O que você estaria fazendo se não tivesse energia elétrica agora para estar lendo esse texto? Não consigo nem imaginar para poder responder a pergunta! Pois bem, lá no finzinho do século XIX tivemos uma batalha imensa entre três grandes homens para ver quem iria iluminar todo os EUA, e claro depois o planeta todo, e só de imaginar como contar toda essa história incrível já daria um longa-metragem perfeito, mas claro que para isso precisavam também inserir um pouco a história de Thomas Edison, um grandioso inventor de muitas coisas incríveis, inclusive uma que sem ela hoje nem estaria vendo todos esses grandes filmes: o cinematógrafo, ou projetor como acabou virando depois pelas mãos de diversos outros grandes nomes. Mas não bastava apenas todas essas interações que só Edison já garantiria um filme, precisaram colocar a grande briga entre os três nomes, e aí o problema caiu nas costas do roteirista, pois a trama acabou envolvendo tantos problemas da Física, como corrente contínua e corrente alternada, tentou explicar diversas formas de fabricação de lâmpadas, entrou na criação da cadeira elétrica, e tantos outros atos, que junto de um ritmo bem lento acabamos nos perdendo aonde desejavam nos colocar, e como resultado, um filme que tinha tudo para ser esplêndido, afinal tem uma história interessante, ótimos atores e um design de época cheio de detalhes, acabou virando algo que pouquíssimos irão curtir, e isso é muito ruim, pois certamente não queriam deixar a trama tão confusa, mas só quem lembrar bem do que viu na época do ensino médio nas aulas de Física, acabará entendendo algo a mais além de uma briga de dois homens sobre qual luz usar: a branquinha ou a avermelhada.
O longa que é ambientado no final do século XIX, nos mostra o que foi a Guerra das Correntes, que foi uma disputa entre Thomas Edison e George Westinghouse sobre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse defendia a corrente alternada.
Diria que o maior erro do diretor Alfonso Gomez-Rejon foi olhar o roteiro cheio de detalhes de Michael Mitnick e querer mostrar tudo o que estava inserido nele, pois se o longa focasse somente na determinação dos dois homens em busca de conseguir ganhar seus dólares pelas invenções ou pela simples forma da melhor e mais barata forma de energia para ser vendida e passada para todos, mostrar a loucura que foi essa revolução de não precisar mais depender do fogo para iluminar e até usar suas máquinas e tudo mais, mas não, ele quis tentar explicar para leigos os processos da Física, tentar mostrar qual tipo de corrente era melhor, trabalhar toda a tensão em cima dos direitos e patentes, dos investidores, e tudo mais, de forma que não conseguimos entrar completamente no clima da trama em momento algum, e os atores que poderiam pegar, chamar a atenção e a responsabilidade para si apenas ficaram presos no roteiro difícil, e não conseguiram sair dali. Ou seja, é um tremendo projeto, que poderia dar muito mais ênfase em Nikola Tesla, em Thomas Edison e George Westinghouse, mostrar tudo como foi começar a ter energia nas casas, a vida deles, e tudo mais, mas se perdeu demais em tudo, e o resultado falha mais do que agrada, afinal precisaram de um ritmo mais lento para tudo funcionar, e acabou que nem isso ajudou em nada.
Sobre as atuações, temos um elenco afiadíssimo, que se tivessem em suas mãos a possibilidade de mudar o filme certamente o fariam, pois é notável em suas faces que não estavam contentes com o resultado de suas cenas, mas nem todos os filmes dão essa abertura. E sendo assim vemos um Benedict Cumberbatch mais centrado com seu Edison, e que usou bem pouco seus costumeiros olhares fortes, de forma que faz uma atuação menos exagerada, e o resultado soa simples demais para quem conhece seus papeis, ou seja, foi contido demais para alguém que costuma ser explosivo. Michael Shannon parecia querer dizer algo a mais e ficou quase mudo com seu Westinghouse, segurando tudo com olhares envolventes, e desenvolvendo mais atitude de presença do que algo mais dialogado e marcante, e isso é estranho de ver, pois ele costuma ser bem mais imponente, e aqui quase some. Nicholas Hoult entregou um Tesla cheio de possibilidades, mas que quase some com as poucas cenas que lhe foram dadas, ficando um papel simples demais para o homem que foi Tesla, e isso é triste demais de ver. Agora quem ficou bem engraçado de acompanhar foi Tom Holland, que costuma sempre fazer papeis mais jovens, e aqui como Samuel Insull precisou incorporar trejeitos mais adultos e velhos, de forma que nas cenas finais chega a ser até cômico ver ele como um empresário imponente, algo que não caiu nada bem nele, e assim, mesmo ele sendo um ótimo ator, o papel merecia alguém mais velho. E quanto aos demais, diria que todos foram enfeites, aparecendo um pouco na trama, incorporando um ou outro ato, mas nada que funcionasse realmente para o filme, tendo leves destaques para as mulheres dos protagonistas vividas por Tuppence Middleton e Katherine Waterston.
O conceito visual da trama foi muito bem trabalhado, afinal estamos falando de um filme de época, e nesse quesito sempre acabam colocando muitos elementos cênicos representativos, objetos interessantes para compor os ambientes, e claro aqui como estávamos falando de inventores, acabamos vendo muitas das invenções deles ao redor das cenas, o que é muito legal de observar, vemos muito do uso do vapor e do gás nas coisas de Westinghouse, vemos o fonógrafo e o cinematógrafo de Edison, entre outros, que junto de figurinos bem clássicos acabaram resultando em um filme charmoso de ver. Agora um pouco que talvez pudessem ter melhorado foi a questão de se estamos falando de um filme envolvendo iluminação, pecaram bastante na fotografia da trama, entregando um longa bem escuro, com algumas cenas que quase não vemos nada na telona, outras com detalhes fracos de trabalhar, de modo que poderiam ter ousado bem mais nesse quesito, mesmo que fosse para trabalhar o lado das sombras/escuridão como um elemento da trama, mas nem isso acabaram fazendo.
Enfim, é um bom filme, com uma proposta excelente, mas que tem tantos defeitos que infelizmente não temos como poder recomendar com toda força o longa, de modo que só quem gostar muito de Física talvez consiga ligar bem os pontos da história e se envolver um pouco mais com o que é mostrado da tela, ou seja, pouco público, assim como a quantidade de pessoas na sessão. Ou seja, volto a frisar que a história inteira é interessante, mas que faltou ousadia de todas as partes para o resultado ir além. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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