Confesso que fui hoje ao cinema esperando uma bomba tremenda, por vários motivos: filme religioso, o filme anterior do diretor foi lastimável, conceito motivacional e o principal, só veio cópia dublada. Ou seja, cheguei na sessão de "Mais Que Vencedores" com um caminhão de pedras para tacar no filme, e cá estava na metade do longa já envolvido com as cenas, se emocionando com a mensagem, e até relevando certos clichês que o gênero costuma entregar, de tal forma que a surpresa que a trama conseguiu trabalhar foi tamanha por diversos outros motivos, e o principal foi criar uma conexão sincera com o espectador, foi trabalhado todo o conceito emocional sem exagerar em pregações, e o principal, o filme não cita em momento algum nenhuma igreja em si, mas sim conversas com Deus, perdões, e muito controle emocional e motivacional da melhor forma possível, ou seja, um filme perfeito dentro do que foi proposto, que agrada na medida certa por fazer a emoção transparecer, e que certamente vai fazer todos molharem os lencinhos.
A trama nos conta que John Harrison é um treinador de time de basquete de ensino médio que tem seus sonhos arruinados quando a maior fábrica da cidade é fechada, fazendo com que centenas de famílias precisem se mudar. Relutante em mudar de esporte, ele se vê obrigado a treinar corredores, o que acaba o unindo com uma inusitada atleta para ganhar a maior corrida do ano.
O estilo do diretor Alex Kendrick é daqueles que podemos conferir a trama tranquilamente sabendo o que esperar, pois ele não é daqueles que invertem sínteses, não criam possibilidades para serem quebradas, e principalmente entrega com dinâmicas certas o que vamos ver diretamente, porém no seu filme anterior, "Quarto de Guerra", ele acabou entregando algo completamente sem personalidade, e quase que direcionado para um culto na telona, o que não é legal de ver, ao menos para as pessoas não tão religiosas, e aqui junto com seu irmão Stephen, foi bem criativo em ir por um caminho diferente, trabalhando mais a sintonia emocional e motivacional que a fé, juntamente com um estímulo bem moldado conseguem mudar uma pessoa, e dessa forma, com uma câmera mais ritmada, e claro, uma história tocante, conseguiu criar algo que foi muito além do esperado, não forçando a barra, nem colocando entraves cansativos no filme, de modo que vemos a hora passar rapidamente, além de entrar no clima que desejavam, e assim o sucesso foi amplo e bem colocado.
Sobre as atuações, posso dizer que a entrega de todos é bem básica, pois não vemos interpretações fabulosas, nem nada que vá fazer você ficar lembrando depois de tal artista, porém os personagens da trama são fortes e bem trabalhados, de modo que eles sim conseguem nos convencer da história e de tudo o que acaba acontecendo. O diretor também faz o protagonista John, e aqui vemos um Alex Kendrick mais centrado, sem muitas dinâmicas, e por vezes até colocado de lado para que outros aparecessem, e esse é o seu grande acerto, pois acaba fluindo nas atitudes de uma maneira certeira, e acaba sendo bonito de ver ele se emocionando também ao final, ou seja, foi bem no papel. Shari Rugby nos entrega uma Amy com personalidade bem encaixada, com emoção e sentimento nós seus atos, acabando com uma fluidez correta para o papel de mãe e esposa, que não entrega nada de muito diferenciado, mas agrada no que faz em cena. Cameron Arnett nos entrega um Thomas sereno de emoções, passando bem os olhares para longe da câmera para demonstrar a cegueira, e que com envolvimento no tom conseguiu trabalhar muito bem seus atos, fazendo com que o personagem marcasse muita presença cênica. Priscilla C. Shirer trouxe para a diretora da escola cristã Olivia o ato da oração, que além de ser bonito de ver como é passado resulta em uma cena bem colocada, e mesmo que não vá muito além disso, ela acaba sendo um bom acerto. E claro, tivemos a jovem Aryn Wright-Thompson com sua Hannah meio que sem muitas expressões, mas que tem uma boa inversão de personalidade no último ato, chamando atenção e agradando. Agora quanto aos demais, foram meros coadjuvantes, com destaque negativo para as cenas da aula de teatro completamente desnecessárias e muito ruins, que poderiam ter sido eliminadas. Sobre a dublagem, prefiro não dizer que tenha sido algo bem feito, mas que passa bem longe de ser ruim, dando para agradar com o resultado.
No conceito visual o longa não entrega também muita coisa, ficando entre o campo de treino da escola, o hospital, e algumas cenas nas casas dos protagonistas, mas a emoção se complementa com o texto da corrida final, que ali usaram um artifício muito bem trabalhado para que as cenas ocorressem com perfeição e envolvimento, o que junto de tons bem colocados dentro da dinâmica dentro do percurso de trilha ficasse bem moldado e resultasse em algo muito bem feito.
A trama contou com uma trilha sonora de primeira linha, com músicas escolhidas a dedo para que o filme fluísse em ritmo, e claro, passasse a mensagem religiosa com a letra em si, e assim sendo vale muito escutar ela depois como reflexão, e por serem gostosas de ouvir também, então fica aqui o link para todos curtirem.
Enfim, como comecei o texto dizendo estar preparado para o pior, termino o texto dizendo que foi algo incrivelmente surpreendente que me agradou demais, e que mesmo os erros mais cruciais como a dublagem fraca, as cenas desnecessárias, e a falta de uma atividade mais forte em alguns atos foram completamente irrelevantes para o ótimo resultado emocional e motivacional que o filme nos proporciona. E dessa forma acabo recomendando muito ele para todos, independentemente da crença que cada um tenha. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou para mais uma sessão, então abraços e até logo mais.
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