É interessante descobrirmos o motivo de tentarem barrar o lançamento de um filme, e olha que "A Lavanderia" teve gente de tantos países querendo bloquear o longa que já tinha quase certeza de que não lançariam mesmo tendo um tremendo elenco de peso, mas conseguiram derrubar uma liminar e eis que a Netflix não perdeu nem tempo e já soltou para todos conferirem, ou seja, corram, pois podem facilmente barrar novamente, e digo que não duvido nem um pouco disso depois de ver a trama toda contando como alguns grandes escritórios de advogados e contadores se beneficiaram de isenção de impostos abrindo empresas apenas de fachada com muitos papeis circulando mundo afora em países que sequer sabemos a existência, e claro, prejudicando muitos outros (no caso vemos uma jovem senhora que fica sem receber um seguro milionário por uma empresa de re-seguros ter ao menos uns quatro nomes e com isso na hora de chegar o valor até a ponta final ninguém receber nada). Além disso vemos nomes conhecidos de nosso país aparecer ao final, e com isso até o Brasil (que sabemos que tem muita maracutaia!) surge na trama com grande envolvimento, mas que optam por darem o foco para o grande pai da tramoia que todos sabemos bem quem é. Ou seja, um filme que muitos podem até não gostar pelo excesso de nomenclaturas difíceis, outros podem se incomodar com o estilo meio que bagunçado, mas a verdade é dura de ser mostrada, e aqui foram concisos em pontuar muito bem o trambique todo.
O longa nos conta como Ramón Fonseca e Jürgen Mossack comandam um escritório de advocacia sediado na Cidade do Panamá, de onde gerenciam dezenas de empresas. Eles participam de todo tipo de fraude, sempre dispostos a faturar mais. Um dos casos envolve o pagamento da indenização a Ellen Martin, após seu marido Joe falecer devido a um acidente de barco. Sem receber a quantia prometida, ela decide investigar por conta própria a empresa que está lhe dando calote.
O estilo de Steven Soderbergh é amplo demais, e aqui ele soube cadenciar tudo com um ritmo tão verdadeiro, que mesmo quem não goste de filmes apresentados acaba indo na vibe dos protagonistas com suas explicações sobre como fizeram muito dos golpes de uma forma 100% legal, ou seja, sendo advogados que acharam brechas nas leis para "ajudar" grandes empresas, países e pessoas a desviarem muito dinheiro sem passar por impostos, taxações, e claro sem nenhum rastreio também, tendo vários laranjas, vários nomes e claro nenhum local fixo para que fossem pegos facilmente, ou seja, uma história completamente insana Jake Bernstein escreveu em seu livro, usando bases bem reais de diversos casos que apareceram na mídia, e que Scott Burns adaptou para as telonas, mas mais do que uma adaptação, o grande feitio recaiu sobre o diretor por ter coragem de enfrentar grandes nomes e moldar tudo para que parecesse uma ficção real bem travada, e que mesmo colocando nomes nos pontos chaves para denunciar realmente, ele se coloca também como usuário dos meios, e isso fica ao mesmo tempo crítico e leve de acontecer. Ou seja, o filme tem uma dinâmica meio maluca, que ao usar muitos termos financeiros acaba sendo daqueles complexos que muitos acabam até desistindo na metade do filme, mas que quem chegar nas cenas finais irá ver um grande nome conhecido dos noticiários nacionais, e com isso ficará mais claro entender tudo, e assim o filme funciona bem, e o diretor colocou estilo para que tudo ficasse interessante de ser conferido.
É engraçado ver que eu esperava até mais das atuações do que do filme em si, mas a trama foi tão bem moldada que muitos nem precisaram entregar o seu máximo, de modo que Gary Oldman e Antonio Banderas foram praticamente apresentadores do filme, com seus Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, trabalhando para contar suas histórias e explicar um pouco mais sobre o mercado para os leigos, e com isso não se impuseram com tanta versatilidade, embora tenham brincado bem com trejeitos e estilos, ou seja, não foram ruins, mas para o gabarito de ambos esperávamos bem mais. Meryl Streep sempre será imponente em qualquer papel que faça, e aqui mesmo que sua Ellen pareça desanimada e sem muitos rumos, ao final vemos que a atriz se entregou bastante e deu seu tradicional show, agradando bastante com estilo e com os seus tradicionais olhares. Quanto aos demais, tivemos alguns elos rápidos de diversos atores, desde Sharon Stone com sua simples Hannah, passando por Jeffrey Wright com seu Boncamper sorrateiro, até chegarmos em Nonso Anozie com seu Charles cheio das propinas familiares, ou seja, um elenco coeso bem encaixado com cada momento e que agrada nas rápidas montagens para mostrar um pouco de tudo.
Visualmente o longa passa por tantos países, mostrando alguns estilos, algumas locações características, mas principalmente não fluindo tanta necessidade do local, de modo que se tudo foi gravado em Hollywood, e apenas colocaram os nomes dos países o resultado foi bem enganado, pois é mostrado uma paisagem e em seguida já estamos dentro de locações fechadas como escritórios, e assim sendo o filme é bem recluso de cenas, com elementos bem próprios, deixando que o texto e as interpretações se encaixassem com as nuances, e sendo assim a equipe de arte teve mais trabalho para as cenas dos dois protagonistas enfeitando tudo ao redor, pois como é mostrado ao final, usaram muito chromakey para nos enganar, e assim sendo até o filme faz a mesma coisa que os protagonistas, eles nos enganam para mostrar a facilidade disso.
Enfim, é um filme que passa bem longe de ser perfeito, sendo bem técnico e interessante pela proposta ousada de contar como foram os golpes que explodiram em 2016, sempre trabalhando bem o sarcasmo e a desenvoltura através dos mestres de cerimônia, e usando de um linguajar menos rebuscado para que todos tentem entender tudo, ou seja, um filme gostoso, com uma levada bem trabalhada, que podem até causar um certo estranhamento no público em geral, mas que vai divertir quem se propor a ver de uma forma inusitada, e sendo assim fica a minha recomendação de conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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