Um filme delicado, gostoso de ver e que passa boas lições familiares, mesmo que usando a base do errado para exemplificar o contrário. Essa é a melhor definição para o longa espanhol "Dezessete" que estreou na última semana na Netflix, pois ele vai com muita simplicidade, com um toque envolvente, e com uma desenvoltura tão bem colocada dos protagonistas nos levando na viagem que os jovens acabam fazendo que mais do que ver a sensação deles com cada momento acontecer, o gostoso é ir quase que junto com eles, ou seja, o longa passa bem longe de ser perfeito por ter alguns elos meio que jogados, alguns exageros que acabam trabalhando para mostrar o certo e o errado, mas que com uma boa dosagem emotiva acaba passando tranquilamente durante toda exibição, sendo um grande acerto de história para ser conferida.
O longa nos conta que como parte do programa de reabilitação de um centro de detenção juvenil, Hector, de 17 anos, cria um vínculo inquebrável com um cão tão tímido e distante quanto ele. Quando o cão de terapia é adotado de repente e não volta ao centro, Hector escapa para procurá-lo. E assim, Hector parte para uma incrível jornada na companhia de seus familiares.
A grande sacada do diretor Daniel Sánchez Arévalo foi não fazer um simples filme de personalidades difíceis, como é o caso de cada um dos personagens, mas sim criar um envolvimento familiar bem colocado, descobertas de vida de cada um, e com isso criar um envolvimento maior do que tudo o que se podia esperar, e olha que certamente pelo trailer e pela sinopse muitos irão pensar que o lado canino da trama é algo que domine o filme, e muito pelo contrário acabam nos levando mais para o lado humano que envolve bastante e funciona, pois temos um personagem quase que sem emoções, com um que transborda emoções fortes, e esse choque acaba sendo acertado demais junto com os elos de meio perfeitos, no caso a avó doente e os cães, que acabaram dando a leveza para a trama e emocionando do começo com algo bem pouco, e ao final já indo direto no coração. Sendo assim, o acerto no roteiro e na formatação da direção foi precisa para agradar demais.
Quantos das atuações foi muito bacana termos um grande contraponto dos protagonistas, pois Biel Montoro quase inexpressivo, seco, e com uma timidez tão forte para seu Hector acaba funcionando demais para o que o personagem pedia, encaixando cada momento com um estilo próprio e agradando pela simplicidade de seus atos, ou seja, o jovem ator agradou em cheio em tudo o que fez. E já do outro lado Nacho Sánchez em sua estreia em longas conseguiu trabalhar tão corretamente com seu Ismael, deixando soltar nuances sarcásticas, ironias bem trabalhadas, e principalmente se deixando levar na onda que o filme propunha para que o resultado agradasse na medida em cada momento, ou seja, fez o básico muito bem feito e se colocou responsável pelos atos certeiros. A jovenzinha de muitos anos Lola Cordón foi quase um Groot do filme com sua personalidade falando apenas "tarapara", mas com olhares tão carinhosos para com os netos que praticamente entendíamos o significado de cada vez que falava pouco, e com uma graciosidade única bem colocada envolvendo a todos. Os cães da produção também foram incríveis, muito bem treinados e cheios de boas desenvolturas para soar fofos e ainda funcionais para cada momento.
No conceito visual, por termos praticamente um roadmovie, o longa teve uma essência simples de locações, passando por paisagens bem bonitas e singelas como a vila que a vó morou, alguns currais, bares, além claro do centro de detenção com os ares tradicionais bem montados, mas sem dúvida a essência visual do filme ficou a cargo das cenas dentro do trailer, aonde tudo acaba acontecendo, com bons detalhes de cada objeto cênico bem preciso e com os personagens fazendo bom uso de cada coisa em seu momento como a carteira, o cinto, o tênis, o celular com as mensagens, o aparelho de oxigenação, as cervejas, o violão, além claro dos personagens como elementos para cada ato funcional, ou seja, tudo se encaixando com bons movimentos, e principalmente com um tom de fotografia bem leve para envolver o público e cativar as emoções.
A sonoridade da trama ficou emblemática com o tocar de poucas notas do violão do protagonista, mas se repararmos o filme inteiro fica com um toque leve e meloso para acompanhar o ritmo da trama, e isso é algo tão gostoso e calmo que vamos nos envolvendo e o filme mesmo longo passa bem rápido.
Enfim, é uma viagem emocionante que agrada bastante, que trabalha os sentimentos, passa boas mensagens, e que principalmente não cansa como geralmente ocorre em dramas desse estilo, ou seja, vale a conferida e certamente tocará muitos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
9 comentários:
Comentário perfeito!
Mas...o que significa "tarapara"? Rsrsrs...
Olá amigo desconhecido... fui pesquisar também, já que me afligiu o filme inteiro a velhinha falando isso... e segundo o diretor pode significar qualquer coisa que o garoto quisesse pensar naquele momento, a vozinha transmitia se era algo bom ou ruim com o franzir da cara, e não com o falar que era interpretado pelo garoto... ou seja, é o "Eu Sou Groot" dela, que o Rocket interpretava da forma que queria também!!! Abraços!
Lindo filme...
Tarapara significa "veremos" normalmente usando de maneira irônica, gíria antiga em espanhol. Não dá pra saber exatamente o que significa pq depende do contexto...
Tb gostaria de saber. Me deixou curiosa. Rsrs
Obrigada. Ajudou bastante
Valeu amigo Tiago!!
Nossa essa palavra me deixou curiosa Afff tarapara
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