe, e principalmente deu força para que as duas ótimas protagonistas desenvolvessem bem seus atos, pois chega a ser até um daqueles longas de ator, aonde cada uma entrega para a câmera personalidade e estilo com cada entonação, com cada síntese, fazendo com que o diretor somente tivesse de dizer o corta em cada ato, pois sozinhas ambas vão fluindo e nos amarrando junto com cada segredo seja ele do passado ou do presente, e isso só instiga mais o público de quais interesses cada uma tem, e o que cada uma pode atingir.
Já que comecei a falar delas, posso dizer com toda certeza que o longa só funciona pelas protagonistas terem estilos completamente opostos de modo a fazer cada ato mais instigante que o outro, e com muita simplicidade de técnicas expressivas nos convencerem do que estão fazendo, e dessa forma vemos uma Michelle Williams entregando uma Isabel misteriosa e muito desconfiada, que usa da meditação para refletir, mas que teve um passado complicado, além de se moldar muito para cada momento e ter até uma barreira forte para com os demais personagens, o que acaba agradando bastante. Pelo outro lado, Julianne Moore é daquelas atrizes que sabe criar dinâmicas, e aqui usando tão pouca maquiagem conseguiu entregar sensações diferentes para cada ato seu, de modo que acabamos indo a favor dela, depois contra, depois ficamos com pena, entre outros sentimentos, o que acabou dando para sua Theresa uma personalidade maior ainda do que o filme desejava. Billy Crudup foi bem coeso na personalidade que escolheu dar para seu Oscar, de modo que não o vemos falar quase nada nas cenas, mas com os olhares sabemos ver seus pensamentos, além de entregar muitas emoções nas cenas fortes e agradar mesmo com simplicidade. Agora não sei o que pediram para Abby Quinn fazer com sua Grace, pois ao mesmo tempo que soou boba e ingênua, também entregou atos exagerados meio que jogados, e isso não funciona numa personagem que tecnicamente tem uma importância considerável, ou seja, poderiam ter dosado mais seus momentos para que agradasse bem mais. Quanto aos demais, diria que todos foram quase objetos cênicos bem importantes, que se ligaram aos protagonistas por algum ato, mas sem ter muita desenvoltura, tendo um leve destaque para o expressivo garotinho Vir Pachisia.
No conceito cênico a trama teve escolhas bem elaboradas para mostrar tanto o orfanato simples com poucos recursos em contraponto ao luxuoso hotel em que a protagonista vai ficar, além de uma mansão imensa que só aparece em poucos cômodos, mas que ficou cheia de detalhes para o casamento, ou seja, um filme que trabalhou pouco os cenários, mas que utilizou cada momento para ter seus vértices e funcionando bem de pano de fundo para cada momento da trama, brincando bem com as iluminações dos ambientes para dosar tudo de forma bem igual.
Enfim, é um filme interessante com ótimas reviravoltas, que mesmo sendo lento consegue envolver e trabalhar bem no ritmo sem cansar, e que passa bem algumas mensagens fortes sobre a vida. Ou seja, diria que vai agradar bastante quem gosta de dramas, e que mesmo com um final não tão impactante como poderia ter ido mais além, resolve todos os problemas de uma forma coerente. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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