Costumava reclamar muito dos longas de terror nacionais, mas esse ano tem sido uma surpresa positiva atrás da outra, com filmes tensos bem elaborados, sustos que funcionam, e principalmente uma maquiagem incrível para criar mais ambiente ainda, e hoje posso dizer que "Morto Não Fala" se encaixa entre os melhores do ano com uma pegada forte, uma história simples bem montada, e que faz arrepiar com algumas cenas que fazia tempo, mas praticamente precisei não olhar para a tela como ocorreu na cena da sala com a linha (e olha que gosto muito de filmes estilo "Jogos Mortais", mas aqui foi algo que dá um certo mal-estar de ver acontecendo). Ou seja, um filme forte, muito bem conduzido tanto pela direção quanto pelo elenco, que consegue sintetizar vários estilos de terror, mas principalmente mantendo forte relação com o gore acaba fluindo incrivelmente até o final (o qual ficamos pensando como será que vai acabar isso?), só pecando pelo excesso, pois poderia facilmente ter uns 15 a 20 minutos a menos (que foi quando fui consultar o relógio!) que ficaria perfeito, mas costumo dizer que cortar longas tão bem produzidos é algo que poucos tem coragem, e aqui certamente aconteceu isso para não desejarem cortar cena alguma.
O longa nos conta que Stênio é plantonista noturno no necrotério de uma grande e violenta cidade. Em suas madrugadas de trabalho, ele nunca está só, pois possui um dom paranormal de comunicação com os mortos. Quando as confidências que ouve do além revelam segredos de sua própria vida, Stênio desencadeia uma maldição que traz perigo e morte para perto de si e de sua família.
Diria que o estilo do diretor Dennison Ramalho é daqueles que se for mantido certamente iremos ter ele em mente como um dos grandes nomes do gênero terror no país, e quem sabe fora também, pois ele sabe manter a tensão do momento até o melhor ponto de virada, sem precisar de sustos repentinos nem forçar para clichês casuais, brincando bem com elos, trabalhando a dramaticidade dos personagens, e principalmente usando muito de sua produção, pois certamente o filme sem todos os efeitos cenográficos seria completamente diferente e não causaria nem metade da tensão que tem (pois como disse no começo em determinada cena, até me virei para não ver imaginando que fosse ficar bem pior, mas até dá para ver!), ou seja, ele soube amarrar a boa história que adaptou do conto de Marco de Castro, e com muita criatividade, bons respiros, e uma produção bem cadenciada de efeitos, o resultado da direção acabou aparecendo bem, e o filme funcionou incrivelmente bem também.
Sobre as atuações, diria que o personagem de Stênio caiu como uma luva nos trejeitos de Daniel de Oliveira, que conseguiu conduzir a personalidade do jovem com ares bem dramáticos, fazendo o suspense recair para si sem ser nenhum desses charlatões que ficam fazendo movimentações, mas sim alguém que conversa de boa com os mortos, não ficando nem com medo do que rola, mas também não se deixando levar por eles, e o resultado acaba funcionando bem em tudo, desde os momentos mais tensos e calmos até o âmbito mais desesperado, ou seja, deu show. Fabiula Nascimento ficou meio que em segundo plano com sua Odete, mas com olhares fortes e o seu jeitão despojado acabou que ao final começamos a gostar de seus atos malucos, de modo que o resultado funciona. Chega a irritar o jeito calmo que Bianca Comparato entrega para sua Lara, faltando um pouco mais de atitude, que por mais tímida que seja a personagem, um pouco mais de vida chamaria mais a atenção pra ela, de modo que até os mortos do filme possuem mais vida que sua personagem, não que ela tenha feito algo ruim na trama, mas ficou sem sal demais. As crianças Annalara Prates e Cauã Martins até foram bem colocados, trabalharam corretamente seus momentos como Ciça e Edson, mas exageraram um pouco nos trejeitos, que poderiam ser menos marcados, mas isso é algo que dá pra melhorar, e não chega a atrapalhar nada no filme. Quanto aos demais deram boas conexões, dando claro bem mais destaque para todos os mortos que ficaram incríveis, e assim mesmo com efeitos nas vozes acabaram funcionando para o tom da trama.
Sem dúvida alguma temos de parabenizar a equipe de arte, pois conseguiram fazer ótimas próteses para os mortos serem costurados, abertos e tudo mais, trabalharam bem a ambientação da casa com as diversas assombrações, criando cada cenário melhor que o outro, e principalmente junto com a equipe de fotografia, não deixaram o filme com tonalidades muito escuras para que o filme sumisse, de modo que mesmo com impacto causado com muito sangue, muitos pedaços, apenas escureceram alguns ambientes, em outros apagaram luzes, mas sempre com algo nem que fosse falso para que tudo fosse visto e a tensão fosse passada, ou seja, um filme de arte realmente funcional.
Enfim, um filmaço nacional que certamente vale a conferida, que muitos estão até falando mal pelas cópias sem qualidade espalhadas pela internet, mas que quem for conferir nos cinemas certamente irá ver a boa técnica, a história interessante, e principalmente toda a boa tensão causada pelo ambiente e pelas situações que ocorrem, ou seja, se você gosta de um bom filme de terror fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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