É engraçado vermos como somos preconceituosos por natureza, pois ao ver o trailer de "Bate Coração" já pré-induzi que veria uma tremenda bomba no cinema, e felizmente o resultado surpreende por conseguir trabalhar um elo maior envolvendo doação de órgãos, quebra de paradigmas, e principalmente por ser um filme colorido e leve de acompanhar, que mesmo tendo certos exageros souberam dosar o estilo e fugir bem de clichês moldados, de forma que agrada de uma forma simples e bem feita dentro do que se propuseram a entregar.
O longa nos conta que Sandro é um homem conquistador e preconceituoso, acostumado a uma vida de luxo. Quando sofre um ataque cardíaco, precisa urgentemente de um coração novo, e recebe o transplante da travesti Isadora, recém-falecida devido a um acidente. Enquanto se recupera e tenta conquistar a médica que realizou a cirurgia, Sandro precisa repensar o seu preconceito.
O diretor e roteirista Glauber Filho que conhecemos bem pelos filmes espíritas "As Mães de Chico Xavier" e "Bezerra de Menezes", não fugiu de suas origens e aqui entregou uma trama tendo o mesmo propósito, porém de uma maneira mais divertida e bem colocada, aonde pode trabalhar mais vértices, e modo que seu filme acaba tendo um tom bacana ao mostrar que a vida não acaba ao irmos para o caixão, e que podemos fazer algo a mais com nosso corpo físico doando órgãos. Ou seja, ele conseguiu aliar b seu estilo, trabalhando a proposta com cores, com classe, sem precisar apelar para efeitos de luz, e que brincando com cada elo da trama pudesse mostrar simplicidade de atos com uma câmera simples e bem trabalhada, ou seja, seu filme não tem uma robustez em cima de nenhum dos temas, mas também não falha com nenhum deles, de modo que emociona nós atos que precisa, e diverte sem forçar a barra em outros. Claro que alguns personagens soaram bobos e desnecessários, alguns diálogos ficaram exagerados e jogados, mas o resultado final acaba funcionando, e isso é o que importa.
E já que comecei a falar dos personagens, posso dizer que a forma doce e bem colocada que Aramis Trindade encontrou para fazer sua Isadora de uma maneira coerente e honesta, sem apelações drags (que até poderiam ter sido usadas), foi tão bem que não tem como não ficar feliz em ver o que faz em cena, e dessa forma o acerto foi muito bem feito. Embora exagere de trejeitos, André Bankoff também soube dar para seu Sandro um estilo mulherengo, algumas forçadas de barra, mas que com olhares soube trazer o personagem para si e agradar com o final que era esperado, ou seja, não decepcionou. Germana Guilheme também foi bem doce com sua Vera, exagerando um pouco demais na emoção, mas sendo agradável na maioria dos atos. Daniel Dias apareceu pouco com seu Otto/Olegario, mas foi bem didático dentro do tema. E dentre os demais vale apenas um leve destaque para Breno Leonne com seu Davi bem singelo e para o exagerado amigo mulherengo Igor vivido por Paulo Verlings, pois os demais apenas exageraram em estilos e por pouco não desandaram a trama.
No conceito visual a trama não chama quase atenção alguma, vivendo com poucos ambientes chamativos, tendo um hospital sem muitos detalhes (que ao menos tem cenas de transplantes sendo mostradas), um apartamento bem bagunçado, uma agência de publicidade bem montada, e um salão de cabeleireiro simples, além de uma boate simples no final, mas nada de muito além.
Enfim, um filme simples e bem feito, que agrada por não exagerar, além de passar boas mensagens, de modo que agrada ao surpreender sem forçar a barra. Ou seja, podem tirar os preconceitos da mente e ir conferir nos cinemas, pois vai agradar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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