Já assisti muitos filmes inexpressivos, daqueles que batem um sono imenso ao conferir, e que a gente só não sai da sessão, ou muda de canal na expectativa de querer saber o final e se até lá algo vai acontecer, e a raiva bate ainda maior quando ocorre algo simples demais que não empolga por nada. E um exemplar desse tipo lançado nessa semana pela Netflix é "Pássaro do Oriente", que mostra principalmente o motivo de Alicia Vikander ser chamada para personagens robóticos, pois aqui ela é quase um ser sem movimentos, que falando tudo em pausa, com sérias confusões mentais em suas lembranças de um passado bem doloroso, e que numa tentativa de enganar o público através de jogadas, acaba entregando algo tão morno, que quem estiver com sono certamente irá apagar vendo a produção, porém como esperava ver algo a mais no final, fiquei bem preparado, esperando o fim do longa para: nada acontecer além do que esperava que acontecesse. Ou seja, quem colocou ele na lista, já remova que não compensa o crime.
O filme que se passa na Tóquio de 1989, segue Lucy Fly, uma expatriada misteriosa assombrada por um passado doloroso, que começa um relacionamento intenso com Teiji, um fotógrafo local também problemático. A fachada imperturbável de Lucy começa a desmoronar quando uma recém-chegada, Lily Bridges(Riley Keough), se envolve com a vida do casal e acaba desaparecida, possivelmente morta.
Tenho a nítida certeza de que o livro de Susanna Jones tem bem mais tensão do que o diretor Wash Westmoreland conseguiu passar para sua trama, pois mesmo que o filme seja extremamente cansativo e arrastado, em momento algum podemos negar que ele não nos prende, senão mudaríamos de filme na metade sem nem pensar duas vezes, e então ficamos até o final para ver se realmente era o que esperávamos ver. Ou seja, o diretor trabalhou bem os elementos subjetivos para ir criando a tensão, e ir deixando tudo em segundo plano para que o espectador fosse montando sua própria história na mente, que poderia ser certa ou não, poderia ser o mesmo que a protagonista pensava ter ocorrido, poderia ser inúmeras coisas, mas o fechamento acaba sendo básico e direto, o que faz com que todo o sono perdido e cansativo que acabaram nos montando foi para nada além. Não é um filme problemático, não é um filme que você vai ficar lembrando, e muito menos a forma que foi feito/produzido por Ridley Scott (que vem numa leva de filmes bem ruins!) é daquelas que vamos nos emocionar com um Japão muito bem trabalhado, com cenas fotografadas e reveladas com minúcias, ou seja, é um filme extremamente fraco, chato, e que nem tem como defender.
Sobre as atuações, acredito que Alicia Vikander precisou estudar tanto para falar japonês, decorando as frases difíceis, e tudo mais, que mesmo que seja contado todos os problemas pessoais mórbidos que passou, acabou entregando uma Lucy Fly tão sem sal, tão inexpressiva, tão fraca, que ficamos pensando: será que é a mesma atriz que conhecemos? De forma que é melhor ela voltar pros filmes de ação, senão logo será esquecida pelo público, e pelos diretores. Naoki Kobayashi da mesma forma entrega o misterioso Teiji, que de cara já sabemos que é problemático, estranho e que não podemos confiar, mas parece que isso é um fetiche de mulheres, então a personagem se apaixona pela essência estranha do cara, e ele vai e faz tudo com muito impacto, e até chama atenção, mas seu mistério poderia ter ido mais além, e isso o filme o boicotou, e ele não deslanchou também. Riley Keough tentou ser carismática com sua Lily, mas aparenta ser mais intrometida do que tudo, e claro que o fechamento que fica na cabeça da protagonista é interessante pela culpa, mas como a moça entrega uma personagem vazia de ideias e exagerada, não ligaria não, mas ao menos a jovem se saiu bem. Quanto dos demais atores japoneses, diria que todos foram simples demais, sem muitas expressões também, e não mudaram nada no rumo do filme, ou seja, se fosse filmado na África do Sul, o longa seria o mesmo.
Visualmente a trama passa por locações interessantes pela beleza exótica, e também para dar o tom de mistério para o filme, de modo que vemos muitos lugares escuros, exóticos, e com pegadas bem interessantes para as fotos em preto e branco do protagonista, brincando bastante com sombras e elementos imóveis, aliás a própria protagonista é quase um objeto cênico que chega a ser quase um abajur miniatura em cena, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem os lugares para que o filme tivesse conteúdo, principalmente para tentar enganar o público, mas nada muito chamativo, e o resultado apenas funciona para o fechamento da trama, e nada mais.
Enfim, acho que falei até demais de um filme que não mereceria nem um parágrafo, pois é muito morto, quase sem nuance alguma, tendo apenas como interessante as cenas das mortes, que são poucas, mas bem narradas e/ou mostradas, e sendo assim, não recomendo o filme de modo algum para ninguém, pois são 107 minutos de enrolação que facilmente caberia em um curta-metragem simples e bem mais eficiente. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com algum texto de um filme melhor, afinal isso é bem fácil se comparado com essa bomba.
PS: A nota até foi razoável pela boa amarração que faz com que o público fique esperando algo a mais, mas não necessitava tanto.
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