Quando um filme consegue criar uma tensão adequada para o tema, e trabalhar em cima disso para que o efeito seja mantido durante todo o longa, acabamos nem percebendo a hora passar, e o mais engraçado disso é quando vamos conferir um filme que sequer passou trailer para imaginarmos qual seria a pegada dele, ou seja, fui conferir "Verão de 84" sem saber praticamente nada dele, e confesso que gostei bastante de tudo o que o filme construiu na telona, trabalhando bem a juventude investigativa de um grupo de amigos, as famosas brincadeiras da época, e claro também os desesperos de crianças sumindo, famílias se separando, e claro, os medos dos jovens. Diria que o filme não é algo perfeito por seguir uma linha quase que de seriado, mas souberam desenvolver tanto a proposta dentro do tempo de tela que acabamos nos envolvendo com os garotos, ficando tensos quando vão realmente invadir a casa, e apavorados com a situação ficando ruim para o lado deles, mas tudo recai da melhor forma, e certamente se fizerem uma continuação, o resultado ainda será bem trabalhado.
A sinopse nos conta que quando chega o período de férias, Davey e os amigos pré-adolescentes do bairro começam a suspeitar que as crianças estão desaparecendo no local. Um dia, ele tem a impressão de ver um garoto sumir dentro da casa de Mackey, um policial conhecido e estimado pelos habitantes. Os quatro amigos passam a reunir provas de que estão morando perto de um assassino em série, embora os adultos não acreditem nestas teorias mirabolantes. Quanto mais eles investigam a vida do vizinho misterioso, mais se expõem a um possível perigo mortal.
Já tinha visto filmes de atores com dupla de direção, mas trio acho que só em animações mesmo, então hoje posso dizer que o time de diretores RKSS (Roadkill Superstar) composto por François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karll Whissell, criaram algo bem desenvolvido com nuances próprias bem colocadas, fazendo com que o envolvimento do público se encaixasse nas atitudes dos personagens, pois acabamos nos vendo como os garotos brincando de pique-esconde, curiosos com situações estranhas, e claro no auge dos hormônios querendo ver revistas e garotas, de forma que o longa acaba funcionando como uma passagem, pois mostra os pais não acreditando nos jovens e tudo mais, ou seja, eles pegaram realmente a essência das situações comuns de ver com adolescentes, e trabalhou isso para o mistério da trama com os sumiços de jovens, e isso ficou muito bom de ver na telona, pois certamente poderiam ter fechado o ciclo com algo simples e conclusivo, mas optaram pelo vértice mais psicológico e tenso, o que além de dar um charme imponente, fez com que o filme tenha força para uma continuação, ou seja, quem sabe veremos Verão de 88 ou 90, que será a data que o protagonista já estará na maioridade e pode funcionar a proposta.
Quanto das atuações, os jovens foram muito bem em cena, brincando com as situações, encontrando olhares apreensivos, mas também transparecendo curiosidade e muita vontade para cada momento, de modo que a amizade reflete no clima e entrega bons atos com todos. Graham Verchere entregou para seu Davey um carisma bem bacana de ver, de modo que suas situações se encaixam bem dosadas, seus olhares funcionaram bem para representar cada momento, e dessa forma ele acabou conseguindo acertar o que o filme pedia, agradando bastante. Caleb Emery também fez boas cenas com seu Woody, demonstrando medo do desconhecido, mas principalmente passando a essência de uma boa amizade estando disposto a tudo para estar junto do amigo, até mesmo quando os problemas ficam bem tensos. Judah Lewis e Cory Gruter-Andrew fizeram bem seus papeis como Eats e Farraday, mas não chamaram tanta atenção, se encaixando mais nos elos do que nas atitudes, e isso acaba ficando um pouco abaixo do que poderiam fazer, mas ao menos não decepcionaram. Tiera Skovbye fez o clássico papel de ex-babá desejada pelos garotos adolescentes, e souberam criar boas dinâmicas para ela não ficar somente nisso com sua Nikki, de forma que agrada bem também nos diálogos com o protagonista. Quanto dos adultos, é claro que o destaque fica para Rich Sommer por ser o suspeito dos garotos com seu policial Mackey que soube trabalhar suas dinâmicas, fazer olhares diferenciados, e principalmente encaixar ritmo nas interpretações para que tudo funcionasse bem, ou seja, colocou o personagem para destaque e agradou muito, agora quando dos pais do protagonista, foram meros enfeites cênicos.
Falando em enfeites cênicos, a equipe de arte conseguiu retratar muito bem a época dos anos 80, com muitas referências em brinquedos, quadrinhos, e trabalhando bem com os figurinos e carros da época, a trama acaba nos envolvendo e mostrando muitas qualidades visuais, criando o ambiente perfeito para cada ato, que junto com uma fotografia escura, mas cheia de desenvolturas para passar o clima correto de tensão, resultaram em um filme dinâmico e com bons elos e arquétipos coerentes para o momento.
Enfim, é um longa bem bacana que consegue transmitir tensão e ainda trabalhar bem o contexto dos anos 80 dentro da visão curiosa dos jovens da época, de modo que quem viveu essa época conseguirá se enxergar dentro da trama e ficar bem feliz com o resultado, embora o final seja algo que não desejávamos tanto que acontecesse, mas que pensando de uma forma mais real, seria completamente mais plausível do que o que vemos nos filmes, e sendo assim, recomendo muito a conferida para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
2 comentários:
Muito boa sua crítica, adorei o site
Olá Marcos... obrigado por curtir o site... seja bem-vindo nessa minha loucura de ver tudo o que tiver passando, e escrever!! Abraços!
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Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...