Sabe aquele filme que você vai conferir já preparado para o pior e que a chance de ser ruim é alta? Tinha prometido que não iria mais ver nenhum com pessimismo e sempre chego nas sessões pronto para ver algo bom dentro de uma trama, mas tem vezes que não dá, e de cara o egípcio "Carta Registrada" nos entrega tantas pausas cênicas que parece que nem terá fôlego suficiente para chegar na metade da trama, quanto mais até o final, e para ajudar não mostra o motivo do nome. Mas claro que ficamos esperando algo a mais, vemos os diversos atos da jovem precisando de ajuda e ninguém indo ao seu rumo, vemos as situações acontecendo, e tome mais respiro cênico, continuamos acompanhando a protagonista em seus momentos, tentando se recuperar de tudo, sofre mais um pouco, e mais pausa cênica, ou seja, se você não dormir ou então conseguir sobreviver a toda essa lentidão que o filme entrega, talvez no final você já chegue preparado para saber que o filme acabará com uma cena abstrata jogada, que nem no pior sonho gostaríamos de ver, e assim sendo, o resultado é ruim, cansativo, e não merece o tempo gasto na sala do cinema.
O longa nos mostra que na movimentada capital egípcia do Cairo, Hala apenas respira. Do lado de fora de seu apartamento, a vida das pessoas está constantemente avançando, mas ela está presa dentro de sua própria mente. Hala está lutando contra as pressões de ser uma nova mãe, ainda lamentando a morte de seu pai e lutando com pensamentos sombrios. A vida de Hala é lançada em um caos ainda maior quando seu marido é preso após problemas burocráticos. Um dia, ela encontra uma carta misteriosa que, quando aberta, oferece a ela uma nova perspectiva.
Diria que talvez a trama faça até mais sentido para pessoas que possuem tendências suicidas, ou que já tiveram algum caso semelhante, do que para o grupo comum que apenas foi conferir um longa chamativo que raramente apareceria em um circuito comercial, mas posso dizer também que o diretor Hisham Saqr soube encontrar em meio ao caos uma forma mais ampla de defender essas pessoas, da falta de carinho dos amigos e familiares para com eles, e até do desespero que chega a bater na própria pessoa quando tudo que já está ruim vai piorando, porém se ele tivesse mantido essa ideia e criado vértices mais dinâmicos, tivesse brincado mais com as cartas, criasse atitudes em cima de tudo, o resultado seria muito melhor e mais dinâmico, e o que mais desanima é ver que antes de estar estreando como diretor e roteirista, ele foi montador de diversos outros filmes, e aqui o maior erro da trama é a montagem com exageradas pausas e respiros. Ou seja, falhou exatamente aonde conhece mais, e o resultado ficou desanimador de conferir.
Não é fácil dizer que a protagonista conseguiu chamar tanta atenção para o problema, tanto que precisei saber mais por parte da sinopse que li após chegar em casa, do que propriamente pelo filme o tema passado por ela, mas ainda assim Basma conseguiu trabalhar bem os olhares desesperados de sua Hala, chamou o envolvimento para si, e trabalhou bem diversos momentos, mas certamente poderia ter encontrado formas melhores de refletir o problema que o filme tanto desejava mostrar, e assim ajudar o diretor estreante, pois a junção desses problemas fez com que ela como uma atriz bem conhecida no Egito ficasse fraca demais no longa, e certamente não era isso que desejava passar. E se a protagonista saiu mal na fita, então é melhor nem falar do restante, que parecia estar fazendo suas coisas comuns e a câmera passando por lá, inclusive tem uma cena que ocorre exatamente isso da câmera passar e a pessoa ao fundo aparecer sem vestimenta alguma do longa, que certamente era um passante que viu as filmagens e ficou.
O longa não entrega grandes anseios visuais também, sendo bem simples, tendo algumas passagens pelo apartamento do casal, algumas idas no apartamento da vizinha e amiga, outras no apartamento da mãe, e alguns atos num tribunal e num banco, mas sempre com uma câmera tão próxima e fechada, que nem sabemos realmente o que tem ao redor em cada um dos locais, de modo que quase parece que o filme foi rodado com uma câmera na mão de uma pessoa bem próxima dos atores, e isso é algo que chega a ser quase claustrofóbico, e sem razões aparentes, mas não chega a ser um grandioso problema, afinal todo o restante já é desconsertado.
Enfim é daqueles filmes que até torcemos no miolo para ter um final surpreendente, que a reviravolta cause algo a mais, mas infelizmente o resultado é algo que leva nada a lugar algum, e isso não é gostoso de ver, e muito menos de se recomendar para alguém, e sendo assim, é melhor conferir qualquer outro filme do que perder tempo na sessão desse. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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