Um filme leve, para toda a família, e que entrega praticamente tudo que já vimos no desenho, só que agora em versão live-action e com um pouco mais de idade. Essa pode ser a definição de "Dora e a Cidade Perdida", que começa com Dora pequena no estilo que a garotada está acostumada a ver na TV, conversando com o público, falando as palavras para repetirem, e brincando muito, de modo que se ficassem por ali teríamos uma representação com pessoas das suas historinhas casuais, pois ali já nos foi mostrado o macaco Botas e o Sr. Raposo, mas optaram em levar o filme para uma idade mais avançada, aonde pudessem criar uma aventura maior de exploração, e com isso Dora cresce e vai para a escola, um lugar bem mais perigoso que a selva, aonde temos cobras que não picam, mas destilam venenos bem mais fortes, e certamente se ficassem por ali também teríamos um bom filme, levemente triste, mas funcionaria, então eis que vamos voltar para a selva, e aí foram bem montados com ideias simples e bobinhas para cativar a todos, com músicas infantilizadas, situações cômicas fracas, mas com um ar aventureiro bem trabalhado, e assim sendo a trama funciona com enigmas, com personagens se conhecendo, com relacionamentos tradicionais, e claro, com alguns atos bem feitos, de forma que a entrega é feita conforme prometido, sem muita inovação, mas agradando e passando a mensagem, de modo que talvez até inventem uma continuação, pois cativa os pequenos que ficam na sala conversando com a protagonista, e não incomoda tanto os adultos, ou seja, funciona para toda a família.
O longa ambientado na floresta peruana, narra as aventuras de Dora junto de seu macaco Botas, amigos que acabou de fazer na escola e um misterioso explorador a fim de salvar seus pais de mercenários. Mas Dora também terá de solucionar um grande mistério envolvendo Paratapa, uma antiga cidade perdida dos Incas.
É até engraçado ver o estilo do diretor James Bobin, que está tão bem ambientado em misturar humanos com animações computadorizadas ("Muppets" e "Alice Através do Espelho"), que aqui com apenas dois personagens digitais nem precisou forçar tanto a barra, e com usando do conceito de filme para a família, que ele tanto gosta de trabalhar, soube dosar as cenas de ação com momentos cativantes entre os personagens, para não apenas entregar algo para os fãs da aventureira, mas sim criar um filme juvenil bem trabalhado, cheio de virtudes práticas, que conseguem cativar mesmo com um tema tão bobinho, com situações que não vão chamar tanta atenção, mas que empolgam pela simplicidade, que remetem aos diversos filmes de aventura na selva em busca de templos perdidos que já vimos, e que de uma forma singela ainda entrega uma personagem que pode sim crescer com o tempo no cinema, mas para isso precisarão melhorar e bastante a ideia original, e partir para um rumo maior, e acredito que o diretor tenha potencial para essa mudança.
Quanto das atuações, diria que Isabella Merced tem o estilo aventureiro que a personagem Dora pedia, pois já vimos ela indo muito bem em "Transformers - O Último Cavaleiro", e aqui a jovem soube dominar as cenas com olhares cativantes, sempre empolgada para algo novo, e que no mesmo estilo que a animação sempre entregou acabamos vendo ela pronta para grandes dinâmicas, enigmas e tudo mais, funcionando com ares corretos e bem encaixados, ou seja, o ritmo da atriz é de um potencial até maior do que pediram, e com isso a empolgação da jovem até chega a soar exagerada em alguns momentos. Agora algo que poderiam ter trabalhado melhor foi o elenco de apoio, pois todos sem exceção pareciam levemente desorientados ou sem ânimo para fazer suas cenas, fazendo apenas por fazer, o que não é legal de ver, de modo que vemos Jeff Wahlberg entregando um Diego meio que sem olhares, com um carisma negativo, que até tem atitudes boas em algumas cenas, mas que não chama a atenção em cena alguma, ou seja, aéreo demais. Também vemos Madeleine Madden e Nicholas Coombe como Sammy e Randy participativos nos atos que lhe foram denominados, mas que estão ali como objetos cênicos quase, fazendo seus atos com trejeitos falsos demais, ou seja, sem atitude também para chamar o filme para si. Vemos um Eugenio Derbez completamente gritante, fazendo trejeitos malucos, e parecendo um louco em cena, para mais ao final mudar completamente, e ficar ainda pior com seu Alejandro, ou seja, quase um personagem desconexo, que até sabemos de cara de suas ideias (afinal estamos em um filme infantil e isso não poderia ser muito difícil de ver), mas ao menos poderia ter sido mais imponente. E quanto aos pais de Dora vividos por Michael Peña e Eva Longoria, chega a dar pena, pois só participaram rapidamente de duas cenas, e a dublagem ainda os matou completamente, ou seja, era melhor nem aparecerem. Disse tudo isso, mas também tenho de culpar a dublagem que ficou levemente fraca em todos os personagens, parecendo que arrumaram dubladores de urgência, e o resultado ficou estranho demais, mas como o filme só veio nessa versão, quem sabe um dia veremos ele na versão original para poder recompensar algum ator, o que acho difícil.
No conceito artístico, aparentemente foram para dentro da selva mesmo para filmar a maioria das cenas, e isso deu um ganho visual bem interessante para a produção, ampliando o ambiente cênico para muitos tons de verdes, boas cenas de ação que vemos bem dentro de estúdio com toda a computação disponível, e ao chegarem na cidade perdida o resultado visual lembrou bem os filmes de "Indiana Jones", ou seja, a equipe de arte soube brincar bem com os diversos elementos disponíveis, criando um filme que foi além nesse conceito de arte, e que junto da equipe de fotografia trabalhou tons tão bem marcados, que chega a impressionar como cada ato é bem iluminado e chama a atenção para onde desejavam, que é claro no foco da protagonista. Além disso no momento de animação total, o resultado foi muito gostoso de ver, lembrando bem o desenho que passa na TV, e funcionando para a trama como um sonho, o que agradou e muito.
Enfim, é um filme bem infantil de essência, mas que tem técnica, tem bons momentos, e consegue ser divertido dentro do que se propõe, que até ficou parecendo uma produção indiana pela dancinha no final, pelas cantorias no miolo, mas como sabemos bem que isso faz parte do desenho animado, vamos considerar que fizeram por gosto. Ou seja, quem tem filhos que são fãs da personagem podem ir conferir sem medo que certamente eles vão gostar bastante do que verão, alguns mais pequenos podem estranhar um pouco, afinal aqui a personagem foi mais para o lado adolescente, mas ainda assim a produção é para todos, e sendo assim, até recomendo dentro da limitação, pois volto a frisar que para adultos, quem não tiver filhos achará a trama boba demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já encerrando a semana nos cinemas, mas volto em breve com mais textos dos filmes que estrearam no streaming, então abraços e até logo mais.
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