Confesso que tenho um gosto particular por filmes com voltas no tempo, pois sempre conseguem me intrigar com essa possibilidade, vemos ideias bem colocadas, mas geralmente entregam tantos furos que chega a dar mais raiva do que alegrias, sendo bem raros os exemplares que funcionam completamente. Já tinha visto várias pessoas dos grupos que sigo falando bem mal do longa da Netflix, "Sombra Lunar", mas como sou persistente e gosto de ter a minha opinião também, eis que resolvi conferir ele hoje, e posso falar que a trama em si tem uma ideia bem boa, uma montagem consistente, mas acaba faltando tanto uma amarração mais forte para prender o espectador, quanto um fechamento melhor para tudo, pois o filme começa a soar repetitivo mesmo sem a necessidade de mostrar as mesmas cenas (o que geralmente costuma ocorrer em longas do estilo), e quando ficamos sabendo realmente quem é quem e o que vai rolar a trama já está muito no final. Ou seja, para funcionar bem talvez o filme teria de ter explicado melhor antes, ou ao final o choque ser daqueles de cair o queixo, e não apenas rolar, pois essa falta de conexão melhor faz com que até ficássemos bem envolvidos com o filme, mas não como o gênero realmente pede, e dessa forma temos um filme médio, que passa bem longe de ser ruim, mas que também não chega nem perto de ser impressionante.
O longa nos situa na Filadélfia, em 1988, aonde determinado a se tornar detetive, o policial Thomas Lockhart segue os rastros de um misterioso serial killer que ataca a cada nove anos. Os crimes desafiam qualquer explicação científica e a obsessão de Lock em descobrir a verdade ameaça destruir sua carreira, sua família e sua sanidade.
Diria que a história em si é interessante, mas que foi escrita por roteiristas que só fizeram séries em seu currículo, ou seja, provavelmente o roteiro tem história para uns 4 episódios pelo menos (as 4 datas que o filme se passa), e que o diretor Jim Mickle teve de ter coragem para filmar e montar em sua cabeça algo de apenas 115 minutos que ficasse coerente e funcionasse, mas que pelo que vimos ele se perdeu um pouco ao ficar desesperado e não conseguiu melhorar a trama ao ponto de ficarmos grudados na TV esperando algo acontecer. Como falei no começo não consigo enxergar a trama como uma bomba completa, pois até o final da terceira data estava bem interessante o andamento, começava a ficar intrigante a busca do protagonista pelos possíveis nomes envolvidos, mas aí ao chegar no fechamento resolveram acelerar tudo e a bagunça desandou, não conseguindo amarrar suficientemente tudo, e ainda deixando tantos furos no roteiro que nem vendo novamente conseguiríamos arrumar todos os pontos, e isso é algo muito ruim, pois volto a frisar, o tema voltar para corrigir algo é tão usado em filmes, e quando funcionam fica muito bom de ver, mas aqui, faltou talvez tempo para o diretor conseguir mostrar tudo o que queria, e dessa forma o filme fraqueja no final, como é bem comum dos longas que só saem na plataforma de streaming.
Sobre as atuações, é fato que Boyd Holbrook possui um estilo forte e carisma suficiente para segurar a trama inteira com seu Lock, e com uma maquiagem bem trabalhada envolvendo preenchimentos, barba e perucas conseguiu trabalhar a loucura que o personagem acaba tendo com o desenrolar da trama, e com muita disposição para seguir com seu plano do começo ao fim ele acaba agradando bastante no que faz, ou seja, se o roteiro não tivesse apressado o final, talvez ele se envolveria ainda mais e entregaria algo mais comovente para o público com seu final, mas isso não temos como mudar. Cleopatra Coleman praticamente correu o filme inteiro com sua Rya, e entregou olhares sempre baixos demais que não chamavam a atenção para seu estilo, porém quando deslanchou a falar entregou um ritmo e concisão direta para funcionar seus atos, e claro justificar tudo. Michael C. Hall deu uma envelhecida monstruosa, de modo que mesmo nas primeiras cenas em 88 ele já entrega seu Holt com um visual que nem reconhecemos de cara, mas como conhecemos bem seu estilo de atuação, logo vemos mais cenas simples bem feitas e logo ele mostra sua desenvoltura bem colocada, que talvez pudesse até ser melhor usada no filme, mas não foi. Quanto os demais personagens, vale um leve destaque para o parceiro do protagonista Maddox, vivido por Bokeem Woodbine bem cheio de gingado, que agrada bastante, e quanto as mulheres esposa e filha do protagonista não diria que tentaram chamar nenhuma atenção, então nem compensa falar delas, agora quanto ao cientista vivido por Al Maini, posso dizer que foi enfeite demais suas cenas, e olha que seria muito importante ter trabalhado mais ele no longa.
O conceito visual da produção não foi muito além, trabalhando bem as épocas pelo visual dos carros e dos figurinos não encheram tanto os olhos com elementos cênicos chamativos, e mesmo a câmara de transporte temporal não foi algo que surpreendesse muito, e mesmo a arma letal foi mostrada tão rapidamente que não chegamos a ver nada imponente demais, ou seja, a equipe tentou trabalhar bem as cenas de ação com muito sangue, algumas perseguições fortes com carros batendo, algumas destruições bem feitas, mas o filme em si ficou condensado nos personagens, o que é bom, mas nada muito além. A fotografia usou muitos tons escuros para dar um clima mais tenso no filme, e conseguiu amarrar a dramaticidade ao menos, mas na hora do choque precisava ter ido além, e mesmo sendo uma cena bem clara, ali talvez um algo a mais ao redor como ocorre na cena anterior dentro da van, funcionaria bem mais.
Enfim, é um filme que ninguém vai sair falando: "nossa que filme impressionante, vá ver agora mesmo!", como foi o caso do outro longa temporal que vimos na Netflix, mas também não é a bomba que muitos estão falando por aí em grupos da plataforma, sendo daqueles que dá para curtir, sem esperar muita coisa, e que se relevarmos o fechamento rápido demais (depois de enrolar um pouco em outros momentos), certamente acabaremos gostando mais dele. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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