Um filme tenso de ideias e sentimentos! Essa pode ser a melhor definição para "Doutor Sono" que ao manter a mesma essência como continuação do clássico dos anos 80, "O Iluminado", também entrega uma proposta bem nova em relação à luz, vapor, brilho ou outros nomes que podemos dar para os protagonistas, e aqui usando bem mais dessa formatação com os devoradores de iluminados buscando pela fonte dos poderes dos jovens, que com muita tensão conseguem nos aterrorizar também pelos atos fortes, pelas mortes bem mostradas, e principalmente pela conexão e forma de fuga tão bem colocada, posso dizer que senti muito mais medo vendo essa trama do que o clássico original, e que aqui sim podemos ver o estilo Stephen King com muita precisão, fazendo com que o envolvimento surpreenda demais. Ou seja, um filme de terror/suspense de primeira linha, que trabalha cada ato com princípios bem densos, e que faz com que a junção dos elementos do filme antigo, com a nova proposta do dom com algo a mais, fizesse tudo funcionar com um primor incrível que muitos irão pensar demais na formatação entregue, e talvez até torcer por mais uma continuação.
Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra Abra, uma adolescente corajosa com um dom extra-sensorial, conhecido como Brilho. Ao reconhecer instintivamente que Dan compartilha seu poder, Abra o procura, desesperada para que ele a ajude contra a impiedosa Rose Cartola e seus seguidores do grupo Verdadeiro Nó, que se alimentam do Brilho de inocentes visando a imortalidade.
Ao formarem uma improvável aliança, Dan e Abra se envolvem em uma brutal batalha de vida ou morte com Rose. A inocência de Abra e a maneira destemida que ela abraça seu Brilho fazem com que Dan use seus próprios poderes como nunca, enquanto enfrenta seus medos e desperta os fantasmas do passado.
É muito interessante observarmos no trabalho do diretor e roteirista Mike Flanagan que ele não quis deixar a trama subjetiva demais como foi o filme original, pois em "O Iluminado" tudo acontecia ao redor do garotinho, mas praticamente seu brilho não era tão colocado em pauta, e basicamente o problema estava no hotel, e tínhamos de ficar pensando e elaborando teorias aos milhares para cada ato, enquanto aqui Flanagan pegou o livro de Stephen King e abriu em síntese cada momento, explicando ato a ato, e principalmente dando a sua opinião sobre cada movimento, fazendo com que os personagens tivessem importância, o brilho tivesse importância, e principalmente que o terror ficasse marcado nos atos, que assustássemos com movimentos bruscos, com os sons fortes e trilhas que vimos no original, com cenas clássicas para serem lembradas e executadas, mas que nada ficasse em aberto (ou melhor, o que ficasse em aberto poderia até se verter num terceiro filme, caso queiram!), e dessa forma acabamos ficando tensos de verdade com tudo e com a mente bem aberta para as diversas possibilidades, o que foi um acerto imenso de conferir e ver seu trabalho.
Sobre as atuações, tenho que primeiramente falar dos protagonistas que foram muito bem em cena, começando claro pela ótima Kyliegh Curran com sua Abra cheia de olhares, com imponência nas atitudes e diálogos, de modo que não conhecia a jovem e posso dizer que tem futuro, pois conseguiu segurar um papel de destaque com uma boa postura. Ewan McGregor é daqueles atores que sabem fazer bem certos tipos de personagens, e aqui seu Dan oscila muito no papel, com cenas mais fortes bem executadas, e outras mais calmas que ele deixa a desejar um pouco, mas diria que ele caiu bem para a personalidade mais densa que o papel pedia, e sendo assim não desapontou. Agora quem também chamou muita atenção foi Rebecca Ferguson com sua incrível Rose (que deve ressuscitar a moda de lentes diferentes!) que impressiona pela precisão nos diálogos, sendo direta ao ponto, e criando cada olhar forte para os demais que chegamos a ficar com medo dela aparecer no cinema ou enquanto estivermos dormindo, ou seja, dá pra ter pesadelos com os personagens do filme bem facilmente. Quanto aos demais personagens, temos dois lados muito bem colocados, primeiro os novos personagens que agradaram muito, vividos por Cliff Curtis com seu Billy incrivelmente amigável, Zahn McClarnon com seu Corvo cheio de olhares voados, Emily Alyn Lind com sua Cascavel Andi e Carel Struycken com um bom Vovô Flick, de forma que agradam em suas cenas sejam elas bem feitas pelos atores ou pelas computações que lhe envolveram, mas por outro lado, ver os personagens antigos vividos por novos atores foi algo risível para não falar coisa pior, com Alex Essoe tentando fazer uma Wendy que no primeiro filme ficamos com toda vontade de dar uma machadada na cabeça de tantas caras e bocas que Shelley Duvall fez, e aqui ficou simples e inexpressiva, depois um garotinho completamente diferente vivido aqui por Roger Dale Floyd para parecer com o Danny original de maneira bem falsa, porém felizmente Carl Lumbly honrou Scatman Crothers, fazendo um Halloran muito semelhante, e interessantíssimo, ou seja, tivemos um elenco bagunçado de expressões e personagens.
No conceito visual, souberam acertar muito bem o tom das cenas, com locações escuras bem encontradas desde o apartamento do protagonista, passando pelo quarto da garotinha, até chegar no excelente acampamento dos vilões, que cheios de personalidade ainda passearam por cinemas, por trailers, campos e muito mais para compor cara momento de tensão, lembrando muitos filmes de assassinatos, e o melhor, fazendo cada morte ser mais tensa que a outra, trabalhando cenografia e computação na medida para que tudo fosse bem forte, com cortes imponentes, muito sangue em momentos corretíssimos, e um acerto incrível de ver, ou seja, tudo bem detalhado, luzes acendendo perfeitamente numa sincronia entre iluminação e som no hotel, e claro um jogo completo entre filme antigo e novo nas cenas exatas para que tudo ficasse perfeito. Disse que tivemos muitas locações escuras, porém a equipe de fotografia usou e muito de luzes falsas para que o filme fosse muito bem visto em qualquer sala, não tendo sequer uma cena tradicional de pegar desprevenido o público por ter escuridão demais, muito pelo contrário, pulamos da poltrona em cenas bem claras, e isso é fantástico.
O longa contou com diversas canções clássicas do filme original, trabalhou muito bem a sonoridade de tensão para envolver na trama, e principalmente brincou demais com ruídos, algo que andava faltando muto nos filmes de terror da atualidade, ou seja, um brilhantismo técnico perfeito.
Enfim, é um filme incrível que vale demais a conferida, que me envolveu demais, me emocionou em diversos atos por lembrar o original e me conectar com cada momento, e que claro recomendo muito que todos vejam primeiro "O Iluminado" para lembrar de muitos detalhes, e depois vá ao cinema, apesar de ser possível ver sem ter visto (mas muitas coisas acabarão ficando confusas e sem nexo!), e digo que os 152 minutos passam num piscar de olhos que nem sentimos, de tal forma que é algo muito bom de ver mesmo, e recomendo para todos, mesmo com algumas leves falhas, ou seja, perfeitamente na medida, que até falo para arrumar confusão mesmo, que gostei mais desse do que do clássico, mas que certamente muitos irão ir contra e odiar o filme por qualquer detalhe banal. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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