Alguns filmes costumam nos tocar mais que outros, e certamente "Divaldo - O Mensageiro da Paz" possui uma daquelas essências marcantes que acabam entrando em nossa mente emocionando com diversos atos de caridade, de espírito emocional forte, e que com muita desenvoltura, um carisma próprio entre os protagonistas, e ótimas mensagens no conteúdo conseguem levar toda a ideia da trama para um ar mais alto do que é possível imaginar, de forma que vemos entramos na sessão de uma maneira, e saímos de outra completamente diferente, afinal o ar humano do protagonista passa muito mais do que apenas um simples filme. Já afirmei outras vezes que deveriam investir muito nos livros espíritas para o cinema nacional ir muito além, e aqui temos mais um bom exemplo de resultado dando certo, que não precisou nem usar de efeitos especiais exagerados, trabalhando bem os dois planos sem forçar nada, e ainda envolvendo demais em tudo.
O longa nos conta que convivendo com a mediunidade desde os quatro anos, Divaldo era rejeitado pelas outras crianças e reprimido pelo pai. Ao completar 17 anos, o jovem decide usar seu dom para ajudar as pessoas e se muda para Salvador, com o apoio da mãe. Sob a orientação de sua guia espiritual, Joanna de Ângelis, ele se torna um dos médiuns mais importantes de todos os tempos.
Fui bem criterioso ao falar do primeiro filme do diretor Clovis Mello lá em 2015 ("Ninguém Ama Ninguém Por Mais de Dois Anos"), e posso dizer sem sombras de dúvida que ele melhorou consideravelmente seu estilo, trabalhando aqui algo muito mais seguro, com uma essência bem encontrada, sabendo onde e como chegar, de forma que vamos nos emocionando com cada momento, se divertindo com as cenas cômicas bem colocadas, e principalmente acreditando no que nos é dito, pois não apelando para músicas emotivas, nem efeitos forçados com luzes (como muitos costumam usar em filmes de espíritos), o resultado final acaba mostrando que o diretor não apenas fez a doutrina espírita ser bem vista no longa, como também soube homenagear bastante esse enorme difusor da doutrina, que ainda se encontra vivo, e que certamente se emocionou bastante ao ver sua vida contada tão bem por três ótimos atores. Ou seja, o diretor foi conciso no estilo, soube encaixar o roteiro com sinceridade e ritmo, e com o dever de casa bem feito, fez todos se emocionarem na sessão, o que é um grande acerto.
Sobre as interpretações, posso dizer logo de cara que o trio que faz o protagonista encontrou tanta personalidade para criar suas cenas que acabamos envolvidos desde o jovem garotinho que inicialmente tem muito medo dos espíritos, mas que depois se envolve e até faz piadas, vivido por João Bravo, depois passamos para o jovem bem encontrado, com uma desenvoltura perfeita de estilo, que sabe bem encaixar toda o carisma e envolvimento do personagem, de modo que ficamos muito próximo do que Ghilherme Lobo nos entrega, e por último, mas não menos importante, já vemos Divaldo com toda sua essência, sabendo bem o que quer de sua espiritualidade, e já com seus projetos em andamento sendo vivido por Bruno Garcia com muita força visual e imponência para agradar bastante, ou seja, um trio de luxo perfeito em tudo. Outro que certamente não apostaria de forma alguma era no comediante Marcos Veras como o espírito obsessor fortíssimo, cheio de olhares e trejeitos que acaba até sendo tenso de ver, mas que com boas sacadas acabou transformando o personagem e acertando em cheio em todas as cenas. Na outra ponta tivemos Regiane Alves também perfeita como Joanna de Ângelis, a guia espiritual do protagonista, que com um ar envolvente, uma forma de dizer tudo com muita firmeza, mas com leveza, acaba nos envolvendo demais. Além desses temos de dar destaque para Laila Garin como a mãe do jovem muito bem trabalhada, e Bruno Suzano e Osvaldo Mil também muito bem colocados como Nilson nas duas fases.
No conceito visual a trama soube nos envolver com uma boa recriação de época lá nos anos 30, trabalhando todo o charme das festas e viagens de trem que eram bem colocadas, bem como as reuniões espíritas em casas de famílias, até chegarmos no início do desenvolvimento da fundação que hoje cuida de diversos órfãos e necessitados criada pelo protagonista, ou seja, a equipe de arte foi coesa de detalhes, e volto a frisar, não abusou de efeitos especiais, soube trabalhar bem os figurinos e criou um filme simples de encaixes, mas que emociona pela boa essência passada nos detalhes, ou seja, funciona bem demais. A fotografia também não apelou muito para tons fortes, nem iluminações fora de contexto, criando um longa com determinação correta para emocionar, criar dramaticidades e ser funcional tanto para a doutrina, quanto para a homenagem em si.
Enfim, é um filme bem bonito de assistir, que emocionará muitos, e que mostra que o cinema de gênero (no caso religioso) é um dos mais poderosos no país, e que se bem desenvolvido pode alçar voos maiores do que pensam, e vamos torcer muito para isso. Aliás, o filme se vale não apenas para adeptos do espiritismo, mas com certeza envolverá a todos que acreditam na caridade e no ajudar ao próximo, e isso se faz valer para todas as religiões e pessoas do mundo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve, afinal ainda tenho muitos longas para conferir nessa semana, então abraços e até logo mais.
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