Tem alguns estilos de filmes que já estão tão marcados que vamos conferir eles meio que já preparados para todas as partes, e apenas ficamos esperando para saber qual vai ser a desculpa de estarem fazendo tudo, qual o momento da reviravolta, e que alguém vai se lascar na mão de outro, e mesmo sem ver o trailer de "A Grande Mentira", só pelo pôster e pela sinopse já fui conferir tendo a certeza absoluta de que o longa se encaixava nesse estilo. Ou seja, o filme já chega datado, e mesmo que a forma encontrada para o miolo de desenvolvimento seja algo bem trabalhado, acabamos vendo algo estranho de se captar, e que chega a beirar o exagero técnico para não dizer que a mentalidade foi além demais. Claro que o filme tem seus méritos, consegue soar denso pelas ótimas atuações, mas o roteiro é tão aberto para furos que ficamos impressionados com o que foi entregue de maneira abusiva, e assim sendo, muitos vão rir das situações, outros vão ficar intrigados, mas uma coisa todos irão concordar, o filme usa de uma forma de bolo tão usada, que mesmo sabendo que o sabor do bolo vai ser bom, tá na hora de descobrirem como renovar esse formato, senão daqui a pouco ninguém mais vai querer ver esse estilo de filme.
O longa nos mostra que o golpista Roy Courtnay mal consegue acreditar em sua sorte quando conhece a viúva endinheirada Betty McLeish online. Quando Betty abre sua casa e vida para ele, Roy fica surpreso ao perceber que está se afeiçoando a ela, transformando o que deveria ser somente mais um golpe na corda bamba mais traiçoeira de sua vida
O que mais me intriga é ver Bill Condon que é um grande diretor de suspenses investigativos recair nessa trama que é baseada em um livro, e que digamos foi adaptada para os cinemas meio que como um caça níquel, pois não vemos nenhuma das suas atitudes casuais, não vemos algo que nos surpreenda, e até mesmo a história final é jogada de lado pelas convicções trabalhadas, ou seja, o diretor foi seguindo uma linha tão comum que mesmo na hora que chegamos ao final e é revelado tudo, ficamos levemente surpresos com tudo o que ocorreu, mas ficou parecendo um artifício pronto para tapar um buraco imenso, não sendo algo revelador daqueles que o queixo cai. Claro que estou sendo extremamente crítico por já ter visto diversos longas do gênero aonde fomos surpreendidos com situações abrangentes que não esperávamos, e aqui envolver um período histórico, desenvolver um passado dos jovens, e tudo mais, foi bem criado, mas diferente do casual, não soou verdadeiro, parecendo até ser uma segunda mentira maior, o que certamente se fosse usado essa artimanha seria incrível e chamativa, mas não, apenas a usaram, e deixaram como uma verdade, o que acaba mostrando uma certa fraqueza do diretor.
Diria que o filme só não foi por água abaixo pelas ótimas interpretações que a dupla principal entregou para a trama, pois Iam Mckellen se verte perfeitamente para seu Roy com olhares, com dinâmicas, e fazendo desenvolturas cênicas tão precisas quanto um jovem trapaceiro de primeira linha, de tal forma que vemos aquele vôzinho bem colocado fazendo atos tão sacanas que tudo resulta em algo bem montado. Da mesma forma Helen Mirren, nossa eterna rainha, se doa para sua Betty com trejeitos calmos, sintonias bem armadas, e que sutilmente fecha com chave de ouro suas cenas sempre estando preparada para o próximo ensejo, fazendo com que ficássemos sempre esperando sua armadilha sorrateira, que demora um bom tanto, mas que acaba saindo de uma maneira bem colocada. Quanto aos demais, diria que Jim Carter foi bem coeso de olhares com seu Vincent, Russel Tovey entregou uma personalidade bem forte para seu Stephen (que ao final é completamente diferente!), e que faltou muito para acreditarmos nas cenas de Laurie Davidson como Hans, pois o jovem foi muito inexpressivo, e isso em filmes densos é uma falha gravíssima.
Visualmente o longa possui três momentos bem separados, o primeiro com a ambientação dos golpes do protagonista, em salas de reuniões chiques misturadas com um ar russo, mostrando uma Londres meio que diferente do usual, e bem detalhada pela forma do golpe, num segundo momento vemos a casa simples da protagonista, com detalhes cênicos doces bem leves de ver, que acabam mudando o ar completo da trama, inclusive com uma viagem para Berlim, aonde o filme se desmonta inteiro, claro que antes tendo uma cena bem feia de crime, que não esperávamos ver. E por último ao irmos para Berlim, o filme volta no tempo para 1948, aonde vemos acontecimentos como foi a vida do jovem Hans em suas desenvolturas na cidade, que dão um tom completamente diferente para o filme, que até tem um bom elo tramado, mas não agrada como deveria. E o bacana de tudo isso é que a equipe de fotografia não deixou apenas nas mãos da equipe de arte para retratar tudo, usando tonalidades bem diferentes para cada momento, que entregam as formas dramáticas de cada um, com dureza, leveza e dramaticidade determinadas perfeitamente.
Enfim, é um filme casual que já vimos acontecer muitas vezes no cinema, que até tem ritmo bem pautado sem cansar ninguém na sala, mas que não empolga com as surpresas que ocorrem, e isso é ruim para o gênero, então diria que vai agradar somente quem gosta muito do estilo, e principalmente os fãs dos atores, pois serve para ver que ambos ainda dominam muito o estilo interpretativo nas idades que estão, e só por isso já se faz valer a conferida. Então fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal ainda temos bons filmes para conferir na semana, deixo aqui meus abraços e até breve.
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