Sempre que um filme é inovado e ganha as bilheterias tão logo os gananciosos produtores já saem a caça dos roteiristas para que criem uma continuação possível de dar os mesmos frutos com algo muito maior para chamar mais atenção, e o que acaba ocorrendo é que geralmente isso não costuma funcionar bem, afinal a história acaba saindo dos eixos, os efeitos passam a ficar forçados, e assim sendo temos bem mais reclamações do que pontos positivos. Digo isso de "Malévola - Dona Do Mal", não por não ter gostado do que vi na telona, pois visualmente o longa conseguiu o feito de ser ainda mais incrível que o primeiro, fazendo algo que certamente devem logo mais surgir com a temática em algum dos parques da Disney, criando ambientes escuros, com voos e tudo mais para representar os seres da mesma espécie da protagonista, mas que tirando esse detalhe beleza, temos um roteiro raso, lotado de furos, e com atuações tão inexpressivas (inclusive com grandes atores), que saímos da sessão quase que sem nenhuma empolgação, apenas servindo como um passatempo bem feito. Ou seja, talvez esse seja o filme que menos irá cativar o público fã do original, pois ao sair quase que completamente da história base, apenas virou um filme de batalhas meio que sem eixo, bonito, porém sem atitude, que de cara quem levar crianças na sessão sairá bem antes do final, os adultos ao menos irão curtir o visual e as lutas.
O longa nos conta que cinco anos após Aurora despertar do sono profundo, a agora rainha dos Moors é pedida em casamento pelo príncipe Phillip. Ela aceita o pedido e, com isso, parte rumo ao reino de Ulstead ao lado de Malévola, no intuito de conhecer seus futuros sogros, John e Ingrith. O jantar entre eles deveria ser de celebração entre os reinos, mas os interesses de Ingrith vêm à tona quando é criado um atrito com Malévola e os demais seres mágicos.
Pois bem, já falei algumas vezes que o provérbio mais verdadeiro que existe é "em time que está ganhando não se mexe", e diversas vezes vemos que os maiores problemas (ou acertos raros) são quando trocam toda a equipe, e aqui com a mudança de direção, de roteiristas (embora a criadora do primeiro filme tenha entregue uma parte do novo), e até mesmo trocando o príncipe, o resultado já ganhou um formato completamente diferente, pois se antes tínhamos um filme fantasioso com ares de tensão, agora temos um longa de batalhas e intrigas, aonde sequer sabemos de onde veio e para onde vai, com toda a história sendo jogada na tela, acontecendo em forma de bagunça, mas sem muito efeito. Ou seja, não diria que a culpa recaia completamente em cima do diretor norueguês Joachim Rønning, pois ele foi coerente no estilo de batalhas que conhece, soube dar um ar mitológico para a trama, mas por sair da base dos contos de fada, talvez pudesse ter encontrado algum floreamento melhor, e criado algo de base primeiro para depois já ir para os acontecimentos do filme, pois da forma que ocorreu nem sequer entendemos direito os problemas dos seres semelhantes a protagonista, muito menos o grande ranço que a vilã tem contra todos os seres fantasiosos (sendo falado em apenas um diálogo minúsculo nesse caso), e assim o resultado desandou por parte do roteiro fraco demais, e isso um diretor melhor conseguiria arrumar. Sendo assim, acredito que se for ter um terceiro filme (deixaram no ar a jogada do que seria no final), devam trocar todo mundo novamente para tentar voltar à fantasia e envolver mais os pequenos, que aqui na sessão que fui não tinha nenhum, mas tenho certeza que vão pedir para os pais para sair na metade da confusão toda.
Diria que novamente o destaque fica claro para Angelina Jolie com sua Malévola, pois mesmo sem ter tantas cenas imponentes como teve no primeiro filme, aqui ela chama a responsabilidade, faz suas caras fortes, e desenvolve bem seus momentos para que o filme conseguisse ter um deslanche, claro que poderia ir muito além, afinal sabemos do seu potencial e de como consegue dominar suas cenas, mas aqui o texto não lhe ajudou muito. Tiveram vários momentos no filme que fiquei me perguntando se Elle Fanning estava interessada no seu papel de Aurora na produção, pois era cada cara desanimada que entregava, olhares jogados, um semblante de que caiu no lago na primeira cena e ficou molhada a produção inteira que não tinha como colocar ela como uma Bela Adormecida não, ou seja, falhou demais o filme inteiro. Harris Dickinson que entrou para substituir Brenton Thwaites como Príncipe Phillip também fez um papel sem carisma nenhum, de modo que qualquer um que entrasse no filme faria certamente algo mais imponente. Agora quem se destacou com muita certeza também na produção foi Michelle Pfeiffer com uma desenvoltura imponente cheia de olhares fortes com sua Ingrith, de modo que funcionou bem como uma vilã, mesmo que suas atitudes fossem exageradas e jogadas no filme, o resultado chama a atenção. A comicidade ficou a cargo novamente de Sam Riley com seu corvo (aqui mais tempo como humano) Diaval, e o ator mostrou estar afiado para todos os momentos, de modo que até poderia ter ido mais além. Agora quanto os demais, chega a ser triste ver dois grandes atores jogados fora com atuações tão fracas como foi o caso de Chiwetel Eijiofor e Ed Skrein como Conall e Borra respectivamente, que até devem ter aproveitado para brincar bastante de voar nas gravações, fizeram alguns carões, gastaram bastante tempo se maquiando, mas não mostraram o motivo de serem escalados para o projeto.
Sem dúvida o melhor do filme é o conceito visual, com uma floresta cheia de nuances, um palácio com salas secretas e muitos detalhes imponentes, seres místicos voando pela tela e abrilhantando o filme com muita cenografia computacional, mas também ótimas maquiagens e figurinos, de forma que o filme acaba sendo até mais amplo em detalhes do que na didática completa da trama, ou seja, o filme funciona pelo ambiente criado e vive ali, de modo que se qualquer dia você estiver zapeando de canais pela TV e estiver passando o filme certamente só de bater o olho saberá o que está passando sem precisar ler nada, ou seja, a equipe de arte deu um show, e possivelmente deve ser indicada às premiações como ocorreu com o primeiro filme. A fotografia trabalhou bem as cenas escuras e brincou bastante ao passear pelos mundos diferentes da trama, como a floresta, ou o esconderijo dos seres sombrios, de modo que temos ambientes próprios, com tons próprios e que ao se juntar com os tiros explosivos em vermelho o resultado foi um show na tela. Quanto do 3D, temos um filme bem imersivo, com muitas cenas em velocidade com os voos, diversos personagens dando brilho parecendo estar um pouco fora da tela, e muitos detalhes para agradar quem gosta da tecnologia, mas como costumo dizer, só serviram para dar o visual para a trama, não incrementando em nada no filme, ou seja, serve apenas para as crianças brincarem com a tela e nada mais.
Enfim, é um filme que dá para conferir e se divertir pelo entretenimento passado, mas que longe de ter uma história envolvente que o faça ser lembrado (como foi o caso do primeiro filme!), aqui temos um filme de visual bem colocado, com batalhas fortes bem feitas, efeitos interessantes, e que vai fazer com que quem confira não saia desapontado pelo resultado completo, pois ver algo bonito também é válido, porém quem for esperando uma trama bem desenvolvida certamente ficará confuso com toda a bagunça da história, e não sairá tão feliz com a formatação. Ou seja, a dica é ir sem esperar nada, se divertir com o visual, e torcer para que caso façam um terceiro filme, melhorem bem a história, pois vai precisar de um bom roteirista para conseguir arrumar toda a bagunça criada nessa trama nova. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando a semana no cinema, afinal no interior só veio esse, mas estrearam muitos filmes interessantes no streaming nessa semana, então volto em breve com mais textos, abraços e até lá.
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