Diria que sempre é bem interessante ver reboots, particularmente gosto bastante de ver reinvenções de filmes para tentar dar uma cara nova, e as vezes até ficar melhor que o original (claro que existem monstros sagrados que não se deve mexer, mas não vamos entrar em briga nesse momento, pois aqui não é o caso!), e ultimamente o pessoal tem brincado com essas possibilidades de reiniciar franquias usando como base alguns personagens antigos para meio que passar o bastão, e geralmente tem funcionado bem. Porém digo que aqui no novo "As Panteras" poderiam ter trabalhado um pouco mais nos diálogos e no carisma de alguns personagens para que a história funcionasse melhor, de modo que vemos um filme acontecer meio que correndo e jogando para tantos lados, com tantas reviravoltas e sacadas, que em determinado momento já nem sabemos para quem torcemos, fora o final que colocaram meio que vamos resolver assim e está certo acreditem e ponto final. Ou seja, não posso dizer que é um filme ruim, muito pelo contrário, tem boas cenas de ação, atrizes com ritmo bem colocado de atuações, mas parece que faltou um pouco de tudo para funcionar, de modo que sabe quando você come algo estranho que não consegue definir o que está faltando, e acaba falando que falta sal, daí você põe sal, daí acha que falta limão, vai e põe limão, daí falta pimenta, põe pimenta, no fim você já pôs de tudo e ainda parece que falta algo, essa é a definição do que ocorreu aqui, uma grande mistura que não atinge lado algum completamente.
O longa nos conta que Sabina Wilson e Jane Kano são duas Panteras que precisam deixar as diferenças de lado quando embarcam em uma aventura internacional junto à nova Bosley e com a cientista Elena Houghlin. Elas precisam impedir que um novo programa de energia se torne uma ameaça para a humanidade e descobrir quem está por trás de um plano tão maligno.
Quem me acompanha faz tempo já me viu escrever essa frase diversas vezes: "se você é um ator e vai dirigir um filme, faça apenas isso, atuar e dirigir nunca funciona!". Pode ser que isso role em algum filme, mas são raríssimos casos, e aqui possivelmente seja um dos problemas que Elizabeth Banks tenha sofrido em sua trama, pois ela já mostrou potencial de direção com "Escolha Perfeita 2", e é uma atriz bem bacana, mas querer ainda entrar no roteiro, e tudo mais, não rolou, e como disse no começo, ela misturou tantos estilos em seu filme que ficamos perdidos em alguns atos, e cansados em outros, de modo que sua câmera de ação é bem boa, ela soube ditar um ritmo coerente, trabalhou boas dinâmicas de todas as atrizes, e principalmente fez a trama entregar algo novo dentro de um conceito que já conhecíamos através de outros filmes e séries, mas o que ela não soube principalmente foi misturar os problemas e criar um desfecho mais coerente e interessante, parecendo que tinha de colocar aquilo lá de qualquer maneira, e essa falha pesou um pouco para não ser algo tão empolgante. E a partir dessa bagunça, dizer que vão continuar em cima desse novo molde é algo que até se perguntarem para a diretora, ela não saberá responder, pois não tem como acreditar em um futuro com o que foi mostrado.
Sobre as atuações, chega a ser até engraçado ver Kristen Stewart completamente diferente de tudo que já fez tanto de filmes ruins quanto bons, parecendo estar completamente livre para fazer o que desejar, dando um ar bem jovial (para não falar rebelde, maluco) para sua Sabina, de modo que consegue agradar com boas sacadas e dar um carisma bem bacana para a personagem, funcionando bastante. Ella Balinska trabalhou sua Jane de uma maneira bem imponente, de modo que com sua força e estilo de luta (sim, a jovem tem diploma de combate!) conseguiu encontrar dinâmica e mostrar muita técnica, o que fez dela quase uma lutadora nata na trama, e saindo batendo até na sombra de uma forma bem bacana, o que fez de sua Jane algo diferenciado na trama. Falando agora da atriz Elizabeth Banks, ela se controlou muito nos atos de sua Bosley (afinal como disse dirigir e atuar é algo que não funciona!), de modo que vemos cenas bem colocadas, mas nada que chamasse tanta atenção, e isso é ruim, pois a personagem poderia ter ido muito além, embora funcione de argumento de dúvida. Agora definitivamente Naomi Scott é uma atriz para filmes mais calmos como já vimos nesse ano mesmo em "Aladdin", pois lá ela colocou atitude na personalidade e carisma nos trejeitos, enquanto aqui precisou inverter e sair correndo e fazendo atos de impacto para sua Elena, de modo que parecia estar sem ar de tanto correr, e isso é estranho de ver, mesmo que tenha sido divertido pela personagem em si. Quanto dos homens do filme, diria que todos foram estranhos de ver, desde Patrick Stewart como um Bosley aposentado e meio que sem expressões, passando pelo queridinho da Netflix, Noah Centíneo como um personagem levemente jogado na trama com seu Langston, indo depois para Luis Gerardo Méndez com seu Santo cheio de graciosidades, até chegarmos nos imponentes Jonathan Tuker com o lutador assassino Hodak que praticamente não falou nada fazendo apenas muitas caras, bocas e socos, e finalizando com Sam Claflin como um Brock riquíssimo, ingênuo e bobo demais, ou seja, poderiam ter explorado um pouco mais cada um para o filme não ficar só nas dependências das garotas, além de outros que foram praticamente enfeites sem nada além.
No conceito cênico, a produção devia estar com o cartão estourado de milhas, pois a trama se passa em tantas cidades que se realmente gravaram as menores cenas em cada uma das locações foram extremamente corajosos, pois tem cenas em algumas cidades que não duram nem 3 minutos, ou seja, é um foco e já era, e mesmo passando por tantos lugares, o filme tem densidade cênica praticamente só em Istambul com a negociação numa pedreira, ou seja, poderia ser em qualquer cidade do planeta, e numa festa em uma mansão, ou seja, também caberia perfeitamente em qualquer lugar, mas ao menos tivemos bons figurinos, muitas cenas com carros correndo, e bons tiros, dando um certo luxo bem feito para a produção, mostrando que a equipe de arte viu os filmes anteriores e soube manter o estilo.
Agora sem dúvida um ponto altíssimo da trama ficou a cargo de ótimas canções, e de uma trilha orquestrada de primeira linha, que manteve o ritmo forte do começo ao fim, brincando com cada envolvimento e com cada situação, fazendo com que o público ficasse no clima, ou seja, vale dar uma conferida nas canções depois de ver o filme, e aqui deixo o link para isso.
Enfim, é um filme que passa bem longe de ser ruim, mas também não chega nem perto de ser algo que vamos lembrar daqui algum tempo, funcionando como um bom reboot deve ser, mas sem angariar louros para ter sequências, e sendo assim vale a conferida pela dinâmica apresentada numa tarde tranquila deitado no sofá, e nada mais. E eu fico por aqui também, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até amanhã.
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