Alguns filmes costumam demorar um pouco a mais para engrenar, de modo que vão criando clima, fazendo um suspense de leve, não entregando ao que veio, para nos últimos minutos deslanchar de uma vez só e causar o máximo que pode. Sei que muitos não gostam desse estilo, preferindo terrores mais fortes e diretos, mas posso dizer que hoje o longa da Netflix, "Eli", me surpreendeu bastante nos 15 minutos finais (pela essência e não tanto pelos sustos), e olha que alguns sustinhos leves no miolo já tinham me pegado, ou seja, um filme bem cadenciado que não entrega nada do que é realmente até o final, trabalhando com uma doença estranha, fantasmas, e sonhos estranhos, para que ao explodir no fim mudasse completamente tudo para algo digamos bem mais sinistro. Ou seja, é um filme que se formos olhar a fundo é bem simples, que tem pouca expressividade por conta de um elenco não muito forte, mas que o diretor que já havia feito uma grande continuação de sucesso soube pegar a ideia e incrementar bem, fazendo com que o resultado final fosse além do esperado, valendo a conferida para quem gosta de filmes de terror.
O longa nos mostra que em uma tentativa desesperada de curar o filho de uma doença autoimune, o casal Miller se muda para a mansão esterilizada onde ele será tratado. Lá, Eli tem visões terríveis consideradas alucinações. Mas será que algo muito mais sinistro está acontecendo?
O diretor Ciarán Foy tem estilo e após dois longas de terror fortes de entidades, aqui resolveu trabalhar de uma forma digamos meio que diferente, e ao invés de sair atirando preferiu fazer algo mais leve e com alguns sustos espalhados pela trama, de modo a ir cadenciando cada momento e resultar ao final em algo maior. Claro que isso vai servir para muitas reclamações, pois ao que se parece o filme muda completamente o eixo base para algo que não era sequer pensado, quanto mais esperado, mas que felizmente funcionou bem (ao menos para mim!), e dessa forma vou até torcer para que a Netflix dê o aval para uma continuação, afinal vai ser bacana ver o que acontecerá na viagem, e claro no grande encontro, mas vou parar por aqui para não dar spoilers do que o filme é, pois a sacada foi muito boa, e quem talvez conferir sabendo de algo vai ver de uma forma muito diferente. Ou seja, o roteiro tem diversos furos bem grandes que o diretor não soube tampar, mas não chega a desandar o resultado, e isso é bom, pois em alguns atos o filme poderia facilmente ter ido abaixo com alguns detalhes.
Diria que o jovem Charlie Shotwell foi muito bem colocado na trama como Eli, sabendo controlar bem as emoções nos olhares, fazendo caras e trejeitos de susto e tensão, e principalmente sabendo fechar o filme com a dinâmica proposta chamando muita atenção, ou seja, tem futuro pois é um garoto que tem estilo para diversos estilos, mas no terror deve ainda lucrar bem. A garotinha Sadie Sink já está famosa por "Stranger Things", mas como raramente vejo séries não a conhecia, e aqui ela entregou muita personalidade nas poucas cenas que apareceu, trabalhando bem seus olhares também e funcionando dentro do que se propõe, de modo que agrada no que faz. Lili Taylor até entregou uma Dra. Horn com boas dinâmicas, mas com segredos demais, e a atriz não conseguiu segurar isso, pois seus trejeitos lhe entregavam, ou seja, ela poderia ter sido mais contida no estilo para que ninguém desconfiasse de nada, mas ainda assim foi boa no que fez. Agora sem dúvida quem soube enganar muito bem tudo foram os pais vividos por Max Martini e Kelly Reilly, que entregaram uma simbologia bem singela de movimento, criando um carisma próprio para com o garoto, e mesmo seu Paul sendo rude as vezes com o filho não entregou nada do que se passava, ou seja, foram bem imponentes em tudo, e agradaram bastante com o resultado final, mesmo com os devidos furos de roteiro, que os atores também ignoraram.
O visual do longa conseguiu ser bem moldado, com uma tradicional casa meio que mal-assombrada, personagens fantasmagóricos bem tensos e maquiados na medida, e ambientes no tom perfeito para causar susto, com meia luz leve e tons com tudo aparecendo bem, ou seja, criaram cada sala com perfeição cirúrgica para cada momento, e falando em cirurgia, as cenas que ocorreram na mesa de operações foram bem tensas e fortes de meio que darmos aquela desviada no olhar, ou seja, a equipe de arte preparou bons elementos para que a trama funcionasse na medida.
Enfim, é um longa bem feito com boas nuances, que chega a assustar em diversos momentos, e que funcionaria nos cinemas também, não decepcionando em nada praticamente, ou seja, quem gosta de um terror de sustos, com uma história simples certamente irá curtir a ideia, e principalmente o final, torcendo para a continuação sair, afinal vai ser bacana ver o que irá rolar no caminho, e como vão desenhar o personagem em si. Sendo assim, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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