É bem fácil dar a nota para "Projeto Gemini", história máximo de 3, atuações e ações um 5 ou 6, tecnologia 3D inovadora 10... o que vai dar uma média 6 por aí, e digo isso com muita tristeza, pois se o diretor Ang Lee, que sempre costuma ser incrível no que faz, tivesse usado não apenas sua intuição para criar um filme hiper-realista com a tecnologia e trabalhasse um pouco mais na história para dramatizar mais o elo da clonagem, a problematização da guerra, ou até mesmo o ar desumano dos atiradores de elite, o resultado seria daqueles filmes para sairmos da sessão aplaudindo emocionados com o que veríamos, mas diferente disso saímos impressionados com a forma de conferir um longa quase que sendo executado na nossa frente realmente, como um brinquedo bem realista de um parque, mas que foi feito somente para isso, e nada mais. Ou seja, é quase um playground de visual incrível, que brincamos nele e depois esquecemos do que se tratou a história mesmo, de modo que quem ama 3D, se conferir em qualquer sala com a tecnologia 3D+HFR que alguns cinemas estão exibindo (felizmente vi em uma delas - que ainda não está exibindo no máximo que o filme foi feito, mas que já foi suficiente para me impressionar) sairá pulando de felicidade, mesmo que sem história alguma.
A sinopse nos conta que Henry Brogan é o melhor assassino profissional do mundo, com uma taxa de sucesso maior do que de qualquer outro, mas, quando decide se aposentar, acaba se tornando um alvo da Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos, para quem trabalhava anteriormente. Enquanto luta para se manter vivo, ele se depara com um clone de si mesmo e descobre que as ações do governo americano são para esconder um grande segredo, que só Brogan, com toda sua experiência, é capaz de desmascarar.
Diria que o diretor Ang Lee foi preguiçoso na direção de seu filme, querendo fazer tanto sucesso com a tecnologia, brincando de pesquisar para lançar algo tão novo e incrível (sim, volto a frisar que é assustador de início, mas depois ao nos acostumar o filme fica muito bacana de conferir!), que esqueceu que precisava trabalhar um pouco mais a história para que tudo ficasse empolgante de conferir também pela essência dramática, de modo que os diálogos acabaram soando tão vazios que tem hora que chegamos a rir do personagem principal não ter muito o que falar, além de que o fechamento é dos mais bizarros possíveis, ou seja, assim como enalteci completamente a tecnologia para que todos confiram, também digo que vá preparado para ver algo completamente sem nexo, usando a clonagem, a guerra, e algumas tretas entre agências no melhor estilo 007, como pano de fundo (quase um pano de chão para dizer a verdade!), de modo que tudo poderia rumar para algo melhor, mas não conseguem sequer passar qualquer mensagem. Ou seja, ação boa em alguns atos, outros bem calmos, mas nada dizendo para onde vai, ou melhor, até mostrando no passeio do carrinho do parque que passa por alguns países, algumas cenas de tiros, mas sem ser efetivo em nada.
Quanto das atuações, a brincadeira de mostrar Will Smith velho e jovem quase que ao mesmo tempo usando artifícios de computação para rejuvenescer o ator através de efeitos foi bem bacana para que seu Junior ficasse realmente como conhecíamos Will a 30 anos (lá em "Bad Boys" ou em "Um Maluco no Pedaço") e isso foi algo fácil para o pessoal dos efeitos por já ter boas referências do ator, mas faltou dinâmica para que tanto Brogan quanto Junior tivessem bons atos de discussão, que seus diálogos fossem mais vivos e interessantes, de forma que sempre o melhor deles víamos nas cenas de pancadaria, e de resto praticamente sumiam, e como bem sabemos Will tem expressividade, tem bom domínio de interpretações de texto, mas aqui não lhe pediram para fazer isso, e dessa forma ele falhou consideravelmente. Mary Elizabeth Winstead fez boas caras e bocas com sua Danny, sabendo mostrar uma personalidade expressiva para a câmera, mas também não teve uma desenvoltura mais solta nos diálogos, o que acabamos vendo que o problema não foram as atuações, mas sim a falta de um texto bom realmente. Dito isso, nem preciso falar de Clive Owen com um Clay exagerado de ideias, mas que não caiu bem no personagem, e praticamente é um enfeite ordenador, algo que um vilão precisa fazer muito mais para chamar a atenção pelo menos, e quanto a Benedict Wong, menos ainda com seu Baron, ao menos soando engraçado suas cenas.
No conceito visual temos cenas bem escolhidas para funcionar muito na nova tecnologia, pois o filme necessitava de ambientes bem abertos para que a profundidade fosse além e resultasse em uma composição incrível de elementos, e isso funcionou muito bem nas diversas cenas do filme, desde as conversas nos barcos, até chegar na grandiosa perseguição e luta com motos, nas cenas explosivas no final, e até mesmo nos momentos de conversas simples, aonde com a tecnologia de mais quadros por segundo (um filme normalmente tem 24 quadros por segundo, esse foi filmado em 120, e está sendo exibido por algumas redes com 60) fez com que o filme parecesse muito mais real, de modo que parece estarmos sentado bem próximos de onde toda a ação do longa acontece, o que é bem legal de ver, ou seja, para quem quiser pagar o ingresso mais caro, dessa vez compensa desde que vá em um cinema que tenha a tecnologia HFR para conferir e brincar com isso, afinal a equipe de fotografia teve um grande trabalho em iluminar ao máximo o filme para que as cores ficassem ainda mais vivas com os efeitos.
Enfim, é um filme fraco? Demais, mas que serve como um bom passatempo para curtirmos a tecnologia, e pensar em que mais poderiam usar ela, pois confesso que praticamente em todos os bons filmes de ação funcionaria muito o uso dela, só bastando que tenham também boas histórias, que não podemos apenas ir num parque brincar sem trazer algo memorável em nossa mente também. Ou seja, recomendo a experiência em si, já que o filme não tem como falar que vale nada, com situações bem jogadas, diálogos arrastados e momentos tão fracos de interação que quando achamos que não pode ser pior, o fechamento ainda consegue. Bem é isso então pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
3 comentários:
Fernando, vc sabe se existe uma lista com as salas exibindo o filme nesse formato? As Imax estão exibindo nesse formato? Agradeço desde já.
Olá Heitor... pior é que não viu... não soltaram lista nem nada... as Imax no Brasil nenhuma está com HFR, todas estão passando em 2D comum... da rede Cinépolis fui informado pelo gerente daqui que quase todas as 3D estão ao menos com 60 fps, o que já é satisfatório então! UCI também a maioria que colocou 3D está passando... tem de chegar na bilheteria e perguntar mesmo infelizmente!!
Ok, muito obg pela atenção e pronta resposta. Vou ver se consigo assistir em HFR em algum local.
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...