Sabe aqueles filmes que você passa o tempo inteiro tentando desvendar o que aconteceu realmente, criando diversas possibilidades em sua mente (ele morreu, elas morreram, quem está errado, esse aí tem cara de culpado, etc) e quando no filme dá a virada completa você fica sem chão por nem sequer ter imaginado aquilo? Pois bem, eis que temos mais um exemplar na Netflix desse estilo que tanto gostamos de ver, e se chama "Fratura", que certamente muitos até irão pular por não parecer interessante, mas que ao começarem vão ficar até o fim esperando muito saber toda a história. Não digo que a trama não tenha defeitos, pois tem alguns exageros, alguns pontos que podem ser até leves furos, mas o resultado final é tão bom, e tão maluco, que acabamos ficando presos no que o diretor quis que olhássemos, não saindo do comum (e talvez mais óbvio!) para funcionar perfeitamente, ou seja, um filmaço de primeira linha que vale demais a conferida.
O longa nos conta que após um acidente, Ray Monroe e sua esposa Joanne correm com a filha para um hospital próximo. A mãe e a menina são levadas para exames e desaparecem, assim como os registros da visita ao hospital. A partir daí, Ray embarca em uma jornada desesperada para encontrar sua família e descobrir o que aconteceu.
O diretor Brad Anderson simplesmente trabalhou o simples usando a base da dúvida e a confusão, ousando chacoalhar tudo com tantos personagens secundários que a cada momento ficamos pensando se esse já apareceu, ou por quais motivos esse que ajudou ele lá trás não tá fazendo nada, ou seja, ele pegou um roteiro muito bem amarrado e desenvolveu ele com cenas bem fechadas, criando um ambiente claustrofóbico em diversos atos, que até nos pegam em desaviso em diversos momentos, mas que por incrível que pareça, o final não cai em momento algum em nossa cabeça com todas as possibilidades da trama, ainda mais com o fechamento intrigante (que já parecia que nem iriam nos contar!) que ele acabou dando para sua trama. Ou seja, não é um filme genial por si só, mas sim uma trama bem amarrada, que por vezes até achamos um furo ou outro que o diretor, por incrível que pareça, quis colocar para nos enganar, e assim o resultado final só ganhou força por não imaginarmos tudo, virando algo incrivelmente bem feito.
Sobre as atuações sabemos muito bem o potencial de Sam Worthington, e aqui seu Ray nos convence demais sobre tudo o que faz, seus olhares tensos funcionam, sua desenvoltura desesperada convence, e principalmente suas atitudes conseguem passar uma verdade, que mesmo nos deixando com dúvida de que mais ao final não confiamos mais tanto no que ele está dizendo, o ator se entrega e sua loucura final acaba sendo mais perfeita ainda, ou seja, pirou e acertou. Quanto os demais, diria que todos se encaixaram nas personalidades de cada membro como elo conectivo do conflito do personagem principal, sem quase ninguém para se destacar, desde a esposa vivida por Lily Rabe até os médicos imponentes que tentam trabalhar cada momento, mas sem dúvida a Dra. Jacobs é a mais centrada para o filme, e suas cenas foram brilhantes e intensas vividas por Adjoa Andoh (que só me incomodou demais a sobrancelha exagerada dela). A garotinha Lucy Capri também foi muito bem dinâmica e bonitinha de ver, mas como sua personagem some logo, ficamos na mente apenas seus bons atos iniciais.
O longa teve um conceito visual muito bom, com grandes ambientes desenvolvidos dentro de um hospital cheio de lugares diversos para confundir bem o espectador, de modo que ficamos pensando: "Realmente ele passou por ali? Essa câmera de segurança está nos enganando em algo!", além claro de uma construção bem esquisita no meio do nada, uma loja de conveniência jogada, e muita simbologia para abrir diversos vértices, ou seja, a equipe de arte foi minuciosa, brincando inclusive com os personagens para que esses fizessem parte da alegoria completa, ou seja, um filme denso de detalhes que vai fazer com que muitos se percam (e essa era a ideia do diretor!). Com uma fotografia levemente esbranquiçada para dar um ar de confusão técnica, o filme não tem uma gramatura comum, de modo que os tons dão um funcionamento meio que de drogado ou bêbado que é a leve proposta, mas sem exageros, e isso agrada bastante.
Enfim, é um filme daqueles que ficamos muito tensos com tudo, cheio de enigmas em nossa mente, e que agrada sem dúvida alguma todos que gostarem do estilo, ou seja, uma tremenda recomendação que vai valer a pena a conferida, e que dificilmente alguém acertará de cara o que aconteceu realmente (a não ser que leia algum spoiler antes de conferir a trama!). Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos de filmes da Netflix, afinal essa semana os cinemas estarão com apenas uma estreia, então abraços e até logo mais.
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