É intrigante como alguns diretores acabam enrolando tanto seus filmes que acabam passando do ponto, pois "Cascavel" tem uma ideia bem trabalhada, entrega uma tensão evidente, brinca com a ideia do peso na consciência, mas certamente se o filme fosse reduzido em uns 20-25 minutos teríamos tido uma obra perfeita de tudo, mas talvez não seria classificado como um longa-metragem, então essa leve enrolação que acabaram colocando no miolo do filme acaba cansando o público, pois sabemos bem a hesitação da protagonista, conseguimos ver que ela não tem capacidade para matar, mas o diretor fica embaçando tanto que o filme perde o ponto chave de impacto, e com isso seu filme não vai muito para frente. Ou seja, é uma ideia boa com uma conclusão bem feita, mas que falha muito em relação ao que entrega por completo.
O longa nos conta que após Katrina aceitar a ajuda de uma misteriosa mulher, depois de sua filha ter sido mordida por uma cascavel, e a filha estar fora de perigo, a mãe se vê obrigada a pagar a dívida tirando a vida de um total estranho na cidade rural de Tulia, no Texas.
Não vou fazer o mesmo que o diretor Zak Hilditch e ficar enrolando no texto, então vamos direto ao ponto dizendo que a trama em si é bem colocada, consegue passar a ideia de troca de almas, a famosa ajudinha de seres de fora, mas ao direcionar a ideia ele coloca a famosa dúvida na cabeça da protagonista, juntamente com a falta de coragem de fazer o ato em si, mas vemos também a brincadeira de já que vou ter de fazer, que seja para algo bom, ou seja, a trama é cheia dessas reviravoltas de bem versus mal, que funciona e soa interessante de ver, de modo que podemos aplaudir o roteiro de Zak também, mas costumo sempre falar um ditado que ouvia muito na faculdade: "nunca filme o seu próprio roteiro, pois na hora de cortar ficamos com dó de eliminar um céu maravilhoso, uma movimentação de câmera bonita, ou qualquer outra coisa que colocamos no texto, então escreva e dê para outro diretor que confia ou entregue seu roteiro para ser melhorado por outra pessoa antes de ir filmar", e aqui vemos completamente isso, com uma ideia bem feita, mas que 85 minutos viraria facilmente 60 e acabaria incrível logo no banheiro do marido violento, ou no máximo na sala, e pronto, filme incrível, com cena forte incrível, e todos felizes no final.
Sobre as atuações, Carmen Ejogo foi bem com sua Katrina, trabalhou expressões desesperadas, brincou com as emoções, e facilmente dominou seu filme, tendo leves momentos em que poderia ter sido mais contundente, mas ainda assim agradou no que fez. E o mais engraçado é que praticamente só temos a atriz como grande ponto, sendo os demais todos bem de apoio, tendo Theo Rossi com seu Billy apenas um pouco mais de dinâmica pelas cenas fortes suas, mas nada que tivesse feito para impressionar, ou seja, qualquer ator nos demais papeis funcionaria, e todos fizeram apenas o básico para chamar a atenção quando devia.
Quanto da direção de arte, diria que foram bem precisos nas locações, trabalhando bem o ar desértico como quase um segundo elemento artístico, afinal acabamos tendo visões, e quem sabe o que a protagonista vivenciou não foi fruto de uma insolação forte, as cenas com os mortos também foram bem trabalhadas e chocantes, e todo o ambiente em si funciona em todas as locações, desde as tentativas de matar no hospital, o lugar clandestino para comprar a arma, o bar simples, a casa da vítima, e até mesmo o cânion foi bem montado para chamar atenção. Além disso tudo, o longa também contou com uma fotografia árida, cheia de tons laranjas bem fortes, e com isso o resultado acaba chamando bastante atenção.
Enfim, é um longa bem feito, que apenas se alongou demais, pois do restante agrada bem, e é até uma pena ter de dar uma nota mediana para ele, pois essa falha da enrolação acabará cansando muito quem não estiver disposto a ficar esperando tudo acontecer, e com isso o filme certamente terá bem mais reclamações do que elogios por parte do público em geral que for conferir ele na Netflix, então fica sendo assim minha recomendação, que quem for conferir acelere algumas cenas de enrolação, e certamente o resultado talvez fique melhor, pois a ideia é boa. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou conferir mais um longa, afinal está cedo ainda, então abraços e até logo mais.
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