Sabe aqueles filmes que você fica quase sem ar pela empolgação que a trama acaba causando? "Ford vs Ferrari" pode se orgulhar facilmente de ser um desses exemplares, pois trabalhando com um tema forte que é a competição automobilística, e desenvolvendo muito cada um dos protagonistas de modo a fazer com que nos envolvêssemos com cada ato da trama, o que acaba acontecendo é vermos um filme de atitudes desenfreadas, aonde a cada cueca esperamos o pior, mas que também torcemos para que consigam demonstrar com bons momentos a essência de uma corrida real, do desenvolvimento de um carro, e tudo mais que foram as altas e competitivas corridas do passado, ou seja, um filme recheado de emoções, com atuações incríveis por parte dos protagonistas da história, e que por saberem como entregar o estilo dramático, farão com que o longa desponte também entre os candidatos das premiações desse ano, e sendo já competitivos no filme, lá já entram correndo com muitas chances, pois liberam não forçar nem para o lado comercial demais, nem para o artístico cansativo, tendo nuances boas para todos os gostos.
O filme nos conta que durante a década de 1960, a Ford resolve entrar no ramo das corridas automobilísticas de forma que a empresa ganhe o prestígio e o glamour da concorrente Ferrari, campeoníssima em várias corridas. Para tanto, contrata o ex-piloto Carroll Shelby para chefiar a empreitada. Por mais que tenha carta branca para montar sua equipe, incluindo o piloto e engenheiro Ken Miles, Shelby enfrenta problemas com a diretoria da Ford, especialmente pela mentalidade mais voltada para os negócios e a imagem da empresa do que propriamente em relação ao aspecto esportivo.
O diretor James Mangold que nos entregou o excelente "Logan", volta com tudo para mostrar seu estilo de ação, de modo que aqui ele brincou muito com câmeras dentro dos carros, fazendo rasantes pelo lado do fora, e principalmente ousando em mostrar as perfeitas expressões dos protagonistas, fazendo com que sentíssemos cada um dos momentos que eles estavam vivendo dentro da história, não recaindo para clichês abertos demais, nem montando uma história que não fosse crível o suficiente nas atitudes, ou seja, ele pegou um roteiro muito bom, e recheou a trama de atitudes ousadas, propondo para o público que pilotasse os carros e a equipe em cada um dos momentos. E dessa forma bem criativa, as nuances dentro da história foram ocorrendo, mostrando paixão entre a família, paixão pelas corridas, uma amizade forte e maluca, além claro do modo empreendedor cheio de burocracias que uma empresa grande pode funcionar, ou seja, um filme incrível, feito de forma dinâmica e que agrada demais pelo diretor saber como mostrar os momentos chaves, não deixando de lado nada que fosse mais singelo possível, para que tudo representasse algo a mais.
Sobre as interpretações é fácil ver o motivo de Christian Bale ser um dos maiores nomes da atualidade, pois seu Ken Miles é daqueles que ficamos bravos pelas atitudes que faz, mas que seu carisma é tão emblemático que nos vemos torcendo para ele, ou seja, com olhares precisos, trejeitos fortes, atitudes malucas, e muita determinação ele acaba nos envolvendo de tal dos que só temos que o aplaudir no final tamanha a perfeição que fez tudo. Da mesma forma temos um Matt Damon cheio de nuances com seu Carroll Shelby, entregando muita personalidade, muita imponência de estilo, e fazendo com muito domínio seus atos para chamar a responsabilidade para si, ou seja, deu show também. Jon Bernthal entregou um marqueteiro de muita classe com seu Lee, brincando com olhares, e funcionando dentro do que se propôs, não saindo muito da caixinha, mas agradando na medida. Caitriona Balfe e Noah Jupe entregaram com muito carisma seus Mollie e Peter, fazendo com muito carinho e emoção seus atos familiares junto do protagonista, e sem dúvida alguma o jovem garoto ainda foi além brincando com estilo nós carrões. Josh Lucas foi o famoso personagem que odiamos em todos os filmes com seu Leo Beebe, de modo que com uma personalidade forte, e uma preparação na medida para incomodar, o ator foi certeiro nós atos, criando situações de raiva e acertos precisos que seu personagem pedia. Ray McKinnon trabalhou seu Phil com envolvimento, sabendo entrar em cena com classe, e principalmente sabendo aparecer sem roubar a cena, ou seja, encaixou demais nos atos. E para finalizar temos de falar claro de Tracy Letts e Remo Girone como os dois empresários monstruosos Henry Ford II e Enzo Ferrari, que mesmo aparecendo pouco souberam dosar estilos e demonstrar personalidade para seus papéis fortes, que até poderiam ter ido além, mas como o filme não era sobre eles, foram mais contidos. Ou seja, um elenco incrível de expressões, que dominaram a cena sem roubar o protagonismo dos personagens principais, e que certamente nos lembraremos do que fizeram no longa.
No conceito artístico a equipe de arte mostrou que não estava para brincadeira, caprichando em detalhes de época nas cenas vistas pela TV ou pelo rádio, mostrando bons figurinos, mas principalmente mostrando o feitio de grandes carros de corrida, ótimas cenas de teste em pistas, e uma recriação perfeita das corridas com o ambiente dos boxes, das tribunas, da imprensa desesperada para passar suas emoções, e tudo muito grandioso, num acerto preciso e cheio de detalhes, ou seja, um filme feito na medida, com muita classe nós elementos escolhidos, e que não desaponta em momento algum cenograficamente. Além disso, a equipe de fotografia foi tão singela nós tons, sabendo encontrar as nuances mais corretas para dar ao mesmo tempo tensão e emoção, que capricharam até nos ambientes mais escuros e fechados, como dentro dos carros, para que víssemos o suor, as lágrimas, os envolvimentos mínimos dos personagens, numa captação magistral.
O filme também foi muito forte no conceito sonoro, tendo não só boas canções e trilhas orquestradas que deram um ritmo frenético para a trama, mas também foi trabalhado tão bem os ruídos de peças batendo, parafusos caindo, frenagens, roncar dos motores, explosões, e tudo mais que pudesse dar detalhes incríveis e proporcionassem mais sentimento de estar ao lado dos protagonistas, ou seja, uma perfeição auditiva de primeira linha, que claro deixo aqui o link para todos curtirem as boas canções.
Enfim, um filme feito na medida parar recriar algo forte, que souberam dominar o público tanto pela história quanto pelos quesitos técnicos, que acabamos nos envolvendo com cada ato desde a primeira cena já bem imponente, até às últimas fortes e emocionantes, ou seja, uma precisão cirúrgica por parte do elenco e claro do diretor, que certamente serão lembrados nas premiações, e que dessa forma nem tenho como não recomendar o filme para todos, pois vale cada minuto na sala do cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: embora a cena final seja bem bonita e emocionante, eu terminaria o filme na cena anterior que é bem forte, e assim o impacto seria maior, e principalmente por esse motivo, e mais alguns leves detalhes estou tirando 1 coelho da perfeição que o filme é.
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