Se tem um estilo de filme que consegue prender com muita imponência é o tal dos filmes de guerra, e se tem um diretor que costuma saber brincar com estilos diferentes de guerras é Roland Emmerich. Então só de ler essa inicialização você já imagina que "Midway - Batalha em Alto Mar" não tem como dar errado, e é pego de surpresa com um filme que entrega uma grandiosidade tão acima dos padrões, que se perde em ter muitos personagens importantes que precisaram ter destaques espalhados, e assim sendo toda a força do longa, com seus tiros para todos os lados e estratégias bem moldadas de ambos os lados acaba funcionando como algo forte de ver, cheio de boas desenvolturas, mas a todo momento ficamos pensando quem irá se destacar mais por algo, resultando em gastos de atitudes desnecessárias. Ou seja, ainda é um tremendo filme, que acaba agradando como um bom passatempo histórico, mas que poderia ter ido muito além se não tivesse tantos focos em cada um dos destaques, e entregasse mais sobre a guerra realmente, sendo quase que um show aonde os holofotes ficam piscando sem parar em cada membro da banda, e ficamos sem saber em quem devemos focar para melhor entender a história completa.
O filme traz a perspectiva de soldados e aviadores (americanos e japoneses) que lutaram bravamente durante a Batalha de Midway, no Oceano Pacífico em junho de 1942. Através de mensagens codificadas, a Marinha Americana conseguiu identificar a localização e o horário dos ataques previstos pela Marinha Imperial Japonesa. Até hoje a disputa é considerada pelos historiadores como um dos pontos mais relevantes para o fim da Segunda Guerra Mundial.
O mais interessante de ver os filmes do diretor Roland Emmerich é que sabemos que boa parte do que vemos na tela irá explodir em algum momento, veremos mortes, e claro personagens que irão tentar ganhar destaque durante a trama, e aqui o roteiro de estreia de Wes Took para cinema veio com a liberdade que o diretor gosta de trabalhar, dando abertura para muitos vértices, ou seja, é quase como vermos um documentário aonde os entrevistados não tem de falar nada, apenas ter suas ações e fazer acontecer, e dessa forma irem mostrando como foram importantes para os devidos atos da guerra. Ou seja, a trama tem uma desenvoltura própria diferente do que já vimos em outros filmes de guerra, mas talvez se tivessem menos personagens importantes para desenvolver e o foco recaísse mais para a guerra em si (a qual sabemos bem como foi o desfecho!), certamente teríamos um daqueles filmes envolventes, cheios de personalidade que emocionariam a todos, sem precisar de apelações, pois tinha tudo no conteúdo para funcionar. Claro que vemos muitas cenas de ação, muitos tiros, muitas cenas imponentes com aviões dando rasantes, navios sendo explodidos, e personagens fazendo caras e bocas fortes querendo ser maior que o outro, e só esse conjunto completo já faz valer a conferida, mas esperava um pouco mais da trama para emocionar com o envolvimento casual que vemos em longas de guerra, e sendo assim, o diretor poderia ter ido muito além.
Com um elenco de peso não tem como falar que qualquer um tenha ido mal em cena, pois é plenamente impossível isso, e aqui vemos desde o menor personagem sendo bem trabalhado com muito envolvimento, agradando em estilo, e funcionando bem para sua devida cena, o que acaba acontecendo como disse antes de nos perdermos um pouco em seus atos e momentos, deixando a trama em segundo plano, focando demais neles. Para começar temos um Woody Harrelson tão diferente de cabelo branco que só o reconheci pela voz, pois entregou trejeitos tão moderados para seu Nimitz que acabamos não vendo ele como alguém forte como costumamos ver. Patrick Wilson deu um tom bem denso para seu Layton, de modo que suas cenas táticas foram tão bem executadas, com olhares, envolvimentos e tudo mais que fez com que o ator se destacasse, e levando junto ainda Brennan Brown com seu Rochefort excêntrico, mas bem chamativo. Claro que o filme tem grande destaque para o papel forte de Ed Skrein com seu Dick Best, pois ele cativa bem o misto entre vingança, loucura e emoção, e que ao entregar toda uma personalidade imponente para o papel, ainda levou na garupa a trama com um bom envolvimento da mulher forte vivida por Mandy Moore, e o jovem Keean Johnson como Murray que meio que adotou dentro do seu grupo, ou seja, temos um trio bem pautado que funciona. Luke Evans brincou bem com seu McCluski, de forma que aparece meio que secundário na trama de Skrein, mas entrega boas cenas. Ainda temos Aaron Eckhart entregando um Doolittle cheio de vertentes mais no chão, e que apareceu bem rapidamente, mas foi funcional. E ainda tivemos as participações rápidas e imponentes com Nick Jonas fazendo um Gaido sério e cheio de personalidade, além de Geofrey Blake nem sendo importante como ator, mas sim mostrando o diretor John Ford filmando seu documentário ganhador do Oscar de 1942, o que acaba sendo bem legal e maluco de ver. Do lado japonês, diria que conseguiram passar a fidelidade incrivelmente séria de todos os artistas, não dando para destacar nenhum, pois todos foram muito bem no que fizeram.
Quanto do conceito visual, é fato que todos os filmes de Emmerich possuem uma realidade fora do padrão, mesmo quando seus filmes envolvem coisas irreais, então quando temos algo que aconteceu mesmo o prezo é ainda maior com detalhes, mostrando embarcações imensas, aviões incríveis, muitos (mas coloque muitos aí, que não é algo comum) tiros para todos os lados, de forma que ficamos até pensando como conseguiam errar (ou melhor, os pilotos desviar), de tanto que atiravam na direção deles, figurinos precisos, e muitos efeitos explosivos, de modo que sabemos que muito foi feito através de computação gráfica, mas conseguiram passar um realismo muito perfeito em todas as cenas, que ficamos abismados com cada ato, com cada precisão de coisas explodindo, que resultaram em cenas que se tivéssemos em uma sala maior, e talvez com 3D, seria ainda mais incrível, pois o filme pedia algo a mais também. A fotografia foi muito perfeita de tons, trabalhando muito o vermelho com os tiros, o marrom esverdeado na cenografia e no figurino dando um ar de sujo que toda guerra tem de possuir, e claro balanceando tudo isso com muitas sombras para que os efeitos funcionassem, ou seja, um trabalho minucioso de técnicas para chamar a atenção.
Enfim, é um filme que tinha tudo para ser daqueles memoráveis, que funcionaria muito bem como homenagem para os heróis de guerra, e que com uma representação grandiosa chamaria a atenção demais para todas as premiações, mas o diretor quis trabalhar demais cada personagem e cada momento do longa em que cada um se envolveu, de modo que não entregou algo a mais de ninguém, e assim o filme soa bem falho de conteúdo complementar, sendo sim um bom filme para passar um tempo e curtir, mas que passa bem longe de tudo o que o orçamento gasto almejava alcançar. Ou seja, até recomendo a trama para aqueles que gostam do estilo, mas não espere muito do longa, pois ele não vai entregar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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